Navegando por Autor "CARNEIRO, Marcelo da Silva"
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Item A compaixão no Dêutero-Isaías e no Dalai Lama, Além da Religião(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-09-03) RAICHART, Jonathan Jesse; CARNEIRO, Marcelo da SilvaDêutero-Isaías apresenta um aspecto compassivo de YHWH. O 14º Dalai Lama – uma figura proeminente do budismo tibetano Geluk e vencedor do Prêmio Nobel da Paz – enfatiza a compaixão como um elemento fundamental da sua “ética universal”. Este trabalho examina primeiro a apresentação da compaixão pelo Dalai Lama em Além da Religião, concentrando-se em como ele a caracteriza e descreve com base nos ensinamentos de Tsongkhapa, o fundador da tradição Geluk. A educação do Dalai Lama no budismo tibetano e a sua subsequente defesa global da paz e do diálogo inter-religioso sublinham a importância do seu trabalho. A seguir, são exploradas as caracterizações e descrições de Dêutero-Isaías da face compassiva de YHWH, empregando uma exegese da perícope 49:8-21, que é rica em compaixão. Estas passagens bíblicas, compostas durante o exílio babilônico, fornecem uma fonte para a compreensão da compaixão divina, das promessas de vindicação de YHWH e do seu desejo de resgatar os israelitas sofredores e, por extensão, a humanidade em geral. Por fim, é apresentado o princípio pluralista como referencial teórico, para aproximar as caracterizações da compaixão nos ensinamentos do Dalai Lama e nos escritos do Dêutero-Isaías, tanto da perícope anterior como de Is 51:4-16. Este conceito é aplicado nas Ciências da Religião através de uma análise hermenêutica, combatendo as deficiências da religião comparada – tais como o vício de origem, e o estereótipo das religiões ocidentais como o paradigma, com as religiões não ocidentais como “outras” –, ao passo que dá tempo suficiente para apreciar as ricas e distintas nuances de cada sistema, tratando-os como iguais na mesa de discussão. Esta dissertação aborda os desafios de conciliar a compaixão defendida pelo Dalai Lama em Além da Religião com a face compassiva de YHWH em Dêutero-Isaías. Enquanto o Dalai Lama pretende estabelecer uma ética universal baseada na compaixão, o Dêutero-Isaías oferece uma perspectiva profética do Antigo Israel sobre a compaixão divina, que conduz à salvação. A questão central é se estas duas abordagens distintas da compaixão podem servir de base para o diálogo e a compreensão, particularmente como um caminho para reconstruir a sociedade humana. Encontram-se extensos pontos em comum, especificamente no que diz respeito à descrição da compaixão: um desejo ou uma ação para libertar os outros do sofrimento, tanto mental como físico, com este alívio resultando em felicidade e bem-estar. A compaixão é vista como permeando a justiça em Dêutero-Isaías, semelhante à justiça baseada em compaixão no Dalai Lama, com a esperança brotando da compaixão, surgindo da libertação infinita do sofrimento e da consequente felicidade duradoura em ambos. A compaixão universal é encontrada em ambos os sistemas. Numa época de tremendo sofrimento existencial nacional e global – pandemias, guerras, fome, injustiça social e destruição ambiental – a religião pode proporcionar benefícios inestimáveis, oferecendo alívio. Este trabalho discute a compaixão a partir de duas religiões do mundo, por ter o potencial de ser uma base para o diálogo inter-religioso, num esforço para aliviar o sofrimento no Brasil e no mundo, contribuindo para a reconstrução da humanidade.Item A compreensão da arte nos protestantismos brasileiros em quatro publicações - Expositor Cristão, O Estandarte, O Jornal Batista e Ultimato - no período de 1971 a 1980(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-03-19) AVILLA, Wilson Roberto; CARNEIRO, Marcelo da SilvaA presente pesquisa propõe o mapeamento do conteúdo de quatro publicações proeminentes nos meios protestantes brasileiros - O Expositor Cristão, O Estandarte, O Jornal Batista e Ultimato –, no período de 1971 a 1980, com o objetivo de compreender a relação desses segmentos (do protestantismo) com a arte. O entendimento dos fenômenos artísticos é fundamental, especialmente no âmbito do Protestantismo, em que seu uso como linguagem é tão evidente quanto as divergências sobre sua função e justificativas doutrinárias. Reconhecer a arte como uma das mais expressivas linguagens da religião possibilita a articulação de propostas integrativas nos campos da Arte e da Teologia em contextos diversos das correntes protestantes brasileiras. A atenção dada à arte pelos protestantismos brasileiros contém lacunas e é carente de definições acadêmicas. A pesquisa, de caráter religiográfico, busca contribuir para essa compreensão, e no seu propósito investigativo a busca de dados seguros para o estabelecimento de análises e/ou diagnósticos da produção sobre arte segue basicamente as seguintes etapas: a) escolha dos periódicos protestantes brasileiros; b) delimitação do período a ser pesquisado; c) mapeamento de conteúdos relacionados à arte em cada um dos periódicos; d) organização e sistematização dos dados colhidos. e) análise interpretativa dos dados. Após a organização dos dados coletados, são adotados como parâmetros de análise os pressupostos sobre arte elencados pelo Documento da Cidade do Cabo (Pacto de Lausanne). Na conjugação de conteúdos são indexados contextos, autores, conceitos e obras abrangidos. A busca por uma ‘hermenêutica das ênfases’ em cada publicação (e no conjunto delas) mostra-se reveladora, com base nas linhas de pensamento, no âmbito da religião ou da arte e suas intersecções. As conclusões possibilitam diálogos de cunho transdisciplinar entre vivências eclesiológicas e litúrgicas a partir de elementos da compreensão da arte que delas decorrerem.Item A literatura enóquica e sua recepção no protocristianismo: uma análise em Mateus 25.31-46(Universidade Metodista de São Paulo, 2023-10-23) OLIVEIRA, Marcos Felix de; CARNEIRO, Marcelo da SilvaEsta pesquisa tem como tema a relação entre a escatologia apocalíptica presente no evangelho de Mateus e a literatura enóquica, e objetiva explicar que a comunidade de Mateus percebeu Jesus como o Filho do Homem, em quem se cumprem as profecias do Dia do Senhor, ocasião em que Ele restaurará a ordem violada pelos Vigilantes, dando uma solução final ao problema do mal. A pesquisa é desenvolvida com base em fontes bibliográficas, e metodologicamente está estruturada em três capítulos. No primeiro, intenciona-se apontar a dissidência iniciada no meio sacerdotal, e que dará origem ao judaísmo enoquita, adepto de uma perspectiva religiosa apocalíptica. No segundo, estuda-se a principal obra desse movimento, o Livro de 1 Enoque, que, diferentemente do judaísmo sadoquita, explica a origem do mal como fruto da ação de anjos rebeldes que, assim agindo, violaram a ordem cósmica e introduziram o mal e o pecado no mundo. Por fim, no último, faz-se uma análise intertextual entre 1 Enoque e Mateus. Inicialmente, Jesus não restaura a ordem, mas se apresenta como emissário de Deus, superior aos poderes do mal e da morte, e guia da comunidade de Mateus como representante do verdadeiro Israel, a quem incumbe evangelizar as nações, preparando-as para o Dia do Senhor, descrito em Mt 25:31-46, quando, então, a ordem violada será finalmente restaurada e o mal eliminado. Essa pesquisa tem como ponto de relevância a demonstração de que o evangelho de Mateus não foi desenvolvido com base na Bíblia hebraica apenas, mas também na literatura apocalíptica do Segundo Templo, e que somente assim pode ser adequadamente compreendido. Deste estudo resulta a conclusão de que o vão que comumente se diz haver entre os dois Testamentos é preenchido pelas ideias contidas na literatura judaica enoquita. Com isso, defendemos que, em contraposição ao que comumente se diz, a profecia não teria se encerrado com Malaquias, sendo apontados como profetas Enoque, João Batista e Jesus.Item Com Deus não se brinca: o risível no evangelho de Marcos(Universidade Metodista de São Paulo, 2023-03-31) SANTOS, Paulo Sérgio Macedo dos; CARNEIRO, Marcelo da SilvaO objetivo central desta pesquisa é responder à questão: como identificar o riso e o risível nos textos sagrados do NT. Partimos de uma perspectiva de que as narrativas do cristia-nismo primitivo têm sua origem na cultura popular, lugar de encontro de gêneros distintos e de caraterísticas literárias irreconciliáveis. Marcos ao inaugurar o gênero “evangelho’ aponta em sua narrativa, dependente da cultura popular, todos os elementos necessários par se contar uma boa estória. O riso, no entanto, para ser identificado nas narrativas pre-sentes no texto marcano carece das contribuições da neurolinguística, da psicanálise, da filosofia da história e da crítica literária. Este trabalho se preocupa tanto em construir os caminhos que o risível fez na história da cultura cristã, bem como sua diabolização na Ida-de Média, assim como este era visto por pelas três principais culturas que influenciaram na construção do cristianismo. Em Marcos, os elementos que o identificam como produção da cultura popular são visíveis nas formas e elementos que constroem a narrativa. Esse texto impregnado de “cansaço”, de aliterações, é também possuidor de ironias e sarcasmo, como um autêntico produto do encontro de universos distintos e da união de estilos e gêneros igualmente distintos. Neste ambiente de encontro, no qual barreiras sociais são transpostas, os gêneros literários são imbricados, coexistindo mutuamente, destituindo de sentido as dicotomias artificialmente impostas. Ultrapassado este limite imposto por uma leitura tra-dicional dos textos sagrados, principalmente dos que foram canonizados, escapando da tradicional interpretação de que o riso nada mais é que uma falha moral, este surge como elemento substancial para a compreensão tanto das narrativas existentes no Evangelho de Marcos, bem como elemento formador e originário do cristianismo. A solidificação do cristianismo como padrão religioso, acabou por diabolizar este riso e, permitindo-o apenas por escárnio ao demônio visto que a ideia medieval era de que Cristo nunca riu. Isso foi necessário para que o cristianismo surgisse como força dominadora e que colaborasse para a ideia de divisão maniqueísta da realidade imposta pelas dicotomias sério/risonho; al-to/baixo; grotesco/sublime; sagrado/profano, isentando a literatura de contato com a reali-dade do entorno. Realidade de fala, de influencias culturais e linguísticas e de povo. Isen-tar o sagrado do riso foi uma alternativa para impô-lo como religião.Item Crer e legislar: religiosidade e atuação política da deputada federal evangélica Benedita da Silva(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-03-25) SANTOS, Eder William dos; SOUZA, Sandra Duarte de; CARNEIRO, Marcelo da SilvaEsta pesquisa trata da relação entre religiosidade e atuação política da deputada federal evangélica, Benedita da Silva, no período de 1987 a 2022. A análise foi feita desde o uso do termo interseccionalidade como uma perspectiva teórico-metodológica para os estudos de religião, especialmente para os Programas de Pós-Graduação em Ciências da Religião no Brasil. Perpassando pela investigação da sub-representação de gênero, raça e classe no Congresso Nacional brasileiro. Bem como pela pesquisa referente aos atravessamentos interseccionais em Benedita. Além de analisar a atuação política durante cinco mandatos como deputada. O objetivo principal da pesquisa é o de caracterizar e analisar a atuação da deputada federal evangélica, Benedita da Silva, durante os seus cinco mandatos, no que diz respeito às questões de gênero, raça e classe que envolvem tal atuação, e entender como a parlamentar negocia com sua religiosidade em seu fazer político. Nossa hipótese sobre a atuação política da Deputada Benedita da Silva demonstrou que durante os seus cinco mandatos foi de uma relativa autonomia em relação a sua confissão religiosa e, de igual modo, perante a sua instituição evangélica onde é membra. Por meio da combinação de diferentes metodologias aplicadas em cada capítulo, quais sejam, revisão bibliográfica, análise documental do portal da Câmara dos Deputados para o levantamento de proposições transformadas em normas jurídicas, acesso ao sítio e redes sociais da deputada, e pesquisa de campo com a realização de uma entrevista presencial com a parlamentar, apresentamos gênero, raça e classe como centralidade da categoria interseccional. Concluímos que a participação política da deputada no Parlamento, não anula a sua religiosidade, e a sua religiosidade provavelmente não interfere em sua atuação na vida política formal.Item Ecos da violência na antiguidade: religião, poder e legitimação no contexto bíblico(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-06) SILVA, Glauce de Oliveira Santos da; CARNEIRO, Marcelo da SilvaA presente pesquisa tem como objetivo investigar a adoração a Yhwh no início do Israel Norte, com ênfase no período pré-estatal, em que o culto era realizado por famílias e clãs de forma descentralizada. Busca-se compreender o momento em que a adoração a Yhwh começou a ganhar destaque nesse contexto e como as dinâmicas de opressão e violência moldaram a formação dessa comunidade. A análise se baseará na exegese de 2 Reis 10.18-31, para avaliar a extensão da reestruturação religiosa promovida por Jeú, destacando como a adoração a divindades familiares persistiu mesmo após essa reforma. O estudo investigará a violência exercida contra os sacerdotes, profetas e adoradores de Baal, enfatizando como os autores deuteronomistas justificaram esses atos brutais como cumprimentos da vontade divina. Além disso, a pesquisa examinará o papel da violência nos primórdios dos textos bíblicos, culminando na extinção do culto à Deusa Asherah e no silenciamento das sacerdotisas sagradas, revelando as dinâmicas de poder e repressão que marcaram esse período. A pesquisa será organizada em três tópicos principais: (1) O início da adoração a Yhwh no Israel Norte, analisando o contexto sociocultural e religioso dessa prática pré-estatal; (2) A reestruturação religiosa promovida por Jeú, com base na exegese de 2 Reis 10.18-31, explorando os aspectos de violência e repressão associados a essa reforma; (3) Violência, Poder e Silenciamento, abordando a opressão institucionalizada, em diversas camadas incluindo o encerramento ao culto oficial à Deusa Asherah e a marginalização das sacerdotisas sagradas. Por meio dessa abordagem, o estudo busca oferecer uma compreensão mais profunda sobre a violência no contexto da formação de Israel e as suas implicações socioculturais e religiosas.Item Entre o estranho e o extraordinário: os grotescos nos Atos Apócrifos de Filipe(Universidade Metodista de São Paulo, 2023-03-20) SOARES, Elizangela Aparecida; CARNEIRO, Marcelo da SilvaEste trabalho tem como objeto os Atos de Filipe, texto cristão datado entre o fim do 4º século e início do 5º, que em algumas de suas narrativas conjuga elementos grotescos, monstruosos, fantásticos e míticos em um mundo que flutua entre o real e o onírico. Trata-se de um escrito subestudado, relegado à sombra dos Atos Apócrifos dos Apósto- los classificados como os principais ou da primeira geração (João, Pedro, André, Paulo e Tomé). A pesquisa parte do pressuposto de que um texto como os Atos de Filipe é problemático para os métodos tradicionais, haja vista que o seu “excesso de imagina- ção” deixa pouco espaço para objetividades. Por outro lado, concebe que é justamente esse excesso de imaginação que caracteriza a riqueza da obra e propõe abeirá-la a partir desses mesmos elementos que a marginalizam. Para tanto, elege como abordagem o que vem sendo construído como uma espécie de teoria do grotesco no campo da arte e da literatura. Por meio do mapeamento e análise de quatro subcategorias no domínio do grotesco nos Atos de Filipe (monstro/monstruoso, corpo grotesco, abjeto e o inquietante), a pesquisa visa a explorar o potencial do grotesco como um modo de ler que confere valor simbólico, religioso e cultural a elementos geralmente abandonados pelos métodos convencionais, assumindo-os como chaves de leitura carregadas de significado. Decorre dessas considerações a tese segundo a qual as configurações do grotesco presentes nos Atos de Filipe fornecem um mecanismo de leitura para o texto. Elas possibilitam inferir a idealização de uma cosmovisão que perpassa a narrativa, bem como observar a apresentação e a defesa de modelos de representação, de existência e de relações que convergem para essa visão de mundo: formas de perceber e de experimentar o outro, a si mesmo e a realidade.Item Fé e identidade cristã em Justino Mártir: releituras do sábado e circuncisão na obra Diálogo com Trifão e outros escritos(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-03-26) SILVA, José do Carmo da; CARNEIRO, Marcelo da SilvaA presente pesquisa tem como objetivo analisar a construção da fé e da identidade cristã no cristianismo primitivo a partir da atuação de Justino Mártir (100-165 d.C.). Para isso, realiza-se uma análise de trechos selecionados de sua obra Diálogo com o Judeu Trifão, considerando o contexto de embates teológicos e disputas identitárias no século II d.C. O foco recai sobre as releituras de Justino de dois dos principais marcadores identitários do judaísmo: a circuncisão, e o sábado. Embora esses elementos já fossem centrais na identidade judaica desde o exílio babilônico, sua importância se acentuou após a destruição do Segundo Templo, tornando-se distintivos fundamentais do judaísmo rabínico. Assim, busca-se compreender como esses marcadores foram reforçados na história judaica e os desafios enfrentados por esse grupo na sua preservação. A partir dessa base histórica, investiga-se o propósito de Justino ao ressignificar tais referenciais, bem como os impactos de suas interpretações na relação entre o judaísmo rabínico e o judeu-cristianismo. A pesquisa evidencia que as releituras justinianas desses preceitos não apenas redefiniram a identidade cristã, mas também contribuíram para o avanço do processo de separação entre ambas as tradições religiosas.Item Literatura, linguagem e dialogismo nos cristianismos primitivos: uma análise sêmio-discursiva em João 4.1-42(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-12-15) CARVALHO JÚNIOR, Josemir José de; CARNEIRO, Marcelo da SilvaEsta pesquisa busca se juntar a um vasto e ainda promissor caminho metodológico que se apoia na interface entre Bíblia e Literatura, trazendo para o texto da Comunidade do Discípulo Amado, especificamente João 4.1-42, o método exegético sêmio-discursivo, uma vez que entendemos ser uma perícope significativa para a comunidad´pe joanina (e cristianismo primitivo como um todo) por carregar valores e identidades comunitárias importantes. É indispensável, portanto, esclarecer a partir de que conceito de literatura e de Bíblia nos apoiamos e quais pressupostos assumimos sobre as primeiras décadas do movimento de Jesus. Olhamos para aquele movimento como uma multiplicidade de ambientes semiosféricos, onde memórias e tradições interagem, criam-se e se recriam em literatura oral, até se consolidarem em forma de texto escrito. O fazer literário é da natureza das origens do cristianismo e se dava na interação de memórias, sendo assim, aspectos fundamentais da língua como o dialogismo proposto por Mikhail Bakhtin precisam ser considerados na análise daqueles textos. Consequentemente, se podemos fazer essa aproximação, já muito feita nas exegeses, vale dizer, propomos também uma investigação a partir de outro conceito bakhtiniano: o da polifonia, não somente como uma junção de vozes comunitárias, mas como essas vozes se apresentam textualmente.Item Memória institucional narrativa identitária e ética social: igreja e socie-dade na perspectiva do discernimento moral da Igreja Metodista [do Brasil] (1928-1934 e 1979-1982)(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-10-28) NOGUEIRA, Hélerson Alves; CARNEIRO, Marcelo da SilvaEssa tese propõe investigar a memória institucional moral e ética da Igreja Metodista [do Brasil] entre os anos de 1928-1934 e 1979-1982, baseada em textos do Jornal Expositor Cristão, orgão de imprensa oficial da denominação no Brasil, bem como as diversas revistas de grupos societários e de educação cristã. Nossa hipótese é que, no cerne da articulação moral e ética, encontram-se as evidências empíricas que legitimam a constituição de uma identidade narrativa, ao passo em que se estabelece uma autoconsciência reguladora para a vida e a missão da Igreja metodista no seio da sociedade brasileira. A tese proposta se justifica pela ausência de uma análise ampla e mais técnica do campo moral e ético, apresentado pela memória institucional dessa Igreja e, sua originalidade, reside na análise dos temas encontradas segundo seu foco em diferentes âmbitos ou esferas (pessoal, institucional e social) e nos modos distintos aplicados (deontológico, teleológico, da pessoa e da situação), assim como de suas variações. Como referencial teórico para as concepções da memória e memória institucional, escolhemos M. Halbwachs e I. Thiesen; como referencial téorico para o entendimento dos campos da moral e da ética, partimos de livros clássicos de J.Bentham; J. Stuart Mill, I. Kant, M. Weber e J. Fletcher, a partir da sua observação nas éticas teológicas disponíveis na biblioteca da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista e, também, nas éticas escritas pelos metodistas J. Miguez Bonino, P. Velasques Filho, R. H. May e H. Renders. Como método, primeiro esclarecemos a nossa compreensão de memória institucional e, depois, investigamos a literatura ética à disposição na referida biblioteca. Assim, esclarecendo dessa forma tanto os momentos dessa reflexão em cada época indicada, bem como as tendênias à disposição, prosseguimos a partir do levantamento dos temas encontrados através da análise dos âmbitos e esferas contemplados nos modos de raciocínio ético e moral usados. Concluimos que a identidade institucional moral e ética, projetada pela memória institucional, integrava uma visão robusta da promoção do bem-estar na sociedade, sob análise do impacto mútuo entre âmbitos e esferas a partir do uso variado de modos, incluindo um tipo de antecipação do modo situacional por meio da ênfase na ética do amor.Item O discurso de fé do cristianismo primitivo: análise comparativa das epístolas de hebreus e romanos(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-09-13) SILVA, Sergio Carlos; CARNEIRO, Marcelo da SilvaA presente pesquisa tem o objetivo de apresentar a análise do discurso de fé, presente no cristianismo primitivo, realizando comparações entre os escritos literários do Novo Testamento bíblico. Na análise comparativa, a pesquisa usará as epístolas aos Hebreus e Romanos. Sendo as epístolas do Novo Testamento desenvolvidas por seus autores para destinatários inseridos dentro de um contexto plural greco-romano do primeiro século, a abordagem resumida desses escritos se torna necessária para a pesquisa comparativa. A abordagem dos escritos do autor mais influente do Novo Testamento, ou seja, Paulo, é importante para o conhecer o pensamento desse influente autor. Sendo a epístola aos Romanos seu maior escrito na literatura neotestamentária e provavelmente com o maior peso teológico em comparação com outros de seus escritos torna-se importante para a pesquisa. Paulo, na epístola aos Romanos, aborda a fé de maneira ampla, talvez entre os seus escritos é a que mais se aprofunda no discurso de fé. A epístola aos Hebreus, pela qual não há a certeza de sua autoria, torna-se uma importante obra, também com certo peso teológico para o cristianismo, sendo esse escrito necessário para a abordagem da fé cristã. Recebendo influências da cultura e literatura greco-romana, alguns autores dos escritos do Novo Testamento usaram da arte retórica para abordar os seus destinatários, e as epístolas aos Hebreus e Romanos possuem essas características retóricas, e notamos o uso dessa arte nos discursos de fé presentes nessas epístolas. Nas abordagens dos discursos de fé dos textos pesquisados na epístola aos Romanos (1,16-17; 3,21-31; 5,1-5), Paulo preocupa-se em demonstrar a importância da fé na vida de seus destinatários. O autor da epístola aos Hebreus, nos textos pesquisados (11,1-3; 12,1-3), em seu discurso de fé procura incentivar os seus destinatários em sua caminhada cristã. Sobre a questão do discurso de fé, poderia haver semelhanças e diferenças entre o pensamento paulino e o pensamento da epístola aos Hebreus. As semelhanças poderiam apontar para uma provável autoria paulina ou influencia paulina na questão do discurso de fé.Item O filho do homem é senhor do sábado: memória e identidade nos evangelhos sinóticos(Universidade Metodista de São Paulo, 2014-10-20) CARNEIRO, Marcelo da Silva; GARCIA, Paulo RobertoEsta pesquisa versa sobre memória e identidade nos Evangelhos Sinóticos, à luz de Mc 2.23-28, Mt 12.1-8 e Lc 6.1-5, que trata do conflito entre Jesus e os fariseus sobre pegar espigas num campo em dia de Sábado. Procura-se demonstrar que as narrativas dos evangelhos são indiciárias da identidade das comunidades que as geraram, no mundo greco-romano, onde oralidade e textualidade tinham a mesma influência. Para tanto, será estudada a memória coletiva como formadora da tradição oral, bem como da relação entre oralidade e textualidade nas narrativas e memórias dos Evangelhos Sinóticos. A escolha da perícope se justifica pelos textos indicarem uma identidade vinculada à cultura judaica, onde o Sábado era um dos marcos identitários mais importantes dos judaísmos do séc. 1 d.C. Desse modo as comunidades protocristãs tinham argumentos para se defender de acusações e ao mesmo tempo estabelecer fronteiras para definir o seu lugar em relação aos demais grupos intrajudaicos. Por fim, na elaboração de seu documento, cada comunidade optou por um gênero literário específico, mais adequado ao objetivo de seu texto. Torna-se possível, desse modo, identificar qual Evangelho está mais vinculado ao ambiente judaico e qual deles está mais distante. Em suas narrativas, os evangelistas desejam afirmar também quem é Jesus para a comunidade, estabelecendo assim sua identidade messiânica. Na perícope em questão, o dito mais importante é o que afirma que Jesus – o Filho do Homem - é Senhor do Sábado. Jesus passa a ser o protótipo da comunidade, enquanto os fariseus, adversários de Jesus, passam a representar aqueles não tem qualquer preocupação com o próximo, tentando se justificar pela observância rigorosa da Lei mosaica.Item O reinado de Ezequias: o estado de Judá a partir de 2 crônicas e da arqueologia(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-21) VICENTE, Thiago Guimarães; CARNEIRO, Marcelo da SilvaNesta tese, investigamos a história da pesquisa sobre o livro de Crônicas, a exegese de 2Cr 32.27-30 e a riqueza associada ao reinado de Ezequias. Defendemos quatro hipóteses, de caráter empírico e teórico: (1) 2Cr 32.27-30 constitui um relato bíblico exclusivo que detalha a riqueza de Ezequias; (2) a arqueologia da Idade do Ferro IIB pode corroborar a riqueza descrita em 2Cr 32.27-30; (3) o texto é um relato historicamente admissível para a construção da história judaísta; (4) 2Cr 32.27-30 está possivelmente vinculado a uma fonte extrabíblica escrita no final da Idade do Ferro IIB ou início da Idade do Ferro IIC (aproximadamente 750 a 650 AEC). Com vistas a atender aos objetivos teóricos, realizamos uma revisão bibliográfica sobre o estado da pesquisa do livro de Crônicas, buscando avaliar sua viabilidade como fonte histórica de Judá. Constatamos que o livro de Crônicas é uma obra literária retórica que reflete diversas fontes, como o Pentateuco, a historiografia deuteronomista, textos bíblicos e materiais externos. Sua historicidade expressa a religião de Judá por meio de uma perspectiva histórica obscura, além de promover uma nova identidade para a comunidade judaísta pós-exílica do período persa. Assim, torna-se necessária a análise individual de cada passagem, especialmente daquelas contendo fontes extrabíblicas, para a construção de uma história judaísta fundamentada. Com base nesse quadro teórico, selecionamos a perícope de 2Cr 32.27-30 para uma análise exegética empírica, dado que a riqueza material nela descrita permite uma verificação arqueológica. Identificamos 5 empreendimentos e 14 itens associados a Ezequias, estabelecendo um reinado ideal, comparável ao de Salomão e Davi, caracterizado por sucesso, honra e riqueza como resultado da benção divina de YHWH, fruto das reformas religiosas descritas em 2Cr 29-31. Reconhecendo o questionamento histórico do livro de Crônicas, aprofundamos a análise teórica e empírica. Na dimensão teórica, desenvolvemos dois enfoques: (1) propusemos uma nova categoria literária: “lista literária de narrativa histórica inventarial”; (2) definimos riqueza como uma construção cultural, delimitando o próprio livro de Crônicas como parâmetro. As seguintes análises empíricas foram conduzidas em três frentes: (1) observamos um uso quantitativamente significativo de termos relacionados à riqueza em 2Cr 32.27-30, o que contribui para a ênfase na grandiosidade do reinado de Ezequias em comparação a outros reis de Israel e Judá; (2) uma análise comparativa com Is 39.2 e 2Rs 20.13,20 revelou que, embora igualmente tratem da riqueza de Ezequias, a narrativa cronista é distinta e não usou desses relatos bíblicos como fonte; (3) o exame da cultura material da Idade do Ferro IIB revelou uma correspondência entre os 5 empreendimentos e os 14 itens descritos em 2Cr 32.27-30, destacando a representação da riqueza de Ezequias no relato. Esse aspecto evidencia o objetivo narrativo de persuadir e reforçar a reconstrução da identidade da comunidade pós-exílica no período persa.Item O Todo no fragmento: por uma teologia estética em Bruno Forte(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-11-29) PAIXÃO, Cleber Eduardo da; CARNEIRO, Marcelo da SilvaNa presente pesquisa busco explicitar a Estética Teológica na obra de Bruno Forte. Quero trabalhar nessa dissertação algo que é caro para o autor pesquisado, que é o Todo e o Fragmento. Vou trabalhar o autor na perspectiva não só teológica, mas também tendo o sagrado como chave hermenêutica. Para o teólogo Napolitano o Belo é o Todo no fragmento, essa beleza divina é entrevista na condição kenótica do Filho de Deus, esse movimento do advento é a possibilidade de entrever o infinito habitando naquilo que é mínimo. O crucificado é abreviação da eternidade no tempo, do infinito no finito, A ocultação Kenótica de Deus dá lugar à autonomia da criatura e, assim, abre a possibilidade da aliança. Na Encarnação, manifesta-se a profundidade divina do devir humano, habitado pela Trindade. Em particular, a kenosis do Filho na Cruz manifesta a Beleza Divina, no Deus Crucificado é a forma e o esplendor da eternidade no tempo, na cruz o Verbum abbreviatum, a kenosis do Verbo eterno revela a beleza como mínimo infinito.Item O uso do logos: um estudo a partir do judaísmo do segundo templo, do mundo greco-romano e do prólogo joanino 1.1-18(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-07-28) RODRIGUES, Antônio Teles; CARNEIRO, Marcelo da SilvaAo longo da história da pesquisa bíblica na academia, o conceito “logos”, no prólogo do Quarto Evangelho, tem sido constantemente relacionado com as narrativas de Gênesis 1.1-2.4a e com o pensamento do mundo greco-romano. Entretanto, ao se buscar o termo logos na primeira narrativa da criação, surpreendentemente ele não será encontrado. De modo semelhante, quando se pergunta pela pré-existência ou pela encarnação do logos no mundo greco-romano, descobre- se que esses dois aspectos inexistem na literatura a respeito do tema. Por essas razões, a presente pesquisa assumiu a hipótese de que a concepção do logos, conforme o prólogo do QE, vincula- se ao judaísmo do Segundo Templo, pois, se o termo, enquanto instrumento de criação, está ausente em Gênesis, aparecendo somente a partir da tradição Sapiencial, sobretudo nos Salmos; e se o emprego do logos no mundo greco-romano não revela intertextualidades suficientes com o logos joanino, pode-se pensar que João tenha recorrido ao judaísmo do Segundo Templo para adotar ou desenvolver uma nova maneira de abordar o conceito. Isto posto, o presente estudo tem como objetivo verificar a aplicação do conceito do logos no prólogo do QE. A metodologia adotada para a realização desta pesquisa consistiu na revisão bibliográfica, que levou em conta os diversos estudos realizados sobre o tema, e o estudo exegético-crítico do prólogo joanino (Jo 1.1-18), a partir do Novo Testamento Grego (28ª. edição Nestle-Aland) e outras versões dos textos bíblicos, como a Septuaginta, a Vulgata Latina, a Bíblia Hebraica (BHS) e os manuscritos de Qumrã, bem como outros referenciais e escritos apócrifos, que ajudaram a compor o material para a elaboração de uma exegese crítica. Os resultados encontrados indicam que, no decurso da história atinente às pesquisas acadêmicas sobre o logos joanino, ele foi amplamente correlacionado a Gênesis 1 e ao mundo greco-romano. Entretanto, a conclusão obtida nesta pesquisa é diferente, não somente em termos de pano de fundo ou intertextualidade, mas, sobretudo, no que diz respeito ao emprego do termo “logos” no prólogo do QE.Item Paulo e as colunas: análise indiciária do papel de Pedro no ministério do apóstolo dos gentios(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-02-20) GOMES, Silvio Cezar José Pereira; CARNEIRO, Marcelo da SilvaEsta pesquisa tem o objetivo de descobrir a relação entre Paulo e as colunas, principalmente no que diz respeito ao evangelho da justificação pela fé e da pureza ritual dos gentios. Por meio da análise crítica das tradições, se procurará encontrar as raízes judaicas dessa doutrina que foi abraçada pela fé da comunidade seguidora de Jesus. Porém, a consequência dessa fé para os gentios não foi consolidada sem conflitos. O papel de Paulo é bem conhecido, nesse debate. Contudo, essa pesquisa, por meio do paradigma indiciário, procurará, na análise das cartas de Paulo, da obra lucana (Lucas e Atos) e do Evangelho de Mateus, onde estão as raízes da purificação dos gentios, como consequência dessa justificação pela fé. Colocando como suspeita a tese de que Paulo seria o grande representante dessa doutrina e encontrando em Pedro a coluna líder dos discípulos que interpretavam a graça de Jesus sobre os gentios dessa forma, esse trabalho colocará Paulo como membro desse corpo de discípulos petrinos, através de evidências e indícios, até o momento, ignorados pelas pesquisas em torno de Paulo.Item Qual a mensagem profética?: um estudo de Amós 5,1-17(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-27) BRÍTEZ FIGUEREDO, Oscar Javier; CARNEIRO, Marcelo da SilvaA presente dissertação oferece algumas sínteses sobre alguns aspectos da investigação sobre o livro do profeta Amós na pesquisa mais recente. Partindo de estudos sobre contextos históricos, estudos hermenêuticos realizar-se-á uma exegese de Amós 5,1-17. Amós foi um personagem histórico ou uma figura literária apenas? A resposta a essa pergunta é bastante intrigante e ainda não é definitiva, como se verá. Também, e sobretudo, busca-se oferecer uma resposta à pergunta: qual a mensagem do profeta? Para tal finalidade toma-se como base a já mencionada perícope. Primeiramente tentar-se-á argumentar sobre a possível unidade do texto para depois identificar e entender sua mensagem e reconhecer seu(s) destinatário(s).Item Religiosidade popular na Passio Sanctorum Perpetuae et Felicitatis(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-09-12) MATOS, Denilson da Silva; CARNEIRO, Marcelo da SilvaA recente pesquisa acerca do Cristianismo Primitivo privilegia uma abordagem que aponte para intensos processos de interação cultural entre os primeiros cristãos e a cultura greco-romana do Mediterrâneo. Essa nova abordagem contrasta com a leitura tradicional do Cristianismo Primitivo, leitura que sugere uma relativa isenção de processos sincréticos com a cultura greco-romana, privilegiando conceitos como “seita”, entre outros. Nesse caso, propomos olhar para o cristianismo primitivo como um movimento que se estabelece culturalmente por meio de interações discursivas e práticas com o seu entorno. Assim, nesta pesquisa, a partir dos conceitos de Magia e Cultura popular, propomos uma análise de práticas religiosas populares presentes na Passio Sanctorum Perpetuae et Felicitatis. Destacamos relatos que aproximam as práticas dos mártires às práticas religiosas de subalternos, com destaque para práticas consolidadas no âmbito da religião do povo, a saber, a consulta a sonhos e oráculos de diversos tipos, com a finalidade de administrar conflitos e a escassez de recursos, bem como a preparação de amuletos. A partir de um estudo comparativo entre a Passio Sanctorum Perpetuae et Felicitatis e documentos de diferentes regimes semióticos, tais como: imagens, sonhos oraculares, visões do além-mundo e manuais de magia, buscamos atestar a proximidade com as práticas populares presentes no mundo greco-romano. A pesquisa oferece, também, uma tradução e um comentário da Passio Sanctorum Perpetuae et Felicitatis, a partir de edições críticas, para o português.Item Saudade sim, tristeza também: a Pastoral das Exéquias e o direito de chorar pelos mortos(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-03-27) SOUZA, Lindolfo Alexandre de; PAULA, Blanches de; CARNEIRO, Marcelo da SilvaPode parecer óbvio que diante da morte de um ente querido a pessoa cristã tem o direito de chorar e manifestar sua situação de luto. Entretanto, quando se trata de questões ligadas ao fenômeno religioso, nem sempre o que parece óbvio encerra o debate. Nesse sentido, a presente tese tem o objetivo de investigar um discurso pastoral existente na Igreja Católica Apostólica Romana que, embora não seja hegemônico e não esteja em sintonia com a teologia oficial da instituição, se organiza a partir de uma proposta de interdição da tristeza diante do fenômeno da morte. O principal divulgador desse discurso pastoral é o padre Marcelo Rossi, a partir da criação e da divulgação do slogan “Saudade sim, tristeza não!”. Assim, com recorte na atuação da Pastoral das Exéquias, esta tese teve os objetivos de investigar a existência, na compreensão e na prática dos/as ministros/as extraordinários/as das exéquias da Arquidiocese de Campinas (SP), dessa mentalidade de interdição da tristeza na realização das celebrações das exéquias, bem como verificar se há influência do discurso pastoral em questão; pesquisar a compreensão que a Igreja Católica tem sobre a morte e a tristeza e investigar a perspectiva de interdição da tristeza presente na sociedade contemporânea. Como metodologia foram realizadas pesquisas de campo por meio de questionário e de entrevistas individuais semiestruturadas, além de pesquisa bibliográfica e documental. Para análise de parte das informações coletadas utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo (Bardin, 2016). A revisão da literatura e a aplicação da pesquisa de campo possibilitaram concluir que, de fato, o discurso pastoral mencionado exerce influência, ainda que não absoluta, nas atividades da Pastoral das Exéquias da Arquidiocese de Campinas (SP). Diante de tal constatação, este trabalho resgata que é coerente com a fé cristã-católica que a tristeza tenha seu espaço nos processos de vivência da morte de um ente querido, bem como nos processos de luto ocasionado por morte, com o destaque de que a pessoa cristã é convidada a viver esse momento à luz da esperança da ressurreição. Nesse sentido, como contraponto ao slogan “Saudade sim, tristeza não!” configurou-se o título desta tese: “Saudade sim, tristeza também: a Pastoral das Exéquias e o direito de chorar pelos mortos”. Entre os principais referenciais teóricos constam Horwitz; Wakefield (2010), Freire Filho (2010), Sung (2007), Paula (2011), Ariès (2017), Franco (2021), Casellato (2015; 2020), Torquato (2020), Blank (2000) e Josaphat (1998), bem como textos do Papa Bento XVI (2007) e do Papa Francisco (2015).Item Um Deus autóctone que emerge junto com seu povo: análise arqueológica e literária da origem de YHWH em Israel pré-monárquico(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-03-24) SYUKUR, Agustinus; KAEFER, José Ademar; CARNEIRO, Marcelo da SilvaO tema “Um Deus Autóctone que Emerge junto com seu Povo” aborda a origem de YHWH no contexto de Israel pré-monárquico, explorando tanto evidências arqueológicas quanto literárias. A análise sugere que YHWH se desenvolveu como uma divindade autóctone, emergindo em sincronia com as práticas e crenças do povo que o adorava, possivelmente os “Shasu”, mencionados nos registros egípcios do século XIV a.C., conhecidos por sua resistência ao domínio egípcio em Canaã durante o período do Bronze Tardio. Através de uma investigação das fontes arqueológicas, como cultura material e inscrições, bem como de textos bíblicos antigos, esta tese propõe que YHWH tem raízes em cultos locais de “Deus dos pais”, representados pelos terafins, em uma religião doméstica praticada pelas famílias das montanhas do planalto central da Palestina e na região central de Galaad, no norte da Transjordânia. O papel dos terafins e éfodes em vários textos bíblicos revela a prática desse tipo de culto. A possibilidade de YHWH ser um Deus autóctone, em vez de uma importação de culturas vizinhas, implica que sua adoração estava intimamente entrelaçada com a identidade e a história do seu povo. Assim, a análise destaca a importância de se compreender a evolução de YHWH não apenas como uma figura religiosa, mas como um símbolo da própria formação do povo israelita, refletindo suas lutas, vitórias e relação com a terra que habitava. Por fim, a análise sugere que a evolução de YHWH não pode ser dissociada das transformações sociais e políticas que Israel enfrentou ao longo de sua história. À medida que a monarquia se estabeleceu, a figura de YHWH passou a ser instrumentalizada para legitimar o poder dos reis, mas suas raízes permaneceram profundamente ligadas à sua origem em um mundo complexo e muitas vezes hostil.