Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião
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Item Redes mágico-míticas no alvorecer de Israel: “religião” no platô de Benjamim no Ferro I-IIA(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-09-24) CARDOSO, Silas Klein; KAEFER, José AdemarA pesquisa investiga as práticas religiosas na região do platô de Benjamim, atual Israel/Palestina, no Período do Ferro I-IIA (aprox. 1125-875), período e local de provável origem do “Antigo Israel”. Defende-se duas hipóteses, respectivamente, de ordem empírica e teórica: (1) que houve um sistema simbólico-religioso identificável no platô de Benjamim no Período do Ferro I-IIA; e que (2) esse sistema simbólico-religioso pode ser visualizado a partir do conceito original de redes mágico-míticas. Em resposta aos objetivos teóricos, foi realizada pesquisa bibliográfica de textos seminais da História da Religião de Israel e, a partir de uma análise crítica, foi proposto que a religião de Benjamim pode ser visualizada através do conceito de “redes mágico-míticas”, i.e., sistemas simbólico-religiosos expressos pela comunicação oral compartilhada (p.ex., mitos, estórias) e fixada em objetos (p.ex., selos, talismãs) em estruturas comunicacionais circulares centradas em vilas graduadas, que retinham particularidades devido ao contato com o ambiente e dinâmicas sociais. Em adição, em resposta à hipótese empírica, foram analisados sistematicamente os nove sítios arqueológicos escavados na região (Beitin; Tell el-Jîb; Et-Tell; Khirbet Abū-Musarraḥ; Khirbet ed-Dawwara; Khirbet Nisieh; Khirbet Raddana; Tell el-Fûl; Tell en-Nasḅeh), estes respectivamente analisados em sua cultura material, cultura visual e cultura textual. Por meio da metodologia proposta, pôde-se confirmar a existência de um sistema cultural-religioso benjaminita que, em resumo, pode ser descrito entre práticas e crenças. As práticas se distribuíam em dois níveis: (1) familiar (i.e., relativo à casa e família), em espaços residenciais e funerários, com práticas ligadas à preocupações do nível doméstico; e (2) comunitário (i.e., relativo à vila e coletivo), em santuários provinciais ou ao ar livre, com práticas ligadas à preocupações da vila e cidade, como produção de alimento. Com relação às crenças, há três conceitos que aparecem de forma transversal no registro e que foram considerados centrais à imaginação sócio-religiosa dos benjaminitas: (1) o conceito de família extensa; (2) convicções d’além mundo; (3) a violência e guerra.Item Pentecostalismo brasileiro de imigração: contexto, cotidiano e institucionalização da Convenção das Igrejas Batistas Independentes(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-22) VALÉRIO, Samuel Pereira; WIRTH, Lauri EmilioA presente pesquisa investiga o Pentecostalismo brasileiro de imigração, que fundou no Brasil a Igreja Batista Sueca (IBS) e, posteriomente, a Convenção das Igrejas Batistas Independentes (CIBI). Dentre as principais especificidades dessa igreja estão a transformação do carisma, sua etnicidade, a preservação cultural como forma de coesão do grupo, sendo uma igreja burocrática e racional, traço herdado da Örebromissionen (ÖM), ou seja, Missão de Örebro. Partindo da investigação de documentos históricos e levantamento de dados empíricos – fontes primárias – , além de estudos sobre a origem e fundação da IBS, a presente pesquisa expõe as origens, a história dessa denominação, analisando as disputas por poder entre os missionários suecos e os pastores nativos, bem como sua lógica de funcionamento. A busca pela ascensão denominacional dos pastores autóctones é um traço determinante na construção identitária do que veio a ser a nacionalização da IBS, através do nascimento da CIBI. Articulações e jogos de poder foram se desenvolvendo durante os primeiros quarenta anos de missão no Brasil. As características mais recentes da denominação, bem como as suas atuais estruturas, também foram analisadas nesta pesquisa, a fim de compreendermos como foi possível, no decorrer dos anos, uma ambiguidade doutrinária e uma teologia fragmentada, fruto do recebimento de ministros oriundos de outras denominações evangélicas, sobretudo pentecostais. A CIBI representa um pentecostalismo centenário que correu à margem das demais denominações pentecostais fundadoras do movimento no país, tendo uma forma de atuação muito específica e singular. As tipologias de poder de Max Weber, a estrutura no desenvolvimento do poder de Foucault e o conceito de campo de Pierre Bourdieu compuseram o arsenal teórico para a análise da história e da prática religiosa da IBS e, posteriormente da CIBI. Cabe ressaltar ainda que a CIBI é uma convenção pentecostal centenária não catalogada pelos pesquisadores do fenômeno religioso pentecostal.Item A Iconofagia Gospel: arte, corpo, consumo e suas ressignificações no cenário evangélico brasileiro contemporâneo(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-08-07) SILVA, João Marcos da; SOUZA, Sandra Duarte deA partir do fenômeno da explosão gospel da década de 90, houve uma inserção significativa dos evangélicos na sociedade de consumo e entretenimento, que corroborou para transformações na sua relação com as imagens, particularmente, as imagens de arte comercial produzidas para o mercado evangélico brasileiro. Com isso, os evangélicos passaram a consumir não somente os produtos, mas também as imagens geradas pela cultura gospel. Dessa forma, o presente trabalho procura mostrar, pelo olhar da cultura visual e da religião, o fenômeno da iconofagia gospel como o processo de devoração de imagens seculares e evangélicas. Por conseguinte, identificou-se, a partir da iconografia evangélica, as ressignificações do corpo no gospel e suas consequências nas devorações que alimentam e fomentam os processos de consumo e entretenimento no cenário evangélico brasileiro percebendo como estes impactos iconofágicos proporcionaram uma ressignificação do corpo e da iconografia cristã evangélica que fomentam o consumo e o entretenimento neste processo. A análise terá como base metodológica as teorias de Warburg (2010) sobre a produção iconográfica evangélica por meio dos conceitos da Pathosformeln (força de imagens) e da Nachleben (as imagens que sobrevivem e retornam no tempo) identificando as apropriações de imagens seculares pelo mercado evangélico no cenário gospel brasileiro, e de Baitello (2005), no que corresponde aos processos iconofágicos. No desenvolvimento deste estudo, o texto dialoga com a área da comunicação e da história da arte para uma melhor compreensão do crescimento da produção visual e do mercado gospel no Brasil.Item A “revolta da ineficiência”: os acontecimentos de junho de 2013 no Brasil e suas destituições político-teológicas(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-05-21) SOUZA, Daniel Santos; RIBEIRO, Claudio; RENDERS, Helmut; BARSALINI, GlaucoO interesse dessa tese de doutorado é ensaiar uma leitura teológica atravessada e provocada pelas potências destituintes nos acontecimentos de junho de 2013 no Brasil. Nessa perspectiva, “junho” estaria afastado de um “poder constituinte”, na busca de uma nova ordem institucional e novamente enquadrado em um “paradigma securitário” do estado e em suas relações com o capitalismo neoliberal. Desse modo, entendo que aqueles acontecimentos podem ser interpretados para além da pergunta pela consequência político-estratégica e vistos como uma revolta capaz de expor a anarquia e a anomia capturadas nas tecnologias da “máquina governamental”. Como percurso metodológico, interessei-me em “catar” as imagens deixadas para trás nesses acontecimentos. A partir de mensagens levadas às ruas por meio de pichações, faixas, cartazes e bandeiras, desejei encontrar rastros destituintes e ineficientes, em alianças dos corpos que criam novas habitações da cidade. Com esse olhar, assumi “junho” como uma dobradiça político-teológica. De um lado, desvela a assinatura teológica do estado e possui um potencial profanatório e destituinte do fazer-político moderno. Do outro, ao indicar outros modos de viver a política e (re)imaginar o “sagrado” do estado, “dividindo a divisão” entre sagrado e profano, junho favorece os processos de revisão dos projetos de teologias, como a latino-americana da libertação (TdL). Para o exercício de imaginar rastros teológicos em junho de 2013, tomei como referencial teórico o filósofo italiano Giorgio Agamben (1942-), especialmente o seu projeto Homo sacer. Junto a isso, busquei construir tensões criativas entre uma “teologia inoperosa” e o paradigma teológico do êxodo, central nas TdL, focado na identidade (sujeito oprimido), no soberano (Deus libertador), no povo/nação, na posse da terra e na operatividade da luta. A escolha da TdL se deve à vinculação de uma espiritualidade desde e com as lutas populares e pelos seus interesses de se refletir e construir projetos políticos. Essas interações, desde junho, podem abrir possibilidades para novos usos da política e para se “pensar o impensado” como uma teologia ineficiente, orientada, por exemplo, a partir da concepção hebraica do sábado. A leitura ensaiada nessa tese é diagramática e cria algum sentido para expressões teológicas, com ênfase no espirito e no tempo messiânico, na libertação e imanência de deus e na graça de uma “comunidade que vem”. Por fim, em uma dimensão inoperosa da escrita, a tese se encerra com uma intervenção artística nas ruas da cidade de São Paulo, nomeada como: “rastros de deus nos rastros de junho”.Item O “espaço jovem” na virada do século: um estudo da revista adventista (1993-2014)(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-08-12) SIQUEIRA, Charlys; RIVERA, Dario Paulo BarreraO estudo da relação entre juventude e religião vem ganhando espaço nos círculos acadêmicos, especialmente no das ciências sociais e da religião. Isso graças à percepção de que examinar essa relação pode contribuir na reflexão acerca das tendências no comportamento social e religioso das próximas gerações. A questão interessa também às instituições religiosas uma vez que elas reconhecem as constantes e aceleradas mudanças pelas quais o mundo vem passando e a necessidade de se articular seu universo simbólico para os jovens a fim de preservá-los na igreja. O presente trabalho visa a compreender como a instituição religiosa em estudo percebe as necessidades de seu público jovem e como procura suprir as mesmas a partir dos conteúdos de suas publicações na seção “Espaço Jovem”. Este estudo foca assim um espaço específico de um de seus periódicos oficiais, a Revista Adventista, na virada do século (1993-2014). A metodologia adotada para esta pesquisa consiste numa revisão da literatura contemporânea sobre juventude e religião, seguida de um estudo documental focado no “Espaço Jovem” da Revista Adventista no período de 1993 a 2014. As duas razões principais para a escolha desse período são: (1) durante esse intervalo de tempo o “Espaço Jovem” manteve maior estabilidade em sua proposta editorial e (2) é também nesse período em que ocorre a virada do século trazendo consigo mudanças significativas no quadro religioso brasileiro conforme os dados disponibilizados pelo IBGE. Ademais, a pesquisa contará com um rastreamento dos principais temas abordados no “Espaço Jovem” e uma análise da frequência de seus conteúdos a partir da elaboração de gráficos. Dessa forma, essa dissertação pretende contribuir focando uma publicação específica no campo de estudo do adventismo e juventude.Item A experiência mística apocalíptica do Apóstolo Paulo como elemento fundante da justificação pela fé: uma análise exegética de Romanos 3(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-05-06) FORMICKI, Leandro; GARCIA, Paulo RobertoO presente estudo exegético tem por objetivo pesquisar Romanos 3:1-31 buscando perceber por que para o apóstolo Paulo tanto judeu como gentio são pecadores e carecem da glória de Deus (Rm 1:18-3:20). Por isso, não há diferença entre eles com relação à justiça (3:21-4:25). E por que para ele a justificação de Deus é pela fé em Jesus Cristo para todos que acreditam, tanto judeus como gentios, e não mais pela prática da lei (3:22-30). Diante disso, nossa hipótese é mostrar que a partir da experiência mística apocalíptica do Apóstolo Paulo descrita em Gálatas 1:1-24 e 2 Coríntios 12:1-4, ele propõe uma nova interpretação a respeito da “salvação do ser humano”. Isso pode ser confirmado em Romanos 3:1-31, onde ele expõe que a Torá não serve como um meio de salvação do ser humano, pois ela não é capaz de libertar o ser humano do poder escravizador do pecado que conduz à morte. Ao invés disso, o meio de salvação eficaz é quando o “ser humano é justificado por fé, sem obras da lei”. Certamente, esta experiência mística apocalíptica tira o Apóstolo Paulo da pertença do Judaísmo Sinaíta Sinagogal do Mundo Mediterrâneo, ou seja, de uma crença na aliança sinaítica que é condicionada ao cumprimento dos mandamentos da Torá e considera só o povo judeu como “exclusivo de Deus”, isto é, eleito para ser “santo/separado” e “puro” para Deus e o realoca em um espaço místico apocalíptico de identidade, onde ele assume que tanto judeus como gentios estão na condição de “pecadores (impuros)” e por isso, não são dignos de serem justificados por Deus, mas por meio da união/comunhão com o sagrado “a fé em Jesus” qualquer um pode ser considerado justo/inocente/puro e por isso, ser salvo da ira de Deus e receber a recompensa de uma vida eterna. Para tanto, fundamentaremos nossa pesquisa, nos estudiosos Gershom Scholem, Martinus De Boer e Mary Douglas, respectivamente do misticismo judaico, apocalíptica judaica e antropologia da cultura, além de revisar alguns escritos judaicos e algumas discussões exegéticas acerca do texto que vem ganhando notoriedade e controvérsias desde a segunda metade do século XX.Item Ecos pascalianos na descrição da condição humana em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, de Machado de Assis(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-12) FUCHIGAMI, Ivna Maia; RENDERS, HelmutA presente tese de doutorado objetiva abordar a condição humana no viés de Blaise Pascal, que foi de grande influência e inspiração para o escritor Machado de Assis. Ambos percebiam o ser humano lutando entre o divertissement, o ennui, a concupiscência e a vaidade, entre outros aspectos. Embora se trate de um filósofo do século XVII e de um autor do século XIX, ocorrem vários pontos em comum entre ambos uma vez que cada um, à sua maneira, perscrutou a alma humana, plena de contradição, miséria, incertezas. Para ambos, a condição humana vai ser permeada pela contradição e pela ironia que a vida dá: se se deseja a verdade, só se encontram incertezas; se se procura a felicidade, só se encontram miséria e morte. Machado de Assis e Blaise Pascal mostram a involução do ser humano e colocam os leitores no turbilhão, em que estes são obrigados a pensar e a discernir, o que implica sofrimento. Para escritor e o filósofo, o ser humano é desordenado, miserável, contraditório, correndo entre a necessidade e o ennui. Cientes de que não dá mais para fingir que não se enxerga, ambos nos induzem a fazer a diferenciação, a ter discernimento. É nesta hipótese que, na compreensão sobre a condição humana, Machado de Assis se inspira nos escritos e pensamentos de Blaise Pascal até o ponto de integrar parcialmente sua linguagem na sua obra. A hipótese levantada é a existência de semelhanças entre a visão de mundo de um filósofo francês do século XVII e de um escritor brasileiro do século XIX. Para tanto, o método empregado foi um minucioso levantamento bibliográfico a fim de elencar as reflexões de Pascal que encontram eco nas três obras machadianas, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro objeto da presente tese, a fim de comprovar a hipótese mencionada. Feito isso, elaborou-se uma leitura detalhada da obra Pensées e das três obras, detectando-se onde, nos romances, era possível perceber os conceitos de divertissement, ennui, concupiscência e vaidade. Tanto Machado de Assis quanto Blaise Pascal consideravam o ser humano como um conjunto de incoerências e contradições trágicas, desprovido de qualquer tipo de apoio ou segurança moral. Pascal conclama o surgimento do ser moral, que é aquele que sente a culpa. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, os personagens são seres destituídos de culpa e, portanto, não possuem a consciência da Queda. Machado de Assis analisou o ser humano em sua insuficiência, contingência, sem discursos emocionais ou apologéticos, inspirando-se em Blaise Pascal para assim, explicar a condição humana. Para tanto, são propostas as obras machadianas Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro uma vez que nestas sobejam o ser humano que, na reflexão pascaliana, é doente e decadente. Como autores de base, são apresentados Blaise Pascal, Machado de Assis, Vincent Carraud, Luiz Felipe Pondé, Alfredo Bosi e Afrânio Coutinho.Item Transgressões audiovisuais: a influência mútua entre formato e conteúdo no videoclipe gospel brasileiro(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-10-04) MEDEIROS, Flávia; RENDERS, HelmutNossa investigação situa-se na área das linguagens religiosas no campo da cultura visual contemporânea. Ela examina o gênero videoclipe gospel brasileiro, e analisa a influência mútua entre o formato do gênero videoclipe e o conteúdo da cultura gospel brasileira. Partimos da compreensão que a linguagem visual e a linguagem musical são duas expressivas linguagens que no transcorrer da história tem contribuído na relação do ser humano com o transcendente. Nesse sentido é a nossa hipótese que haja uma relação mútua entre as características da cultura da música gospel brasileira e a linguagem visual religiosa com o formato do videoclipe gospel brasileiro. Portanto, é nosso objetivo analisá-lo a partir da letra da canção, da imagem, através das características do gênero videoclipe e das características da cultura gospel. Para tal, examinaremos quatro videoclipes, do período entre os anos de 2007 e 2014. Como método para analisar seu formato utilizaremos os conceitos: ideia central (de Danilo Teixeira Bechara), características do formato (Andréa Michelle dos Santos Diogo) e audiovisão (de Michel Chion). Analisaremos a letra da canção utilizando o método da análise do discurso de Eni Puccinelli Orlandi, e as características da cultura gospel brasileira na perspectiva de Magali do Nascimento Cunha e Joêzer Mendonça. Chegamos na conclusão que existe sim uma influência mútua entre o formato do videoclipe e o conteúdo da cultura gospel brasileira; já que seu conteúdo, se comparado ao modelo do gênero videoclipe, modifica o formato do videoclipe religioso, especialmente porque nele a narrativa da linguagem musical aparece na linguagem visual. Bem como, o conteúdo religioso é adaptado ao formato do videoclipe.Item A refeição eucarística como marca identitária e pertença religiosa na comunidade cristã de Corinto(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-10-16) FREDERICO, Danielle Lucy Bósio; NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza“Comida é boa para se pensar”, assim afirma Claude Lévi-Strauss que, por meio da comida, procura discernir as sociedades e grupos ao redor do prato. As variações desse tema podem indicar desde hierarquias sociais, acesso ao alimento até aquilo que se encontra além. Tendo como instrumento a antropologia da comida e a “hermenêutica dos espaços”, buscamos uma melhor compreensão do bloco presente em 1Coríntios 8 a 11, o qual tem como tema central alguns tipos de refeição que se faziam presentes nas mesas greco-romanas e também na comu-nidade cristã em formação na cidade de Corinto. Essa comunidade do primeiro século, majori-tariamente constituída por pessoas do baixo estrato, busca, no ato de comer juntos, estabelecer proximidade, coesão e a criação de uma identidade própria frente aos inúmeros grupos religio-sos existentes no período. Para tanto, a refeição comunitária e o ritual eucarístico, estruturado como uma refeição funerária, buscam, dentre outras coisas, a preservação da memória e a par-ticipação do Cristo ressurreto, nova divindade estabelecida e celebrada pelos integrantes dessa comunidade de fé liderada pelo apóstolo Paulo. Como comida ritual, a sua performance preci-sa ocorrer de forma precisa, a fim de que alcance o objetivo esperado. Essa questão não estava sendo observada pelos integrantes desse grupo cristão, fazendo com que o apóstolo trouxesse a memória as tradições bem como a instituição do ritual eucarístico, a fim de, o mesmo fosse realizado apropriadamente. Essas reuniões, de caráter comunitário, poderiam acontecer em vários espaços, tais como lojas, domus e insulae, não havendo necessariamente um local fixo pré-estabelecido para elas. Entendemos que essas reuniões majoritariamente aconteciam nas insulae, dada a característica popular da comunidade cristã, e que essas reuniões deveriam ser itinerantes. Nelas a frugalidade alimentar era evidente e o ritual, estabelecido com os elemen-tos de pão e vinho, se fazia presente e possível. A presença viva da nova divindade, partici-pante de honra da refeição, teria sua vida e ensinamentos partilhados à mesa, a fim de que novas pessoas tivessem acesso a essa nova religião em formação. Comida, portanto, é boa para se pensar e também para se criar identidade, pois era reconhecida como elemento estruturante no mundo mediterrâneo tanto para vivos como para mortos.Item A Cristomorfia na literatura de memória joanina: estudo em 1 João 3.1-10(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-09-30) SANTOS, Antonio Carlos Soares dos; GARCIA, Paulo RobertoNovas pesquisas apontam, cada vez mais, para um cristianismo plural e com relações dialógicas com outras culturas e religiões, fato este, que força uma nova visão sobre o contexto nas memórias e literaturas cristãs primitiva. Dentre a vasta literatura dos primeiros séculos do cristianismo, destaca-se, particularmente, a de tradição joanina. Chegamos à conclusão que os textos joaninos que temos hoje por certo são frutos de um longo e complexo processo redacional. Com seu início por volta do ano 50 EC com relatos orais de Jesus promulgados e interpretados de acordo com a leitura feita por essas comunidades. Com o tempo foram sendo modificados com acréscimos e releituras. Dentro dessa perspectiva propomos uma expectativa presente em tais escritos: a Cristomorfia. Através da análise de um escrito dito canônico como I João 3. 1-10, analisaremos a literatura joanina advinda de suas memórias comunitárias e sua esperança cristomórfica. Observando a questão do conflito existente e que, possivelmente, levou a dissensão, o texto de 1 João é uma tentativa de afirmação identitária de uma comunidade. Há de se atentar para o fato de que o pensamento gnóstico estivesse presente na realidade de algumas comunidades, entre elas a de pertença ao apostolo João, o que provavelmente levou a uma defesa mais contundente a respeito da questão. No ápice dessa defesa encontramos indícios sobre a expectativa cristomórfica nas literaturas de memória joanina. Portanto, no texto que destacamos percebemos que a identidade da comunidade em 1 João perpassa pela ideia de uma futura natureza como a de Cristo.Item Migração religiosa: batistas brasileiros na região metropolitana de Toronto (Canadá)(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-11) PAES, André Bezerra; RIVERA, Dario Paulo BarreraA presente tese discute o papel da religião evangélica (batista) na vida de um grupo de migrantes brasileiros residentes na região metropolitana de Toronto, Canadá, reconhecendo a importância do fenômeno migratório e da religião dentro dos processos transnacionais e migratórios. O texto destaca o crescimento da migração brasileira no Canadá, mas com o olhar das ciências da religião. Aborda-se como aconteceu o surgimento de igrejas batistas étnicas de língua portuguesa nesta região a partir do final dos anos 1970, em parceria com algumas igrejas batistas canadenses, o que resultaria na organização da Associação das Igrejas Batistas de Língua Portuguesa no Canadá em 1998. Examina-se uma igreja batista canadense em particular, a Central Baptist Church (CBCO) na cidade de Oakville (Ontario), que em 1987 iniciou um dos primeiros trabalhos para alcançar a comunidade de língua portuguesa residente nesta cidade. Trabalha-se com os conceitos de diáspora, identidade, migração e redes para elaborar nossa análise. Busca-se compreender como esses migrantes constituíram a partir dessas igrejas uma rede de apoio, suas condições sociais, econômicas, situação de visto, lugar de origem no Brasil, condições que permitiram criar novas conexões entre eles. A hipótese desta pesquisa é que a igreja étnica exerce um papel que reforça permanentemente a condição de migrante de seus membros, vivendo o paradigma de mantê-lo na fronteira de integrá-lo na sociedade de destino, sem romper completamente seus laços com a sua sociedade de origem. A partir de visitas de campo realizadas em dois períodos distintos, conseguiu-se realizar entrevistas com os líderes, membros e pessoas que frequentaram apenas por algum momento a CBCO. Isso permitiu verificar qual foi a relevância exercida por esta igreja étnica na do migrante.Item Os escritos de Ellen Gould White: manipulação mental, controle comportamental e veneração do líder(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-06-18) MEDEIROS, Alexandre; SOUZA, Vitor Chaves deEsta pesquisa propõe-se a analisar visões de mundo em torno da espiritualidade e suas relações com o mundo. Explorarei através dos caminhos antropológicos propostos por Jack David Eller, as visões religiosas que consideram o mundo, o prazer, o cotidiano, a arte a beleza como inimigos a serem combatidos por uma ascética rígida e inflexível. Para tanto, focarei tematicamente - como tipo repre-sentativo – os discursos de Ellen G White. Neste caso, pesquisarei a base “teóri-ca” que circunda este discurso e que permite reger as comunidades que seguem a liderança carismática que (in)forma o movimento em questão. Tal suporte, re-colheremos das análises dos antropólogos Charles Lindholm, Emerson Giumbel-li e do filósofo da educação Jean Lauand, que possibilitam a compreensão em contexto mais amplo de propostas como de Ellen Gould White.Item Teologia para a vida cotidiana: uma análise das Lições Bíblicas das Assembleias de Deus para as escolas dominicais(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-04-03) BANDEIRA, Wesley Silva; WIRTH, Lauri EmilioAs Assembleias de Deus são apontadas por muitos autores como sendo a principal e mais influente igreja pentecostal do Brasil. São muitos os textos que se propõem a mostrar sua história e organização institucional. No entanto, lacunas se apresentam ao observarmos elementos de suas teologias e estruturas de pensamentos a partir dos olhares das Ciências Humanas. São poucas as pesquisas que se dedicam a observar a construção das doutrinas e valores dessa instituição para seus fiéis e, consequentemente, para a sociedade brasileira. Tendo a compreensão desse hiato acadêmico, objetiva-se, nessa tese, observar em que condições foram construídas as bases dos ensinamentos assembleianos e como foram se dando suas transformações ao longo dos anos. Minha hipótese é a de que a teologia oficial das ADs, presentes nas revistas Lições Bíblicas para a Escola Dominical, foi edificada a partir de princípios dados a priori pela leitura literal da Bíblia, que dialoga com as contingências da vida concreta, fazendo com que a teologia pentecostal se manifeste viva e significante para os crentes dessa instituição. Para verificação dessa hipótese, analiso seu principal material teológico, as Lições Bíblicas para as Escolas Bíblicas Dominicais, elegendo quatro eixos temáticos presentes nas LBs, que estão em associação à organização da vida cotidiana, a saber: a família, o trabalho, a educação e a política. O recorte histórico definido nessa tese contempla os anos que vão de 1930 aos anos 2000. Este período subdivide-se em três períodos, correspondentes aos anos iniciais de influência sueca, de 1930 a 1945; dos anos que contemplam a chegada dos missionários norte-americanos, de 1946 a 1972 e finalmente; o período missionário e escatológico que abarca os anos de 1973 aos anos 2000. Concluo por fim que a teologia pentecostal das ADs não é estática e única, como propagam seus principais representantes, mas é fluída e diversa, sempre em diálogo com as transformações identificadas também no meio social e secular.Item A besta de sete cabeças: monstruosidade e construção de fronteiras da cultura(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-04-01) DORNELES, Vanderlei; GARCIA, Paulo RobertoEsta tese empreende uma análise da metáfora apocalíptica da besta de sete cabeças em sua intertextualidade e em seu sistema semântico em textos da cultura do antigo Mediterrâneo. O estudo parte do Apocalipse de João e dos textos do mundo bíblico e avança para descobrir a rede textual ampla desta metáfora na cultura antiga. A metáfora da besta de sete cabeças é considerada como um texto da cultura e um sistema de representação da alteridade. O estudo se fundamenta nos conceitos de semiosfera, texto da cultura e intertextualidade, conforme entendidos pelos teóricos da chamada Semiótica da Cultura, de origem russa, dentre os quais se destaca Lotman como seu principal articulador. Também se apoia no conceito de metáfora, na linha de Lakoff e Johnson; e na noção do monstruoso como sistema de representação de alteridade grotesca, segundo Kristeva e Cohen, entre outros teóricos da noção do abjeto e monstruoso. Parte da pressuposição de que elementos semióticos e conceituais comuns, ativos na memória e no imaginário das culturas, evidenciam o entrecruzamento dos textos de diferentes épocas e lugares. A metáfora da besta é analisada em suas conexões semióticas com textos antigos nos quais também se verifica a construção de figuras monstruosas de múltiplas cabeças, como na Paleta de Narmer de cerca de 3100 a.C. e no Cilindro de Tell Asmar de 2200 a.C., entre outros. Essas conexões indicam que o texto profético do Apocalipse de João não é dado de forma isolada das linguagens e da cultura de seu tempo. Elas permitem também enxergar as narrativas proféticas do Apocalipse como um texto da cultura, capaz de diálogo e produção de sentidos com uma rede de outras narrativas e tradições. À luz da Semiótica da Cultura, a metáfora da besta é analisada como um sistema de representação da alteridade opositora, a partir de elementos monstruosos e abjetos. Nessa linha, a metáfora se apresenta como uma ferramenta capaz de construir fronteiras definidoras do próprio e do alheio, caracterizando o cristianismo primitivo como uma cultura emergente distinta das demais à sua volta, embora em constante diálogo e entrecruzamento com as mesmas.Item Paulo: mago ou divino: análise das práticas mágicas no cristianismo primitivo nos Atos de Paulo e Tecla e nos Papiros Mágicos Gregos(2020-02-05) RODRIGUES, Kellen Christiane; NOGUEIRA, Paulo Augusto de SouzaEsta tese visa abordar a temática da magia no mundo mediterrâneo durante o período do cristianismo primitivo. Visto que a magia se apresenta como uma manifestação de relação das pessoas com o universo sagrado, místico e fantástico. Desta maneira, buscamos distinguir as práticas mágicas em um nível conceitual da religião, baseando nossos conceitos em autores clássicos e contemporâneos para desenvolver nossa análise. Na antiguidade a magia fazia parte do cotidiano das pessoas, que buscavam por realizações de seus anseios e desejos, mesmo que sua eficácia não fosse comprovada. A magia estava nas curas, evocações, orações, exorcismos, unções, transes, rituais, ressurreições, etc. Sendo estas práticas violadoras do curso normal da natureza. Por seu caráter sobrenatural, a magia desperta interesse do ser humano em relação ao sagrado, ao mesmo tempo em que sua prática como religiosidade popular desperta medo e tensão, por falta de compreensão do tema. Portanto destacaremos os elementos mágicos que constituem as narrativas, buscando compreender por que esta prática foi valorizada e rejeitada ao mesmo tempo, principalmente pelo cristianismo nascente que desejavam não ter suas ações comparadas com a magia, visto que havia perseguições seguidas de morte aos seus praticantes. Partindo destes preceitos, o presente estudo destina-se a com base na literatura apócrifa dos Atos de Paulo e Tecla e dos Papiros Mágicos Gregos, analisar a cultura, as práticas de magia no Mundo Antigo, e sua inserção nas comunidades cristãs nesse ambiente vital. Trazendo a figura principal do apóstolo Paulo como acusado de “executor de magia”, a qual seduzindo as mulheres para que estas se desviassem da doutrina imposta em sua época e se filiassem a uma nova religião e paixão. Abordaremos a temática com os textos canônicos, a modo que possamos compreender os elementos comuns do imaginário cristão primitivo, destacando a figura do apóstolo Paulo como mago e homem divino.Item Uma análise das relações de amizade como um elemento norteador das comunidades primitivas a partir de João 15(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-12-08) MEDEIROS, João Batista Nunes de; GARCIA, Paulo RobertoO conceito de “Amizade” foi apropriado pelos pertencendentes da Comunidade Joanina e reformulado para além do contexto sociocultural do mundo greco-romano, local onde essa comunidade cristã encontrava-se inserida. A narrativa da Parábola da Videira, o ódio que a comunidade enfrentava por parte dos judeus e do mundo, concomitantemente, com a eboluição dos cismas internos, fizeram com que a comunidade fosse buscar na memória desses ditos de Jesus (Jo 15.1-25) um mecanismo que pudesse confirmar sua ligação e conhecimento com o Messias, bem como fortalecer suas relações interpessoais internas. A figura da videira e seus ramos representava a unidade que a Comunidade Joanina revindicava ter com o Messias, assim como, demonstrava a ligação entre o Pai e o Filho, entre o mestre e os seus discípulos. Na questão da relação mestre e discípulos, essa metáfora também serviu para reforçar o tipo de comunhão existente entre Jesus e os seus discípulos, os quais foram promovidos à condição de amigos. O conceito de amigo era um contraponto a condição de escravo, o que serviu para mostrar que na Comunidade Joanina os pertecentes não eram meros executores de ordens, eles desfrutavam do privilégio de conhecer a vontade de seu Senhor. O paradigma da amizade foi o elemento que a Comunidade Joanina escolheu para nortear a construção das relaçõe de seus pertencentes e o seu caminhar histórico como comunidade alternativa no contexto sociocultural do mundo greco-romano, no qual estava inserida.Item A loucura como forma-de-vida: ressonâncias profanas em Giorgio Agamben e Gilles Deleuze(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-03-27) CATENACI, Giovanni Felipe; SOUZA, Vitor Chaves deEste texto visa apresentar a plausibilidade da seguinte tese: É possível concebermos a esquizofrenia, tal como a definiu Gilles Deleuze, em ressonância com a ideia de forma-de- vida postulada por Giorgio Agamben. Conceitualmente, tais afirmações remontam ao fato da secularização inserir no mundo insuspeitos ares de sacralidade e violência, o que a nosso ver torna pertinente o esforço aproximativo das teses destes dois autores; que apesar de suas divergências teóricas, parecem dialogar como veremos, em relação aos diagnósticos e, saídas para os problemas do contemporâneo. Nossa hipótese pode ser traduzida como uma tentativa de pensar o “que vem” messiânico de Agamben, em ressonância com a obra filosófica deleuzeana. Metodologicamente, partimos do texto A imanência absoluta, no qual Agamben faz um comentário à Imanência: uma vida... que por sinal, é o último texto escrito por Deleuze, mas em sintonia com os volumes de Homo Sacer e outros escritos de Agamben, para traçar uma zona de vizinhança entre os dois autores, por intermédio da qual daremos seguimento a nossa análise. Temos por objetivo demonstrar que a loucura em Deleuze, pode ser lida pela perspectiva de Agamben, como forma-de-vida, e não como doença, mas como resistência criativa e produtiva capaz por sua vez de curto-circuitar os dispositivos de governo e axiomatização, em voga nas sociedades de controle hodiernas. É a vida que se encontra como critério último em ambos os pensamentos; liberá-la é o que lhes importa. Não a vida como inclinação natural para verdade, tampouco como projeção consciencial, tal como poderíamos pensar fenomenologicamente, mas, como processo produtivo de singularização, como movimento da própria potência imanente ao vivente, como forma-de-vida. A loucura pode ser vista como uma vida que na medida em que é vivida na imanência de sua forma é capaz de profanar, ou seja, tornar inoperosos os dispositivos religiosos da sociedade de controle, liberando com isso, a potência vital que se encontra aprisionada biopoliticamente pelo Estado de Exceção permanente em que vivemos.Item História e profecia em Israel Norte no século VIII a.E.C: a antiga memória de uma divindade na imagem do touro novo em Oseias 8, 1-14(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-08-11) RIPOLI, Fernando; SANTOS, Suely Xavier dosEsta pesquisa tem por objetivo estudar o culto em Yiśrā’ēl Norte no âmbito da segunda unidade literária oseânica em Oseias 8,1-14, principalmente observando as análises da exegese hebraica, ressaltando a narrativa bíblica de forma literal, o apparatus criticus e as costuras filológicas nas subunidades 8,1-3;4-7;8-10;11-14. Apontaremos os fundamentos do culto e a religiosidade popular à antiga memória de uma divindade reverenciada na imagem do touro novo (ēgel) em Yiśrā’ēl Norte, na localidade de Samaria/Betel. Portanto, o referido culto está incluído nas unidades literárias oseânicas mais antigas da redação de Yiśrā’ēl Norte do século VIII a.E.C. No entanto, para chegarmos a tais constatações na perícope oseânica é necessário considerar as díspares de palavras e perícopes hebraicas, empregadas nas unidades literárias oseânicas no livro atribuído ao profeta Oseias pelos seus redatores. A partir dessas verificações, assinalaremos a construção do culto a esta divindade nos âmbitos da comunidade israelita. Consequentemente o deus YHWH era adorado na imagem deste touro novo, e a troca desta antiga memória (‘aṣāv – imagem) cúltica pela nova imagem trouxe uma forte crítica do profeta Oseias. Elucidaremos que esta antiga tradição era praticada pelos israelitas devido às suas condições existenciais implantadas por meio de suas práticas cúlticas ao longo do desenvolvimento de Yiśrā’ēl Norte. E, principalmente, por esta tradição estar amparada na veneração do touro novo e por ser-lhe atribuída a libertação do povo do Egito. As unidades literárias atribuídas ao profeta Oseias nos ajudarão a compreender o culto a esta divindade na imagem e forma de um touro novo em Yiśrā’ēl Norte. Os conteúdos destas unidades literárias foram redigidos e implantados com a finalidade de preservar a memória cultural dos israelitas em Yiśrā’ēl Norte, e a construção da religiosidade popular nos auxiliou a entender a crítica do profeta Oseias no século VIII a.E.C., no período do reinado de Jeroboão II (788-747).Item David Keirsey e a religião: o papel da tipologia na compreensão de perfis religiosos(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-03-20) STAROSKY, Enio; SOUZA, Vitor Chaves deEsta pesquisa pretende estudar o papel dos tipos de David Keirsey na compreensão de diversos perfis religiosos. Essa proposta apresenta-se como metodologicamente apropriada e efetiva na identificação, caracterização e compreensão dos vários tipos no campo religioso. Essa compreensão é tanto mais necessária quando se considera, entre outras razões, que a religião é – também do ponto de vista do temperamento – universal, para todos e que cada líder tem seu tipo específico. E que, especialmente para o líder religioso, é muito necessário evitar o preconceito psicológico de que seu tipo é o “correto” no que diz respeito à religião e seus valores. Conhecer o próprio estilo é uma base segura para exercer uma boa liderança, pois permite compreender e apreciar e valorizar todos os outros tipos, que ocorrem nas igrejas. “Compreender” é precisamente uma palavra chave para Keirsey (integra o próprio título de seus dois livros principais: Please Understand me – I & II) e é um imperativo para as religiões e igrejas. E ademais, não por acaso, de acordo com Pieper, é também palavra chave em nossa metodologia do “tipo ideal” pela Verstehen. A partir dessa base a presente tese examina e discute os conceitos e tipos de Keirsey – os quatro pares de preferências I/E, S/N, F/T e J/P; os quatro temperamentos SP, SJ, NF e NT; e os dezesseis tipos mais detalhados – em suas relações com preferências em diversas dimensões religiosas: espiritualidade, devoção, liderança, pregação, vida cristã, moral, pastoral, política etc.Item A religião na restauração pernambucana e sua repercussão no imaginário cívico regional(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-11-03) DONDA, Elaine Martins; WIRTH, Lauri EmilioO objetivo desta tese é analisar, a partir do campo das Ciências da Religião e da História, a presença da religião no evento conhecido como Restauração Pernambucana (1645-1654), especialmente em suas principais batalhas (1648-1649). A pesquisa intenciona compreender o papel da religião nas tensões coloniais entre luso-brasileiros e holandeses em dois níveis de sentido. Em primeiro lugar pretende mostrar como controvérsias religiosas entre católicos romanos e protestantes calvinistas foram assimiladas e ressignificadas no contexto da ocupação do Nordeste brasileiro pelos holandeses. Em segundo, analisar sua repercussão no imaginário cívico regional, tendo como suspeita a apropriação a posteriori deste evento por expressões de civismo regional. Para isso, esse trabalho será dividido em quatro etapas: (1) Apresentar o contexto da Capitania de Pernambuco, considerada como importante núcleo da produção açucareira e seu campo religioso, com hegemonia católica e, a partir de 1630, destacar aspectos do Brasil holandês com ênfase nas práticas religiosas dos holandeses, em sua maioria, de confissão reformada. (2) Descrever fatores externos e internos que desencadearam a Restauração Pernambucana (1645-1654) e como as divergências religiosas aguçaram as tensões, desencadeando a insurreição luso-brasileira. (3) Analisar as principais narrativas coevas e algumas posteriores acerca da Restauração Pernambucana a fim de compreender como a narrativa sobre a intervenção de Nossa Senhora dos Prazeres nas principais batalhas foi construída. (4) Verificar como as produções artísticas, especialmente ex-votos e painéis produzidos no século XVIII e XIX contribuíram para a alimentação do imaginário cívico regional.