Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião

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    (In)versões político-escatológicas no pentecostalismo brasileiro: uma análise da posição e ação política das Assembleias de Deus de 1930-1945 e 1978-1988 a partir do jornal Mensageiro da Paz
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2016-03-04) CARVALHO, Osiel Lourenço de; RIBEIRO, Claudio de Oliveira
    A presente pesquisa analisou a posição e ação política nas Assembleias de Deus do Brasil nos períodos 1930-1945 e 1978-1988. Defendemos a tese de que desde 1930 há no interior do pentecostalismo brasileiro posições e intervenções no mundo da política. Tanto no período de 1930-1945 como o de 1978-1988 nossas análises serão realizadas a partir das temporalidades discutidas por Giorgio Agamben: chronos, aiôn e kairos. No que diz respeito ao primeiro período 1930-1945, as pesquisas quase sempre vinculam o discurso escatológico do pentecostalismo a processos de alienação e não envolvimento com a política partidária. Entretanto, acredita-se que as narrativas escatológicas não foram causa de certo afastamento da esfera pública brasileira, mas sim efeito de processos de exclusão aos quais homens e mulheres de pertença pentecostal estiveram circunscritos. Doutrinas como a escatologia e a pneumatologia foram potencializadoras de processos que aqui denominamos de biopotência. Já no segundo período, de 1978-1988, a posição e a ação política que predominaram no pentecostalismo estiveram relacionadas com a biopolítica. Chamamos de capítulo intermedário ou de transição o período correspondente às datas 1946-1977. Nele descreveremos e analisaremos personalidades pentecostais de destaque no campo da política brasileira. Metodologicamente, fizemos nossa análise a partir de artigos publicados no órgão oficial de comunicação da denominação religiosa em questão, o jornal Mensageiro da Paz. Esse periódico circula desde 1930. Além dos artigos, destacamos também as autoras e os autores, todas elas e todos eles figuras de destaque no assembleianismo. Ao longo da pesquisa questionamos a ideia do apoliticismo pentecostal. Defendemos a tese de que desde 1930, que é o início de nossa pesquisa, há posição e ação política nas Assembleias de Deus. Como resultado disso, questionamos a ideia do apoliticismo pentecostal. Nossa hipótese é de que no período 1930-1945 o pentecostalismo foi um polo de biopotência. Se a biopolítica é o poder sobre a vida, a biopotência é o poder da vida. Doutrinas como a escatologia e pneumatologia contribuíram para que nos espaços marginais onde se reuniam os pentecostais fossem criados novos modelos de sociabilidade e de cooperação; eram também espaços de criação de outras narrativas e de crítica a modelos hegemônicos e excludentes. O pentecostalismo foi um movimento que promoveu a dignidade humana de sujeitos subalternos.
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    Rastros de eros: intuições sobre uma er/ética possível
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2016-08-01) MORA GRISALES, Ofir Maryuri; SOUZA, Sandra Duarte de
    Eros é uma força vital, um fluir de energia difícil de definir e emoldurar. Optei assim, por percebê-la a partir dos fragmentos, dos rastros que consegui vislumbrar no ímpeto e beleza do seu percurso nas vidas e nas relações humanas. O meu interesse pelo erótico decorreu inicialmente de algumas suspeitas concretas: o lugar periférico, quase ausente do erótico na teologia, a erotização da violência e da dominação como prática recorrente na América Latina, a racialização do erótico e finalmente uma excessiva sexualização do erotismo na cultura ocidental. Visei, pois, reconstruir o erótico desde uma perspectiva ética e transformadora. Para tanto, o caminho foi a desconstrução e a interrupção enquanto estratégias feministas e subalternas de busca por outros significados, outras práticas e inclusive outra linguagem. Tal caminho me endereçou num processo de desestabilização da compreensão hegemônica que informava teológica e simbolicamente teorias e práticas do erotismo. Teologias críticas feministas, de libertação e indecentes, caminharam junto nesse percurso errático que inevitavelmente excedeu os limites do discurso teológico. Finalmente então, propus que a er/ética seja a expressão para um novo e aberto espaço de significação e negociação do erótico, o qual só pode ser compreendido no seu potencial transgressor, na medida em que é capaz de descobrir e manter vivo o fluxo de energia que nos move, no profundo da nossa experiência corpórea, individual e coletiva e para além da dominação e da utilidade do tempo e mundo capitalista e colonial. A fragmentação da palavra coloca as fronteiras em aberto, desestabiliza os limites disciplinares, ao mesmo tempo em que cria as condições para sua relação.
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    Balaão – o que ouve as palavras de EL, tem o conhecimento de Elyon e vê a visão de Shaddai: um estudo de número 22-24
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2016-03-22) SOUZA, Geraldo de Oliveira; KAEFER, José Ademar
    A presente pesquisa busca avaliar exegeticamente o texto que se encontra na Bíblia, especificamente no livro de Números capítulos 22-24 que relata sobre um personagem conhecido como Balaão. A pesquisa tem também como objeto o estudo sobre o panteão de divindades relatado no mesmo texto, assim como também o estudo dos textos descobertos em Deir Alla, na Jordânia, que apresentam um personagem designado como Balaão, possivelmente o mesmo personagem de Nm 22-24. A motivação que levou ao desenvolvimento dessa pesquisa foi o fato de se ter deparado com os conceitos dos diversos nomes divinos exibidos no texto, além da questão do profetismo fora de Israel, assim como as possibilidades hermenêuticas que se abrem para a leitura desse texto bíblico. O conceito geral sempre foi o de que Israel era a única nação onde existiam “verdadeiros” profetas e uma adoração a um único Deus, o “monoteísmo”. O que despertou interesse foi perceber, especialmente por meio da leitura dos livros bíblicos, que o profetismo não se restringiu somente a Israel. Ele antecede à formação do antigo Israel e já existia no âmbito das terras do antigo Oriente Médio, e que Israel ainda demorou muito tempo para ser monoteísta. Quem é esse Balaão, filho de Beor? Estudaremos sobre sua pessoa e sua missão. Examinaremos os textos de Deir Alla sobre Balaão e sua natureza de personagem mediador entre o divino e o humano. Esse personagem é apresentado como um grande profeta e que era famoso como intérprete de presságios divinos. Analisaremos a importante questão sobre o panteão de deuses que são apresentados na narrativa de Balaão nomeados como: El, Elyon Elohim e Shaddai, além de Yahweh. Entendemos, a princípio, que o texto possui uma conexão com a sociedade na qual foi criado e usando da metodologia exegética, faremos uma análise da narrativa em questão, buscando compreender o sentido do texto, dentro de seu cenário histórico e social. Cenário este, que nos apresentou esse profeta, não israelita, que profere bênçãos dos deuses sobre Israel e que, além disso, pronuncia maldições sobre os inimigos desse mesmo Israel. Percebemos que, parte do texto pesquisado é apresentado sob a ótica de Israel sobre as outras nações. A pesquisa defende, portanto, que o texto de Nm 22-24, além de nos apresentar um profeta fora de Israel igual aos profetas da Bíblia, defende que, o panteão de divindades também era adorado por Israel e que tais nomes são epítetos de uma mesma divindade, no caso YHWH. Defende, também, um delineamento de um projeto de domínio político e militar de Israel sobre as nações circunvizinhas.
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    República Federativa Evangélica: uma análise de gênero sobre a laicidade no Brasil a partir da atuação dos/as parlamentares evangélicos/as no Congresso Nacional no exercício da 54ª Legislatura
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2016-03-03) COSTA, Emerson Roberto da; SOUZA, Sandra Duarte de
    Essa pesquisa objetiva a análise da relação entre religião e política, em perspectiva de gênero considerando a atuação de parlamentares evangélicos/as na 54ª Legislatura (de 2011 a 2014) e a forma de intervenção desses atores no espaço político brasileiro quanto à promulgação de leis e ao desenvolvimento de políticas públicas que contemplem, dentre outras, a regulamentação do aborto, a criminalização da homofobia, a união estável entre pessoas do mesmo sexo e os desafios oriundos dessa posição para o Estado Brasileiro que se posiciona como laico. Ora, se laico remete à ideia de neutralidade estatal em matéria religiosa, legislar legitimado por determinados princípios fundamentados em doutrinas religiosas, pode sugerir a supressão da liberdade e da igualdade, o não reconhecimento da diversidade e da pluralidade e a ausência de limites entre os interesses públicos / coletivos e privados / particulares. Os procedimentos metodológicos para o desenvolvimento dessa pesquisa fundamentam-se na análise e interpretação bibliográfica visando estabelecer a relação entre religião e política, a conceituação, qualificação e tipificação do fenômeno da laicidade; levantamento documental; análise dos discursos de parlamentares evangélicos/as divulgados pela mídia, proferidos no plenário e adotados para embasar projetos de leis; pesquisa qualitativa com a realização de entrevistas e observações das posturas públicas adotadas pelos/as parlamentares integrantes da Frente Parlamentar Evangélica - FPE. Porquanto, os postulados das Ciências da Religião devidamente correlacionados com a interpretação do conjunto de dados obtidos no campo de pesquisa podem identificar o lugar do religioso na sociedade de forma interativa com as interfaces da laicidade visando aprofundar a compreensão sobre a democracia, sobre o lugar da religião nas sociedades contemporâneas e sobre os direitos difusos, coletivos e individuais das pessoas.
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    Educação teológica e educação ambiental: há lugar nos espaços da educação teológica no Brasil para a responsabilidade ambiental na perspectiva da missão integral?
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2016-09-30) MARINGOLI, Ângela; RIBEIRO, Claudio de Oliveira
    A educação teológica é um produto da cultura cristã que, com os seus dogmas, visões doutrinárias e teológicas, perpassa os ensinos bíblicos fundamentais. Ela se consolidou nos moldes das muitas ambiguidades e transformações sociais pelas quais as sociedades e o cristianismo passaram. No Brasil, o mesmo processo se deu. Defendemos a tese de que, para os dias atuais, a educação teológica pode revisar os seus programas de ensino nas disciplinas, direta ou indiretamente, relacionadas à Missiologia e outras, com a lógica dos saberes da educação ambiental, considerando os marcos teológicos da Missão Integral. Tal revisão redundaria no que estamos chamando de Teoambientologia. A educação ambiental, por vezes, é também entendida como educação política porque ela é partidária de ações transformadoras da realidade e da cidadania em que a sociedade está inserida, transformando-a em uma sociedade sustentável. A educação ambiental, que inclui os estudos da biodiversidade, dos desenvolvimentos sustentáveis, das leis contra os crimes ambientais e outros, através dos seus saberes, possui a capacidade de preparar indivíduos e grupos para o exercício da cidadania. Os aspectos sociológicos da educação ambiental estabelecem relação com o dia a dia dos cidadãos, para produzir um processo de crescimento contínuo e também de consciência com respeito aos acontecimentos socioambientais. Para tanto, a pesquisa faz uma avaliação da recepção dos saberes da educação ambiental nas faculdades e nos seminários teológicos brasileiros, com vistas a formular uma proposta para os conteúdos programáticos de Missiologia visando a atender às necessidades da sociedade e da Missão Integral da Igreja. Para isso, analisaremos comparativamente as matrizes curriculares, as ementas e os trabalhos de conclusão de cursos de teologia das faculdades e seminários, no período de 2010 a 2014, de cinco escolas: Faculdade Teológica Batista de São Paulo, Faculdade de Teologia Presbiteriana Mackenzie, ambas na cidade de São Paulo, Faculdade Teológica Sul Americana (FTSA), em Londrina, no Paraná, Faculdade de Educação Teológica das Assembleias de Deus (Faetad), em São Paulo, e o Centro Evangélico de Missões (CEM), que tem a sua sede em Viçosa, no estado de Minas Gerais. A partir desta análise, indicaremos conteúdos e esboços práticos no campo da Teoambientologia.
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    Memória, mídia e transmissão religiosa: estudo da Revista Adventista (1906-2010)
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2017-03-16) FOLLIS, Rodrigo; RIVERA, Dario Paulo Barrera
    A presente tese discute a transmissão da memória religiosa do adventismo brasileiro, com foco no uso dos instrumentos comunicacionais eletrônicos (rádio, televisão e internet). O pano de fundo teórico se baseou nos aspectos da memória e da transmissão religiosa, principalmente sua tensão entre a continuidade e a ruptura dentro do processo modernizante. Para tanto, escolheu-se a sociologia da memória e da transmissão religiosa halbwaquiana. Essa junção nos permitiu analisar como a teologia do grupo estudado articula eventos do passado para justificar crenças e hábitos do presente. A delimitação do corpus foi encontrada na Revista Adventista, entre os anos de 1906 e 2010, a qual foi utilizada como um espelho de uma realidade maior, portadora das transições e continuidades do discurso. O trabalho se estrutura por meio de uma análise de conteúdo em conjunto com uma abordagem qualitativa sobre os discursos. A lógica dos capítulos se inicia com a construção historiográfica do pensamento e desenvolvimento do adventismo brasileiro e mundial para, depois, incluir os exemplares da publicação que abordassem aspectos da utilização da memória fundante do grupo, assim como todas as aparições dos termos “rádio”, “televisão” e “internet”. Como parte dos resultados, notamos como a concepção mantida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) em se produzir uma pregação racionalista, baseadas na leitura e na busca pela “correta” interpretação do texto bíblico, traz algumas características importantes a esse movimento, moldando sua missiologia e visão de mundo. Foi visível o uso do passado fundante, através de relatos sobre os pioneiros, principalmente Ellen G. White. Vimos também que existe ressignificações de algumas bases constitutivas da identidade do movimento ao longo do tempo, que desafiam a denominação na sua tentativa de permanecer fiel à sua mensagem fundante. A pesquisa revelou uma relação ambígua do adventismo brasileiro com os meios de comunicação, o que se associa com as tensões provindas da modernidade. Existe uma tensão vivida pela memória do movimento brasileiro quanto ao uso e recusa dos instrumentos comunicacionais. Essa relação se dá principalmente devido a uma visão utilitarista, que vê na mensagem proferida, e não no meio em si, perigos a se evitar por parte do movimento.
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    Brotopentecostalismo: a religiosidade negra da periferia brasileira - um estudo da periferia urbana da região metropolitana de João Pessoa
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2017-04-13) FLORES FILHO, José Honório das; RIVERA, Dario Paulo Barrera
    Este estudo analisa um fenômeno pentecostal que se expande nas periferias e favelas brasileiras e que aqui chamamos de brotopentecostalismo. Este pentecostalismo possui como característica, ser um movimento com importante participação de negros. Uma vez que as periferias e favelas são de maioria negra, estes eram filiados aos candomblés e umbandas, que antes dominavam estas áreas. Com a chegada e proliferação do pentecostalismo, religiões afro-indígenas-brasileiras perderam espaço. Muitos negros moradores dessas zonas favelizadas foram convertidos ao pentecostalismo, todavia este pentecostalismo se modificou, se diversificou e se revestiu de características populares da cultura negra brasileira. Nesta transição ocorreu uma metamorfose de um protopentecostalismo oficial, mais solidificado em suas organizações, para um pentecostalismo mais fluído, com igrejas geralmente construídas de forma rápida e precária e, geralmente de curta duração. Nesses espaços a musicalidade através das percussões, a ginga, a liberdade de movimentos e o êxtase do Espírito Santo, apresentaram-se como reinterpretação do transe africano. O fato fez do movimento pentecostal o veículo adequado ao negro. Esta questão tem como referência teórica Bastide e seus estudos sobre o negro e sua religião afro-brasileira. Sobre a questão da religiosidade popular, esta pesquisa encontra referência em Carlos Brandão. Na base do conceito de coerção e coesão emblemática, estão os conceitos bourdianos de habitus e violência simbólica, bem como o conceito geertiano da religião como sistema simbólico. A presente tese leva em consideração as condições reais de existência dos pentecostais negros marcados por alta vulnerabilidade social. Pesquisamos duas áreas periféricas da Região Metropolitana de João Pessoa: Mandacarú (Mandacarú e Alto do Céu) em João Pessoa e Mutirão (Mário Andreazza e Comercial Norte) em Bayeux. As populações destas áreas são de maioria negra, moradias precárias e um alto índice de desempregados. Contudo, há uma expressiva presença de igrejas pentecostais, isto faz que estas instituições se apresentem como importantes geradores de estrutura de oportunidade e capital social. E isso se dá como elemento determinante típico de afirmação de identidade brotopentecostal, e de movimento religioso popular reativo às condições adversas de vulnerabilidade social e segregação em periferias e favelas. O objetivo da pesquisa foi analisar a relação entre brotopentecostalismo como religião popular típica de periferia, segregação, vulnerabilidade social e identidade na realidade do negro brotopentecostal. A metodologia de pesquisa foi de caráter quanti-qualitativa incluindo pesquisa bibliográfica, etnográfica, observação participativa, aplicação de questionários e entrevistas em profundidade. Os participantes da pesquisa foram brotopentecostais brancos e negros em seus vários graus hierárquicos religiosos, todos eles moradores da periferia urbana de João Pessoa e seguidores de igrejas pentecostais que agem nesse contexto.
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    A Dinastia Omrida: reconstrução do primeiro Estado independente de Israel a partir da Bíblia e da arqueologia
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2017-06-09) MENDONÇA, Élcio Valmiro Sales de; KAEFER, José Ademar
    Esta pesquisa tem por objetivo analisar a dinastia omrida como a fundadora do primeiro Estado independente de Israel, no séc. IX AEC. Este foi o único momento da história que Israel governa de modo totalmente independente. Ao invés de ser dominado era Israel quem dominava. A dinastia dos reis omridas expandiu seu território alcançando a costa do mar Mediterrâneo, o sul da Síria, a Transjordânia e dominando sobre Judá. A fundação de Samaria por Omri foi o início do primeiro estado israelita. Omri edificou a cidade e realizou grandes obras unindo vários aspectos arquitetônicos existentes e inovando com outros, de forma que formou um modelo arquitetônico para todas as construções omridas pelo vasto território. Israel Norte possui todas as características de um estado desenvolvido, conforme as teorias de formação dos estados de Childe e Liverani. Palácios suntuosos, edifícios públicos e administrativos, mão-de-obra especializada, cobrança de tributos, templos, produção excedente, indústrias, corpo de escribas e escrita desenvolvida. Judá não possuía nada disso, ao contrário, durante o séc. IX AEC era pequeno e sem recursos. Judá se tornou um estado desenvolvido somente no séc. VIII AEC, depois que Israel Norte foi destruído pelos assírios. Mas apesar de tudo isso, a dinastia omrida é vista com a pior, mais pecadora e mais perversa de todas, seus reis, principalmente, Omri e Acab são avaliados nas narrativas bíblicas como os piores reis de Israel. Isso porque a história de Israel como a temos na Bíblia, foi editada e compilada por Judá, quando Israel Norte já não existia, isto favoreceu Judá na história bíblica. Esta pesquisa pretende fazer o caminho inverso, entender a história de Israel a partir de Israel Norte. E para isso, o método utilizado será a análise exegética e a análise dos achados arqueológicos. A exegese com a arqueologia para desvendar a história de Israel Norte do séc. IX AEC, que não foi registrada nos textos bíblicos. Para isso, foram realizadas visitas de estudo em quase todos os sítios analisados nesta pesquisa (sítios de Israel, Palestina e Jordânia), também foram realizadas escavações no sítio arqueológico de Tel Megiddo (2016), com o arqueólogo Israel Finkelstein, um dos referenciais desta pesquisa. Quanto aos resultados, Israel Norte, no período da dinastia omrida, de fato foi o primeiro estado israelita e o único de toda a história de Israel a existir e governar de forma independente. O vasto território dominado pela dinastia omrida é praticamente o mesmo da Monarquia Unida de Davi e Salomão. Há grande possibilidade de que a ideia de Monarquia Unida tenha vindo das memórias de um reino poderoso, próspero e extenso que governou o Norte e o Sul, a Transjordânia e chegou até a Síria, que tinha fortes ligações comerciais com a Fenícia. Enfim, o único reino que fez tudo isso foi o da dinastia omrida.
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    A fé como estado de preocupação última: interpretação da noção de risco da fé na obra de Paul Tillich
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2017-06-14) BALEEIRO, Cleber Araújo Souto; JOSGRILBERG, Rui de Souza
    O tema que tratamos é a relação entre fé e risco no pensamento de Paul Tillich. Optamos por partir de alguns textos de sua maturidade, especialmente a Teologia sistemática e a Dinâmica da fé, mas dialogando com outros textos, inclusive do período alemão. Procuramos interpretar o tema numa perspectiva ontológico-existencial, o que significa que a fé não é tratada somente como um tipo de conhecimento, experiência ou crença, mas como o estado do ser humano tomado por uma preocupação última. O risco, neste sentido, não pode também ser referente aos conteúdos da fé, mas a esse estado de preocupação última. O que nos leva a propor, a partir da obra de Tillich, que o risco está presente e cada ato de fé, não a invalida, antes faz parte de sua constituição. Assumir a fé é assumir o risco que ela carrega. Como um meio de desenvolvermos essa tese pensamos em uma estrutura dividida em quatro partes. Na primeira (A questão da fé em Tillich) trabalhamos o conceito de fé como estado de preocupação última. Para isso, começamos por discutir a problematização da fé em Tillich como uma questão fenomenológica, depois procuramos estabelecer o conceito de fé como dependente do conceito de religião como preocupação última, por fim, apresentamos quatro temas que surgem da compreensão da fé como estado: a ideia de fé como destino, a ideia de fé como experiência, a relação entre o racional e o irracional e algumas distorções do conceito de fé. Na segunda parte (O risco próprio da fé) procuramos apresentar a noção de risco. Identificamos inicialmente três lugares na obra de Tillich em que a ideia de risco é relacionada a fé, depois apresentamos as ideias de fronteira e ambiguidades da vida como próximas à ideia de risco. Na terceira parte (Linguagem e risco da fé) apresentamos a linguagem como lugar onde o risco penetra a fé, como lugar que, por seu caráter dinâmico e historicamente situado, impossibilita a fé de ser compreendida de modo absoluto. Para isso iniciamos discutindo a compreensão de linguagem em Aristóteles e Heidegger, como modelos paradigmáticos opostos, para depois apresentar a discussão sobre linguagem em Tillich como uma alternativa às duas, com destaque para o símbolo, enquanto linguagem da fé. Na quanta parte (A fé que assume o risco) tratamos das implicações de se assumir o risco como elemento constitutivo da fé. Destacamos três implicações: a ideia de verdade da fé, a relação entre fé e dúvida e a relação entre dúvida e coragem.
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    A compreensão da arte nos protestantismos brasileiros em quatro publicações - Expositor Cristão, O Estandarte, O Jornal Batista e Ultimato - no período de 1971 a 1980
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2025-03-19) AVILLA, Wilson Roberto; CARNEIRO, Marcelo da Silva
    A presente pesquisa propõe o mapeamento do conteúdo de quatro publicações proeminentes nos meios protestantes brasileiros - O Expositor Cristão, O Estandarte, O Jornal Batista e Ultimato –, no período de 1971 a 1980, com o objetivo de compreender a relação desses segmentos (do protestantismo) com a arte. O entendimento dos fenômenos artísticos é fundamental, especialmente no âmbito do Protestantismo, em que seu uso como linguagem é tão evidente quanto as divergências sobre sua função e justificativas doutrinárias. Reconhecer a arte como uma das mais expressivas linguagens da religião possibilita a articulação de propostas integrativas nos campos da Arte e da Teologia em contextos diversos das correntes protestantes brasileiras. A atenção dada à arte pelos protestantismos brasileiros contém lacunas e é carente de definições acadêmicas. A pesquisa, de caráter religiográfico, busca contribuir para essa compreensão, e no seu propósito investigativo a busca de dados seguros para o estabelecimento de análises e/ou diagnósticos da produção sobre arte segue basicamente as seguintes etapas: a) escolha dos periódicos protestantes brasileiros; b) delimitação do período a ser pesquisado; c) mapeamento de conteúdos relacionados à arte em cada um dos periódicos; d) organização e sistematização dos dados colhidos. e) análise interpretativa dos dados. Após a organização dos dados coletados, são adotados como parâmetros de análise os pressupostos sobre arte elencados pelo Documento da Cidade do Cabo (Pacto de Lausanne). Na conjugação de conteúdos são indexados contextos, autores, conceitos e obras abrangidos. A busca por uma ‘hermenêutica das ênfases’ em cada publicação (e no conjunto delas) mostra-se reveladora, com base nas linhas de pensamento, no âmbito da religião ou da arte e suas intersecções. As conclusões possibilitam diálogos de cunho transdisciplinar entre vivências eclesiológicas e litúrgicas a partir de elementos da compreensão da arte que delas decorrerem.
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    O reinado de Ezequias: o estado de Judá a partir de 2 crônicas e da arqueologia
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-21) VICENTE, Thiago Guimarães; CARNEIRO, Marcelo da Silva
    Nesta tese, investigamos a história da pesquisa sobre o livro de Crônicas, a exegese de 2Cr 32.27-30 e a riqueza associada ao reinado de Ezequias. Defendemos quatro hipóteses, de caráter empírico e teórico: (1) 2Cr 32.27-30 constitui um relato bíblico exclusivo que detalha a riqueza de Ezequias; (2) a arqueologia da Idade do Ferro IIB pode corroborar a riqueza descrita em 2Cr 32.27-30; (3) o texto é um relato historicamente admissível para a construção da história judaísta; (4) 2Cr 32.27-30 está possivelmente vinculado a uma fonte extrabíblica escrita no final da Idade do Ferro IIB ou início da Idade do Ferro IIC (aproximadamente 750 a 650 AEC). Com vistas a atender aos objetivos teóricos, realizamos uma revisão bibliográfica sobre o estado da pesquisa do livro de Crônicas, buscando avaliar sua viabilidade como fonte histórica de Judá. Constatamos que o livro de Crônicas é uma obra literária retórica que reflete diversas fontes, como o Pentateuco, a historiografia deuteronomista, textos bíblicos e materiais externos. Sua historicidade expressa a religião de Judá por meio de uma perspectiva histórica obscura, além de promover uma nova identidade para a comunidade judaísta pós-exílica do período persa. Assim, torna-se necessária a análise individual de cada passagem, especialmente daquelas contendo fontes extrabíblicas, para a construção de uma história judaísta fundamentada. Com base nesse quadro teórico, selecionamos a perícope de 2Cr 32.27-30 para uma análise exegética empírica, dado que a riqueza material nela descrita permite uma verificação arqueológica. Identificamos 5 empreendimentos e 14 itens associados a Ezequias, estabelecendo um reinado ideal, comparável ao de Salomão e Davi, caracterizado por sucesso, honra e riqueza como resultado da benção divina de YHWH, fruto das reformas religiosas descritas em 2Cr 29-31. Reconhecendo o questionamento histórico do livro de Crônicas, aprofundamos a análise teórica e empírica. Na dimensão teórica, desenvolvemos dois enfoques: (1) propusemos uma nova categoria literária: “lista literária de narrativa histórica inventarial”; (2) definimos riqueza como uma construção cultural, delimitando o próprio livro de Crônicas como parâmetro. As seguintes análises empíricas foram conduzidas em três frentes: (1) observamos um uso quantitativamente significativo de termos relacionados à riqueza em 2Cr 32.27-30, o que contribui para a ênfase na grandiosidade do reinado de Ezequias em comparação a outros reis de Israel e Judá; (2) uma análise comparativa com Is 39.2 e 2Rs 20.13,20 revelou que, embora igualmente tratem da riqueza de Ezequias, a narrativa cronista é distinta e não usou desses relatos bíblicos como fonte; (3) o exame da cultura material da Idade do Ferro IIB revelou uma correspondência entre os 5 empreendimentos e os 14 itens descritos em 2Cr 32.27-30, destacando a representação da riqueza de Ezequias no relato. Esse aspecto evidencia o objetivo narrativo de persuadir e reforçar a reconstrução da identidade da comunidade pós-exílica no período persa.
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    Um novo horizonte para monjas budistas: a luta pelo restabelecimento do ordenamento feminino nas vozes de suas protagonistas
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2024-09-26) FRANÇA, Nirvana de Oliveira Moraes Galvão de; TSAI, Plínio Marcos; SOUZA, Sandra Duarte de
    Esta tese investiga a luta contemporânea pelo restabelecimento do ordenamento feminino no budismo, examinando as narrativas de monjas e monges engajados nessa causa. Com foco nas tradições Theravāda e Geluk Tibetana, que é a herdeira da tradição Mūlasarvāstivāda, o estudo objetiva compreender as barreiras socioculturais enfrentadas por mulheres buscando o ordenamento, além de analisar como essas comunidades interpretam preceitos vinaya em relação ao gênero. Enquanto algumas tradições têm feito progressos na reintegração de ordens femininas, outras permanecem resistentes, citando preocupações doutrinárias e culturais. Este estudo contribui para um entendimento das dinâmicas de gênero no budismo contemporâneo e sugere caminhos para a inclusão de mulheres na vida monástica, ressaltando o papel do diálogo intertradições e da reforma institucional. Essa luta pelo ordenamento feminino é uma fonte de inspiração às tradições cristãs que também colocam o papel da mulher como secundário, o que é importante para a sociedade brasileira, tanto como diálogo quanto pelos exemplos de superação de barreiras. A luta pela igualdade real entre homens e mulheres está longe de chegar ao seu final, pois há muito a ser conquistado pelas mulheres. A metodologia inclui análise textual de escrituras budistas, livros, artigos e entrevistas semiestruturadas com monjas. Além disso, os argumentos contrários e favoráveis ao restabelecimento das ordens femininas foram investigados, a fim de conhecer as raízes da controvérsia. Os resultados destacam a complexidade das negociações identitárias e institucionais envolvidas no processo de ordenação feminina, revelando tanto avanços quanto desafios persistentes.
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    Candomblé : religião ou sistema de sentido totalizante de vida? Análise a partir dos pensamentos descolonial e tradicional africano
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2017-04-03) RAMOS, Wellington Santos; Jung Mo Sung
    Este trabalho busca compreender o Candomblé enquanto uma Religião de caráter pré-moderno, comunitário e público, ou seja, um Sistema de Sentido Totalizante de Vida, próprio das Religiões Tradicionais Africanas. Assim, pontuou-se que as categorias analíticas da religião ocidental moderna não abrangem a dimensão da totalidade nas Religiões afro-brasileiras, de um modo geral, e o Candomblé especificamente. Este trabalho demonstra que as categorias analíticas ocidentais de Religião empregadas nos estudos sobre o Candomblé, redundam em reducionismos e estereótipos. Apontou-se que o horizonte para entender o Candomblé enquanto um Sistema de Sentido Totalizante de Vida são os fundamentos epistemológicos das Religiões Tradicionais Africanas. Empregou-se as categorias epistemológicas dos estudos descoloniais, pois ajudam a entender as realidades que estão fora do eixo Ocidental moderno e também, lançou-se mão dos estudos críticos da religião moderna, proposto pelo pensador árabe saudita Talal Asad (2000, 2003), nas suas críticas aos estudos antropológicos ocidentais das religiões, percebidas como um rol de atividades simbólicas sem relação com a totalidade de vida. Noutras palavras, esta pesquisa mostra que as narrativas das religiões Afro-brasileiras têm uma íntima relação com o cotidiano dos indivíduos. Por isso, elaborou-se o termo Candomblé: Sistema de Sentido Totalizante de Vida para possibilitar uma análise mais ampla sobre esta religião no Brasil.
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    Teia metafórica: a poética da narração e o ethos xamânico no meio urbano
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-03-13) FIGUEIREDO, William Bezerra; JOSGRILBERG, Rui de Souza
    Os grupos de Neoxamanismo urbano se multiplicam a cada dia. Nossa tese é que esses grupos produzem sua própria narrativa, desde o universo do xamanismo indígena até religiões diversas, por meio de hibridismo discursivo produzido em visões místicas religiosas e arranjos sócio-culturais. A partir da experiência de constituição de modos narrativos, esses grupos criam um conjunto híbrido de manifestações, num ato poiético (produtivo e criativo), o que determina por sua vez o Neoxamanismo urbano como um novo movimento religioso. Essas narrativas visionárias de grande intensidade e mobilização do ser, estruturalmente, transfiguram a realidade imediata e possibilitam uma alternativa ao pensamento cotidiano por meio do processo de redescrição da vida, explicitanto as condições de possibilidade do fenômeno religioso em si. Esta pesquisa contribui para a compreesão de como a identidade narrativa garante a aquisição de espaços de constituição da vontade numa relação criativa com as narrativas mencionadas. A partir dos estudos de Paul Ricoeur, verifica-se que para a superação da finitude em busca do homem capaz, o ser humano recria os modos de ser. Em virtude de uma “cura pessoal”, se encontra o redimensionamento do mundo em outros mundos através de uma teia metafórica facilitada pelas narrativas curativas. Este estudo utiliza-se da fenomenologia hermenêutica, leituras antropológicas, psicologia etc., na medida em que tais narrativas determinam eixos essenciais para as percepções dos fenômenos que formam a nova realidade, e determinam a aquisição de práticas comunitárias. Existem possíveis que são alcançados por intermédio dessas transfigurações diversas, nesse contexto, provoca-se uma mudança de paradigma, tanto epistemológico como ético, a partir do contraste e vivência com o pensamento nativo.
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    O profeta e as periferias: uma análise dos encontros do Papa Francisco com os movimentos populares à luz da sociologia das “margens” de Henri Desroche
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-08-02) RODRIGUES, Rogério Pamponet; RIVERA, Dario Paulo Barrera
    O tema desta tese é o da relação entre o catolicismo social no pontificado do Papa Francisco e os Movimentos Populares, nos EMMPs (Encontros Mundiais dos Movimentos Populares) com o Papa Francisco. Analisamos as tendências centrais da figura e do discurso do atual pontífice a partir de um referencial teórico sócio teológico que permite revelar suas principais influências, seu significado, sentido, relevância e as plenitudes existenciais para as quais aponta. O estudo se interessa pelo pontificado de Francisco como elemento ‘catalisador’ de ‘energias utópicas’ do catolicismo social que nesta pesquisa chamamos de “Cristianismo Profético” e que pode ser de capital importância para a visibilidade, perseverança e legitimação de atividades como os Movimentos Populares que aceitaram o DIÁLOGO com a fé cristã para encontrar soluções e inspirações recíprocas. A pesquisa tratará dos três primeiros encontros que se deram no Vaticano, na Bolívia e novamente no Vaticano (2014, 2015 e 2016, respectivamente). Estes movimentos encarnam de certo modo aquilo que Francisco tem denominado “periferias humanas” tanto “geográficas” como “existenciais”. Ao tema das “periferias humanas” pretendemos relacionar o tema das “margens” religiosas e sociais que foram objeto de estudo do sociólogo francês Henri Desroche em sua sociologia da religião e da esperança. Na obra de Desroche, essas duas “margens” imbricam-se continuamente num intercâmbio de significados, de anseios e de promessas. Utilizamos esta ideia para pensar o pontificado das “periferias” do Papa Francisco. Nestas “margens” se encontram também personagens e grupos sociais que, frequentemente na história do cristianismo, mas não só, organizaram-se em prol da transformação das condições de vida das camadas subalternas da sociedade, ou, ao menos, em favor da manutenção de uma fé, religiosa ou não, que fundamente a esperança de “novos céus e nova terra”. A presente tese deseja lançar luz sobre estas “margens/periferias” para tentar resgatar seu significado, sentido, relevância e fertilidade social e religiosa na perspectiva de um reposicionamento da “opção preferencial pelos pobres”. Quanto à metodologia, recorremos à pesquisa bibliográfica, usando produções de Francisco, sobre ele, sobre os EMMPs e sobre o referencial teórico.
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    O Messias como revelador: uma análise a partir de João 4 em seus contextos histórico e exegético literário
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-10-16) DOMINGUES, Vanderson Eduardo; NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza
    A presente tese objetiva demonstrar as estratégias de releitura da memória de Jesus como Revelador, a partir do prisma do autor do Quarto Evangelho para combater os inimigos da comunidade, assegurar-lhes a fé, fortalecer os perseguidos e duvidosos e formar uma cristologia solidificada em um pensamento soteriológico quanto à pessoa de Jesus como Messias e como Revelador ao longo do Evangelho e utilizando como texto base João 4. Para tanto pretende-se analisar a pluralidade sociopolítica e religiosa da Palestina no Século I, demonstrando como o meio influenciou a escolha do autor do Quarto Evangelho ao redigir um texto de forma a fazer uma releitura da vida de Jesus em defesa da fé de sua comunidade. Também serão estudadas as vozes em conflito dentro do texto e as vozes discordantes que cercam a perícope, buscando entendê-las a partir do texto do Quarto Evangelho, pois esse é o elemento mais palpável de que dispomos para o estudo dos conflitos e motivos que geraram esse evangelho. Para melhor expor e entender o argumento de defesa do aur que representa a comunidade joanina, será desenvolvido um estudo sobre o uso dos verbos προφήτης e Σωτὴρ τοῦ κόσμου no texto do Quarto Evangelho, especialmente no capítulo 4, com o intuito de mostrar como o autor entendia este Jesus Revelador e como isto moldou sua teologia.
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    Perspectivas hermenêuticas: uma releitura do conceito do Yahweh criador a partir de Isaías 45,14-25
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-03-14) SILVA, Roberto de Jesus; SIQUEIRA, Tércio Machado
    Este trabalho pretende analisar o título de Criador dos céus e da terra, atribuído a Yahweh, em Isaías 45,14-25, como também, demonstrar que a teologia do Yahweh Deus Criador em Israel, foi iniciada pelo Dêutero-Isaías no período em que ele esteve exilado na Babilônia com seus compatriotas. Também destacamos nesta tese que a teologia do Deus Criador, dos céus e da terra sofreu interferências culturais, da narrativa babilônica da criação conhecida como Enuma Elish. Para tal, utilizamos o estudo exegético, partindo da análise do contexto histórico, literário e religioso do Dêutero-Isaías, afim de, demonstrarmos que o título de Criador atribuído a Yahweh, teve o objetivo de esclarecer a comunidade judaica que estava exilada na Babilônia, que o deus Marduk não era o criador dos céus e da terra. Portanto, interpretamos o título de Deus Criador atribuído a Yahweh pelo profeta Dêutero-Isaías, como uma negação deste título direcionado à Marduk pelos babilônicos da dinastia caldaica. Demonstramos que no período pós-exílico, a teologia do Yahweh, Deus Criador passou por evoluções, sendo que a segunda fase desta teologia deve ser vista na produção literária Gênesis 1,1-2, 4ª – 2,4b-25. Discutimos que os redatores das duas narrativas cosmogônicas citadas acima no livro de Gênesis, produziram estes textos no período pós-exílico para re-afirmar a teologia do Yahweh Deus Criador, iniciada pelo profeta Dêutero-Isaías, por volta do ano 540 a.C. Por fim, mencionamos que os Salmos de Criação 104; 33; 19; 08 e 136 são a terceira fase da teologia do Deus Criador em Israel no período pós-exílico e nesta os salmistas apresentaram algumas novidades que não foram mencionadas pelo Dêutero-Isaías, tais como: Yahweh o Deus Sustentador da criação, Yahweh o Deus Artesão que criou os céus com suas mãos e a criação de Yahweh vinculada a sua hesed - bondade e outros temas que foram trabalhados nesta tese.
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    Religião, imigração e gênero: uma análise a partir de uma chave de leitura feminista pós/des colonial sobre o fenômeno de associativismo religioso entre mulheres imigrantes bolivianas batistas na cidade de São Paulo
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-09-10) CAMPANARO, Priscila Kikuchi; SOUZA, Sandra Duarte de
    A partir da observação de um considerável contingente de imigrantes bolivianos/as que frequentam e lideram igrejas de cunho evangélico na cidade de São Paulo, o presente trabalho procura mostrar de que maneira o associativismo religioso contribui com o processo de ressignificação religiosa/teológica das mulheres imigrantes bolivianas. Através de uma pesquisa de campo realizada na Primeira Iglesia Bautista Hispânica (PIBHB), localizada na cidade de São Paulo, em formato de grupo focal (entrevistas coletivas), foi possível coletar dados que nos fizeram ter um significativo acesso à história de migração e redes de sentido dessas mulheres, e também realizar uma atividade de Hermenêutica Feminista, onde as mesmas fizeram a leitura de alguns textos bíblicos em que as personagens principais eram mulheres, compartilharam em grupo a explicação, o que elas compreenderam e a aplicação desse texto para a vida. A hipótese dessa tese se pautou na compreensão de que o feminismo pós-colonial e o feminismo descolonial são importantes contribuições teóricas para análise do fenômeno do associativismo religioso e das ressignificações teológicas/religiosas dessas mulheres em específico. O objetivo dessa pesquisa foi articular os dados coletados na pesquisa de grupo focal e os colocar em diálogo com os pressupostos destas duas perspectivas teóricas, utilizando-as como chave de leitura e referencial teórico.
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    As interfaces das teologias latino-americanas: aproximações e distanciamentos entre a teologia da libertação e a teologia da missão integral
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-10-26) CAPPELLETTI, Paulo; Jung Mo Sung
    O objeto de análise desta tese são as interfaces entre as duas teologias latino-americanas, a Teologia da Libertação e a Teologia da Missão Integral. Essas duas teologias têm em comum o contexto histórico-social da segunda parte do século XX em que o mundo passou por profundas transformações sociais, políticas, econômicas e religiosas. O mundo foi dividido em duas ideologias, a capitalista e a marxista, mas também entre os países ricos e os países subdesenvolvidos, pobres e dependentes. Na América Latina, era também o tempo de êxodo rural e industrialização, o que significa o grande deslocamento da população rural para as grandes cidades e, consequentemente, o crescimento e a visibilização dos pobres nas periferias das cidades. Esses fatores influenciaram diretamente no nascimento das duas teologias latino-americanas: a Teologia da Libertação (TdL), que tem a sua origem no campo protestante, de linha ecumênica, e no campo católico; e a Teologia da Missão (TMI), que nasce no campo evangélico, também conhecido como os “evangelicais”, que procurou se distanciar do mundo protestante fundamentalista. No campo de estudos das teologias latino-americanas, há muito mais estudos sobre a TdL do que sobre a TMI e quase nada sobre a relação entre essas. Ambas têm em comum o objetivo de ajudar ou de liderar, em nome de Deus, da Igreja ou dos pobres, a libertação dos pobres dos sofrimentos da pobreza e opressão. Porém, essas teologias se viram como conflitantes ou em grande dificuldade para estabelecer um diálogo entre si. Diante disso, o escopo desta tese é exatamente entender “As interfaces das teologias latino-americanas”, em particular as suas origens, suas principais convergências – noção de encarnação na história, hermenêutica, Reino de Deus, libertação dos pobres – e diferenças – o lugar ou não do marxismo, o pobre como sujeito histórico ou a Igreja.
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    A cristologia angelomórfica joanina: uma análise da narrativa da ascensão de Jesus em João 20,11-18
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2018-10-30) BRITO, Marco Aurélio de; GARCIA, Paulo Roberto
    Nossa pesquisa nasceu do desejo de analisar a presença dos anjos no sepulcro e a imagem trans-cendente que eles evocam. Para isso, em primeiro lugar estudamos os seres angelicais que aguardaram a ascensão do Senhor no Evangelho de João. Essa análise demonstrou a forte cone-xão entre a ascensão celestial destinada a humanos no contexto do Mundo Antigo presente na Bíblia Hebraica, Literatura do Período do Segundo Templo e nos Manuscritos do Mar Morto. Dessa forma, analisamos criticamente essas narrativas comparando-as com a cristologia alto-descendente joanina. Em segundo lugar, dialogamos com os termos que revelavam a autoridade da pessoa de Jesus, apresentando como esses termos foram decisivos para indicar sua crescente autoridade e divindade no contexto do judaísmo do primeiro século, frente a outras importantes personalidades do período. Em terceiro lugar, fizemos uma pesquisa exploratória, num processo dialético, comparando os seres angelicais, humanos divinizados, patriarcas e sacerdotes, com a imagem literária de Jesus no Quarto Evangelho. Para tanto, defendemos que o discípulo amado, autor do evangelho, tentou construir a imagem de seu mestre cheia de glória. No final, tentamos interpretar o relato de acordo com a imaginação popular, visto que a literatura fantasmagórica nos ajuda a compreender o relato joanino da aparição de Jesus após sua ressurreição frente a discípulos amedrontados e escondidos que não se espantam com a aparição de seu mestre, mesmo com as portas encerradas. Também tentamos compreender todas as construções literárias que tinham alguma ligação ou que compartilhavam o mesmo campo semântico na obra. Nosso objetivo foi demonstrar que a comunidade joanina entendia a si mesma como o verdadeiro gru-po que recebeu a revelação da mensagem de Cristo e que todas as discussões presentes na obra tentam exaltar ao mestre e desmistificar outras supostas deidades. Em suma, defendemos que o processo teológico de ascensão de Cristo na comunidade, sua cristologia e as relações angelo-mórficas espelharam importantes figuras da História de Israel e, ao mesmo tempo, exaltavam e glorificavam ao mestre através de símbolos presentes no texto, como o Logos, o Templo, o Filho de Deus, entre outros.