Programa de Pós-Graduação em Educação

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A (des)humanização do estudante de engenharia sob o olhar de um professor-engenheiro
(Universidade Metodista de São Paulo, 2021-09-23) GOMES, Marcelo Marques; FURLIN, Marcelo
Este trabalho busca investigar, dentre os aspectos que interferem na formação humanista do aluno do curso de Engenharia do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN-IMT), as percepções desses discentes acerca da influência da graduação em Engenharia e da formação de seus professores. Nessas percepções, buscou-se ainda capturar as percepções dos impactos dessa humanização (ou a carência dela) em sua atuação como Engenheiro, contrapondo-se ou corroborando com minhas próprias percepções sobre minha formação como Engenheiro. Essas percepções foram captadas à luz dos conceitos de alta modernidade, de acordo com Bauman (2001), Giddens (2012) e Hannah Arendt (2017), e dos conceitos de contemporaneidade de Agamben (2009). Nota-se que aspectos humanos e sociais, fundamentais para o convívio em sociedade, por vezes são deixados de lado em prol de uma formação altamente tecnicista, levando o futuro profissional a um exílio do humanismo. Foram realizadas entrevistas episódicas com seis alunos, de séries diversas. Foram utilizados conceitos da Pesquisa Narrativa, conforme Clandinin e Connely (2011) e Passeggi (2011), que se mostraram, para essa investigação, uma alternativa apropriada em relação à pesquisa tradicional, sobretudo para esse tipo de aproximação, em que se pretende legitimar a voz do sujeito interlocutor. As entrevistas apontaram para deficiências na formação do professor de Engenharia, sobretudo nos aspectos humanísticos, uma vez que são Engenheiros em sua maioria e tiveram em seus professores, também Engenheiros sem formação humanística os únicos exemplos antes de abraçarem a carreira docente. Foi apontada também a pouca importância dada ao humanismo ao longo do curso, o que verificou-se como fato histórico. Ao final, é feita uma proposta de trilha de capacitação docente, composta por quatro módulos e com 12 horas de duração, a ser oferecida ao corpo docente do IMT por meio da Academia de Professores do IMT, com o objetivo de despertar no professor a reflexão sobre sua própria atuação como professor humanizador.
Aplicações dos princípios da justiça restaurativa à mediação escolar
(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-03-10) CANDIDO, Valéria Bressan; FURLIN, Marcelo
Solucionar conflitos vem sendo, ao longo da história da humanidade, uma busca incessante. Esta pesquisa teve como objetivo analisar como a aplicação dos princípios da Justiça Restaurativa na Mediação Escolar pode ser uma maneira eficaz para as soluções dos conflitos existentes nesse ambiente. Por meio de um comparativo teórico filosófico, entre os quais destaco: Leoberto Brancher (2006); Kay Pranis (2010); Howard Zehr (2008, 2012); Niklas Luhmann (2016) e Bakhtin (2009, 2012), e de trabalhos que começam a surgir sobre o tema, buscou-se construir um ambiente seguro para a observação da atuação de professores, mediadores e profissionais da educação e de diversos saberes que trabalham, de forma interdisciplinar, amenizando os danos causados aos atores envolvidos em lides e conflitos escolares. Os participantes da pesquisa foram professores, mediadores escolares, diretores de escola, coordenadores pedagógicos, alunos, funcionários da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e um promotor de justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, que atua diretamente no estudo dos problemas da educação do estado. Ao cotejar as experiencias observadas durante a pesquisa dentro do território nacional com as experiencias internacionais trazidas à colação, pudemos alcançarb resultados reveladores que, embora ainda tímida, a mediação escolar, quando aliada aos princípios restaurativos, podem produzir soluções satisfatórias aos conflitos, trazendo aos envolvidos a sensação de pertencimento dos jovens e adolescentes no universo escolar. Os dados demostraram que este tipo de política pública é importante e que pode trazer a médio e curto prazo resultados positivos: melhora da qualidade das relações humanas, empoderamento social e satisfação pessoal, no entanto, muito há que se fazer para a busca da pacificação escolar.
Conhecer para ensinar: as narrativas de Daniel Parish Kidder sobre o Brasil sob a perspectiva da educação cristã
(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-01-31) COSTA, Eber Borges da; FURLIN, Marcelo
A presente pesquisa analisa as narrativas do missionário e educador cristão Daniel Parish Kidder (1815-1891) que esteve no Brasil na primeira metade do século XIX e registrou suas impressões a respeito do país, de seu povo e de suas instituições. O trabalho parte da hipótese de que há uma compreensão particular de educação cristã nas suas narrativas, motivada pelo desejo de conhecer o outro. Esse movimento de conhecer para ensinar produz relatos que contribuem para uma melhor leitura da relação entre educação e religião no Brasil e para a compreensão da educação cristã e seus impactos na sociedade. Aborda-se a educação cristã numa perspectiva protestante, num trabalho interdisciplinar que traz para o campo da Educação uma expressão da área das Ciências da Religião e da Teologia. Considera-se que as comunidades religiosas cristãs são importantes espaços de educação não formal em que concepções de mundo, conceitos e preconceitos são formados. Recorre-se aos eventos fundantes da prática educativa das igrejas cristãs no Brasil, como a educação jesuíta e a educação protestante para contextualizar a atuação de Kidder e suas narrativas. O objetivo da pesquisa é analisar essas narrativas em busca da sua visão da educação cristã, com sua amplitude e limitações, e como Kidder se aproxima de uma outra cultura no movimento de conhecer para ensinar. Implicitamente, ele faz a pergunta pelo lugar de sua atuação e pelas pessoas às quais pretende ensinar. Esta é uma pesquisa qualitativa feita com as bases da Pesquisa Narrativa e pesquisa bibliográfica a respeito da educação cristã no Brasil, destacando a estreita relação entre educação e religião, ao mesmo tempo que problematiza essa relação. Recorre- se aos conceitos de Freire de inacabamento, dialogicidade e amorosidade na problematização desses temas e na proposição de pistas para uma educação cristã socialmente relevante. Como resultado da leitura e análise das narrativas de Kidder, vem à tona uma necessária ressignificação da educação cristã na dimensão do diálogo e do cuidado; uma educação cristã que, a exemplo de Kidder, faça a pergunta pelo mundo e pelas pessoas que pretende ensinar. Respondê-la passa por considerar as ambiguidades e tensões que marcam tanto a educação cristã quanto o mundo e as pessoas que o habitam e o constroem.
Educar sem (De)Formar: contribuições foucaultias para a filosofia da educação
(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-03-05) MANTOVANI, José Pascoal; FURLIN, Marcelo
O foco deste trabalho é relacionar a Filosofia de Michel Foucault com o tema da Educação. A hipótese desta tese é: para compreender a constituição da subjetividade do sujeito é necessário revisitar narrativas do cotidiano de personagens que vivenciam o fenômeno Educação. Tais narrativas auxiliam na percepção dos traços deformativos inerentes a Educação contemporânea, bem como seus desdobramentos e intencionalidades ao que se refere ao ato formativo. Apresenta-se narrativas de discentes e docentes com o intuito de compreender o impacto da Educação nesta atividade constitutiva. Aferiu-se a necessidade da desconstrução de subjetividades, a fim de que outra subjetividade do ser se viabilize. O método que acompanhou esta tese foi o pós-estruturalismo e o materialismo histórico dialético. Como referências bibliográficas, contou-se com os textos de Foucault, além dos comentários de Castro, Veiga-Neto, Deleuze, Gutting, Bakthin entre outros. Esta pesquisa foi fracionado em quatro temas, mas, para fins didáticos, dividida em cinco seções: o primeiro capítulo trata do conceito Educação; a segunda e terceira seção tratam dos domínios foucaultianos; a quarta seção apresenta a teoria narrativa que auxiliará na hermenêutica nas narrativas; na quinta e última seção, busca-se a dialética entre a filosofia de Foucault, a teoria narrativa e as narrativas das personagens que corroboraram com este trabalho. A peroração desta investigação circula no duplo formativo/deformativo presente no impacto da educação na constituição da subjetividade. A tese defendida é que o papel deformativo da educação contemporânea está comprometida com elementos relativos ao sujeito e não a formação e constituição do ser. A expectativa é que o desfecho desta tese auxilie na interpretação e articulação da filosofia de Foucault com o tema da educação, além de contribuir para futuras pesquisas no campo da Filosofia da Educação e Formação de Educadores.
Engenharia, docência e discência: narrativas sobre avaliação
(Universidade Metodista de São Paulo, 2021-04-05) MATTA, Eduardo Nadaleto da; FURLIN, Marcelo
O professor do século XXI não é mais aquele que ensina, é um profissional que deve estar em constante busca por recursos para intermediar o aprendizado e despertar o interesse de seus alunos. A educação do século XXI não é similar à do século passado devido às mudanças culturais pelas quais o mundo passou, estando dedicada à aprendizagem e não ao ensino. Notadamente, a pedagogia adotada nos cursos de Engenharia está inadequada à aprendizagem dos educandos. A partir dessas considerações, o problema desta investigação é: “Considerando que os alunos de um curso de Engenharia chegam à universidade trazendo novas e diferenciadas experiências educacionais, deve-se continuar avaliando-os tal como se avaliava no sistema de ensino tradicional?”. Para este estudo, foi utilizada a pesquisa narrativa com o objetivo de investigar, sob a ótica do professor e do aluno, em suas narrativas, algumas ideias sobre o processo de avaliação atual de uma Instituição de Ensino Superior da região do grande ABC paulista. Conforme apontado por Clandinin e Connelly (2011), a pesquisa narrativa deve ser entendida como uma forma de compreender a experiência humana, uma vez que estuda histórias vividas e contadas, tendo como base a reconstrução de acontecimentos sociais a partir do ponto de vista do entrevistado, sendo a finalidade da entrevista colher e ouvir, em sua singularidade, a fala de uma pessoa em um momento específico de sua existência e de sua experiência. A partir das entrevistas, notou-se a necessidade do desenvolvimento de um processo avaliativo que supere o modelo de avaliação classificatória e autoritária, convertendo-a em instrumento de aprendizagem. A avaliação, que deve ter uma função diagnóstica para auxiliar cada educando no seu processo de crescimento para a autonomia, deve preocupar-se com o processo de apropriação dos saberes, pelo aluno, mediados pela intervenção ativa do professor. Segundo Anastasiou e Alves (2007), a avaliação, normalmente centrada no professor e realizada no final das disciplinas, precisa ser centrada no aluno e na aprendizagem como parte integrada do currículo, tirando o aluno do papel passivo, reforçando o papel formador da avaliação. Em seus trabalhos, Luckesi e Chaves (2000, 2001) lembraram que o ato de avaliar implica a disposição de acolher e libertar, sendo uma importante ferramenta à disposição dos professores para alcançar o principal objetivo da escola: fazer com que os estudantes evoluam. Assim, a melhoria no processo de ensino-aprendizagem depende de uma reestruturação, principalmente no que diz respeito à avaliação, bem como o desenvolvimento de novas habilidades por parte do corpo docente. A partir da escuta sensível de professores e alunos e dos desafios da Engenharia para o século XXI, que impõem mudanças necessárias na formação dos engenheiros, este trabalho propõe uma trilha de formação docente em avaliação que busca transformar a avaliação em um instrumento de aprendizagem e, ao mesmo tempo, em um instrumento de reflexão e tomada de consciência do desenvolvimento acerca do processo de ensino e aprendizagem.
Entre o fracasso e o sucesso escolar: os forasteiros de Cumuruxatiba-BA
(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-02-25) SANTOS, Glauco Fernando Silva; FURLIN, Marcelo
Esta tese investiga as atitudes pedagógicas de educadores que decidiram ao longo da vida, experienciar novas formas de trabalho distantes da sua terra natal e do seu ambiente de formação profissional. Sendo assim, os educadores forasteiros como são conhecidos vivenciam o fracasso escolar e buscam soluções, em alguns momentos “clandestinas” para o sucesso dos sujeitos ao longo da escolarização. Desse modo, pretendemos compreender por meio de entrevistas semiabertas, como os professores constroem possibilidades de resistir as estratégias do aparelho escolar em disseminar a ideologia dominante, e quais são as possíveis saídas levando em conta a problemática do peso educacional do capital cultural e o caráter socialmente seletivo do sistema escolar. A pesquisa tece reflexões teóricas a partir das teorias críticas, principalmente sob a luz de estudiosos da sociologia da educação e críticos do sistema capitalista de ensino, para compreender os agentes de exclusão cultural presentes nas práticas escolares. Portanto, propomos um diálogo com educadores “forasteiros” que atuam na educação de Cumuruxatiba, distrito de Prado, munícipio do extremo sul do Estado da Bahia, a fim de levantar hipóteses sobre o fracasso e o sucesso escolar em um contexto pluricultural.
Formação para a diversidade sexual e de gênero na escola: os docentes estão preparados?
(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-12-16) RODRIGUES, Frank Menezes; FURLIN, Marcelo
Esta pesquisa aborda as questões de diversidade de gênero e sexualidade na escola, pela perspectiva da formação docente para lidar com essa realidade mais explícita atualmente nas escolas. Nesse sentido, o problema de pesquisa centra-se no seguinte questionamento: de que modo as temáticas sobre gênero e sexualidade estão sendo inseridas na formação de professores para atuação escolar? Para tanto, adotou-se como objetivo geral averiguar como as temáticas relativas a gênero e sexualidade são incorporadas na formação docente para a atuação na escola. Este tema se justifica a partir do crescimento quantitativo de pessoas que assumem não se identificar com o sexo designado no nascimento e sua vivência na escola, o que requer do docente uma nova postura frente às novas realidades interpostas em sua atuação. Adota-se como hipótese de pesquisa: A inclusão de discussões sobre diversidade de gênero e sexualidade na formação docente contribui para a inclusão e o respeito de alunos e alunas LGBTQIAPN+ no âmbito da escola pública. A metodologia é qualitativa e exploratória, a partir dos métodos revisão bibliográfica e pesquisa de campo, realizada por meio de entrevista de profundidade com docentes em meio virtual com roteiro semiestruturado. Para tratamento dos dados produzidos, adotou-se a análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que os docentes não possuem formação adequada para lidar com as questões de gênero e sexualidade na escola, por falta da presença desta temática nos cursos de formação inicial e continuada, pela desconsideração destes após a formação e, sobretudo, na escola. Também é evidenciada a ausência de suporte da escola na orientação de docentes sobre como deve ser sua atuação frente aos alunos e a diversidade na escola. Foi possível constatar que os docentes reconhecem que ainda não há embasamento da escola para sua atuação sobre como lidar com a diversidade e a inclusão da temática dos alunos LGBTQIAPN+ na escola. A pesquisa conclui que há necessidade de inserção das questões de gênero e sexualidade nos cursos de formação inicial e continuada para docentes, assim como a escola deve preparara os professores para lidar com as demandas da realidade social que se apresentam na escola.
Histórias, memórias e trajetórias das professoras e dos professores do ensino fundamental I no município de São Sebastião/São Paulo (1996-2023)
(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-08-15) SALES, Rita Ribeiro Pinheiro; FURLIN, Marcelo
O presente trabalho propõe-se ao registro e à reconstituição das histórias, memórias e trajetórias dos professores no município de São Sebastião. Esta pesquisa mostra-se relevante no sentido de elucidar o quanto é possível desvendar uma cultura e um pensamento a partir do ato de falar e de como as pessoas encerram dentro de si muitos laços que compõem uma comunidade. É preciso, então, oportunizar ao professor o protagonismo de sua ação, reflexão e contribuição, como um agente responsável por transmitir às gerações, por meio dos saberes docentes, o conhecimento, a investigação e o respeito à história e à memória da sua cidade. Assim, entendemos que a pesquisa narrativa é um caminho para a inserção das histórias dos professores nas páginas da história desse município. Como proposta metodológica, o estudo baseia-se na pesquisa qualitativa narrativa e autobiográfica. Com base em Clandinin e Connelly (2015), o estudo trata da reconstituição de histórias vividas, compartilhadas pelos participantes da pesquisa, por aqueles que narram suas experiências e por aqueles que as interpretam em face das questões e objetivos da pesquisa. Apresentamos como objetivos desta pesquisa: ouvir, conhecer, compreender e relatar os aspectos da profissão, tendo como suporte a narrativa da trajetória desses professores em atuação no município. Neste sentido é que colocamos o seguinte problema de pesquisa: a narrativa de história, memória e trajetória de professores pode ajudar na construção, no fortalecimento e no reconhecimento da identidade docente no município? Para responder a esse questionamento é importante que o sujeito esteja disposto a analisar criticamente a si próprio. Desse modo, o trabalho foi organizado em quatro momentos: a história da educação, as memórias dos professores, a metodologia da pesquisa e a trajetória acadêmico-profissional pela voz dos participantes da pesquisa. Cabe aqui ressaltar que pensar nos relatos da história de vida dos professores pode ser, por meio das narrativas, um exercício de construção do conhecimento e de fortalecimento da identidade docente. O estudo permitiu inferir que a identidade trajetorial docente é uma marca forte da educação do município e reiterou a importância da documentação, da escrita de si, de sua própria prática, da reflexão crítica sobre ela e da publicização dos professores do Ensino Fundamental I a partir de suas narrativas. Desse modo, consideramos interessante que tais aspectos sejam frequentemente estimulados desde o início da formação de professores no contexto educacional, não somente com vistas às memórias docentes, que ficarão eternizadas nos escritos, como também pelo conhecimento que o registro do patrimônio sócio-histórico-cultural da cidade pode possibilitar a educadores e sociedade em geral.
O arte-educador ironista e o seu horizonte hermenêutico: linguagens, narrativas e contextos
(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-08-29) GONZAGA, Jonas Marcelo; FURLIN, Marcelo
A presente tese intenciona a investigação e problematização da atuação contemporânea do arte-educador ironista, propositado por Imanol Aguirre (2009), cujo arquétipo é sugerido na personificação do Sócrates platônico, que não tarda em ironizar em seus diálogos pedagógicos e contundentes, alicerçando-se na potência da linguagem ao inserir os seus interlocutores numa espiral de dúvidas ante os conhecimentos pré-estabelecidos. Os matizes socráticos são problematizados em interface à teoria ironista à luz de Platão (2008; 2017), Soren Kierkegaard (1991; 2013), Friedrich Nietzsche (1999; 2005; 2007), Jean-Joël Duhot (2004), G.B. Kerferd (2003), Nicolas Grimaldi (2006), Marina McCoy (2010), Walter Omar Kohan (2011), Françoise Waquet (2010) e D.C. Muecke (2008). Neste sentido, os primeiros ecos ironistas encontram ressonância epistêmica e lexical com o ironista liberal, apresentado por Richard Rorty (2007), tendo por horizonte a constituição contemporânea da identidade do educador ironista. A pesquisa consiste num estudo de natureza qualitativa e assume por metodologia, a Pesquisa Narrativa, com destaque à autoria de Connely e Clandinin (2011) e Elizeu Clementino de Souza (2006; 2008), cuja dialogia abarca as contribuições de Marie-Christine Josso (2004) e Jorge Bondía Larrosa (2002; 2011). O conjunto da pesquisa ganha contornos da Hermenêutica de Paul Ricoeur (1990; 2010; 2014; 2015; 2019) ao acenar à compreensibilidade humana intuída por meio do mundo do texto. A tessitura da tese se completa com cinco narrativas docentes da rede pública do Estado de São Paulo, da área de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte e Educação Física) a partir de sua formação docente-identitária com possíveis traços ironistas em sua atuação e experiência, ante os desafios postos nos processos de ensino-aprendizagem na/da contemporaneidade.
Pedagogia virtuosa: os mo(vi)mentos da formação docente universitária
(Universidade Metodista de São Paulo, 2022-06-28) SANTOS, Fabiana Cabrera Silva; FURLIN, Marcelo
A formação docente universitária tem assumido lugares importantes nas pesquisas educacionais. Este horizonte vislumbra, dentre eles, caminhos emergentes que molduram os saberes indispensáveis à prática pedagógica (Pimenta, 2012). Nesta linha diretiva, a pesquisa tem como objetivo interpretar as narrativas docentes dos professores para compreender o (s) lugar (es) de construção dos seus saberes pedagógicos e identidade profissional docente. Na inspiração da hermenêutica ricoeuriana do texto, o percurso teórico-metodológico do trabalho com narrativas alarga os pilares desse espaço quando recoloca as narrativas, nas ciências humanas, como lugar de possibilidades e materialização dos sentidos das experiências docentes vividas. Nesse viés, é a partir da tríplice mímesis (I, II e III) de Ricoeur (2010) que as narrativas dos cinco professores universitários foram desdobradas e apontam aproximações e distanciamentos, na perspectiva do arco hermenêutico, sobre a docência universitária. Na mímesis I, da vida antes do texto, os professores-narradores imprimem as linhas matriciais da docência: como uma atividade que se faz a partir de modelos exitosos de práticas e técnicas mágicas que, muitas vezes, se distancia dos espaços de reflexões críticas e dos saberes científicos que possibilitam tematizar as bases epistemológicas dos fundamentos da educação. A vida no texto que compreende a mímesis II as vivências assumem o protagonista estrutural do texto narrado e o lugar da docência sustentada no saber experencial que emerge de escolhas acidentais e, nesse cenário, atende aos objetivos mercadológicos da educação. A mímesis III sendo a dimensão formativa que compreende o círculo mimético propõe o transbordamento narrativo que busca a ação. Nesse instante, a proposição da pedagogia virtuosa que busca narrativas aberta, como lugar vivo, que rompe, religa e projeta novos horizontes para pensar a docência universitária. As vias interpretativas propõem, como lugar para a construção dos saberes pedagógicos, os processos avaliativos como espaço práxico sobre a docência. Ademais, a pedagogia virtuosa como lugar de autoformação quando convida o conhecimento de si na relação com o outro. Assim, a pedagogia virtuosa que busca ampliar os limites da docência viciosa como lugar de construção da identidade docente.
Políticas de militarização de escolas públicas no contexto do avanço da extrema direita: análises em uma escola no Acre
(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-08-16) MOTA, Pedro Gonçalves; FURLIN, Marcelo
Com o avanço de ideologias de extrema-direita, diferentes pautas antidemocráticas e excludentes ressurgiram no cenário político nacional, dentre as quais, o fenômeno da militarização das escolas públicas. O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, instituído no governo do ex-presidente Bolsonaro, em 2019, foi revogado com o retorno de Luís Inácio Lula da Silva à presidência, em 2023. Entretanto, os estados retêm a autonomia para manter a gestão compartilhada cívico-militar, fato que tem gerado questionamentos sobre a função social e educacional da escola e a concepção da formação discente pautadas nos documentos e diretrizes educacionais diante das práticas militarizadas das escolas públicas cívico-militar. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi compreender aspectos estruturais e conjunturais das políticas educacionais de militarização das escolas públicas, a partir de sua implementação em uma escola no estado do Acre. Trata-se de uma pesquisa exploratória, qualitativa, configurada pelo estudo de caso da Escola de Ensino Fundamental e Médio Cívico-Militar Esparta. Questionários foram aplicados a 15 familiares de alunos, 8 docentes e 15 discentes, seguidos de entrevistas com 3 familiares de estudantes, 3 discentes e 3 docentes. Além disso, foram analisados documentos internos institucionais da escola foco deste estudo, como o planejamento pedagógico e o regimento interno. As escolas cívico-militares inserem-se em uma conjuntura política reacionária, emergindo de um grupo político ultraconservador, militarista e ideológico, alinhado com a política neoliberal. A institucionalização dessas escolas, vinculada à ideologia de extrema-direita, utiliza métodos pedagógicos militares com ênfase em obediência, hierarquia, disciplina, patriotismo e meritocracia, sob o discurso de aprimorar a qualidade da educação e reduzir a violência e evasão escolar. Os resultados evidenciaram que há divergências entre a formação proporcionada pelas práticas educacionais militarizadas e as funções e objetivos da escola na formação discente previstas nos documentos norteadores da educação nacional. A percepção dos familiares, discentes e docentes, demonstra aprovação ao modelo militarizado, enfatizando, principalmente, questões relacionadas à diminuição da violência no ambiente escolar e ao aumento da disciplina por parte dos estudantes. Entretanto, a formação cidadã pautada em princípios da inclusão, tolerância e solidariedade, bem como o respeito ao Direito à Educação para todos, distancia-se das prioridades das práticas e formação militarizadas. Conclui-se que o ambiente das escolas cívico-militares tende a enfatizar a conformação da personalidade dos estudantes a um modelo caracterizado por simbologias militares, padronização da aparência e comportamentos legitimados pelos princípios da hierarquia e da rigidez disciplinar.
ProUni como via de acesso à educação superior: entre a democratização e a expansão do ensino privado
(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-06-08) PRADO, Marciano do; FURLIN, Marcelo
A pesquisa apresenta uma análise do Programa Universidade para Todos (PROUNI), uma das políticas de acesso ao ensino superior, implementada a partir do ano de 2005, no Brasil. A justificativa dessa investigação decorre da premissa assumida pelo Prouni de democratizar a educação superior por meio da concessão de bolsas de estudos integrais e parciais em instituições privadas de ensino. Procura-se responder a seguinte questão: de que maneira o Prouni buscou promover a democratização do ensino superior no Brasil? Considera-se a hipótese que o Prouni pode ser compreendido pelo viés da política de conciliação de classes, no qual diferentes interesses são atendidos com sua implementação: tanto o setor da educação privada lucrativa, assim como o das classes subalternas que veem em um governo de base popular a oportunidade de acesso à direitos educacionais que até então lhes foram negados. Esta pesquisa fundamenta-se em uma metodologia de natureza qualitativa, a partir de análise descritiva, documental e bibliográfica, propõe se debruçar sobre os documentos que constituíram a Lei 11.096 de janeiro de 2005, discutindo as principais mudanças ocorridas em seu projeto, a partir das forças e grupos sociais que atuaram em seu processo de aprovação. Seguindo pela análise de críticas que apontam as principais deficiências desse programa, na qual identifica-se como um mecanismo de transferência indireta de recursos públicos para o setor privado. Considera-se o conceito liberal de cidadania como possibilidade de participação e integração nas estruturas sociais na perspectiva de Thomas Marshall, embora identifique limites de construção desses ideais no contexto da sociedade capitalista, principalmente na conjuntura neoliberal. Pondera- se sobre o acesso a educação como fundamento para ampliação dos direitos de cidadania, na perspectiva de Anísio Teixeira e Antônio Cunha. A pesquisa orienta-se a partir do materialismo histórico e dialético gramsciano, considerando possibilidades de brechas nas estruturas do capitalismo como oportunidades de transformações sociais através da construção do consenso. A análise do desenvolvimento e resultados do Prouni foi conduzida pela reunião de dados oficiais e índices de pesquisas que destacam impactos, mudanças e limites identificados nessa política de acesso ao ensino superior, e concluiu que o Prouni caracteriza-se como uma política de conciliação de classes.
Teologia/EAD UMESP (2016): relatos, memórias e depoimentos
(Universidade Metodista de São Paulo, 2023-12-15) SANTOS, Suely Xavier dos; FURLIN, Marcelo
A Faculdade de Teologia/UMESP surge do anseio da Igreja Metodista em formar pastores no final do século XIX. Fundamentada nas premissas educacionais da origem do metodismo wesleyano, que aliava a fé ao exercício da cidadania, e ampliada a partir do tripé devoção-educação-ação social, a educação teológica se desenvolveu a fim de que pastores pudessem realizar suas funções de maneira a cumprir, também, um importante papel social. Essa característica se aprofundou ainda mais com o crescimento da Faculdade de Teologia, em termos numéricos e de conceito, como também a partir do reconhecimento do curso pelo MEC. Nesta esteira, surge um Curso Teológico que extrapola sua proposta inicial tornando-se um importante centro de formação de pessoas que atuam tanto no ministério pastoral, como na área de promoção humana, e que tem um crescimento expressivo quando é integrado aos demais cursos da Universidade Metodista de São Paulo e passa a ser oferecido na modalidade a distância. Assim sendo, esta pesquisa trabalha os primórdios da educação metodista, bem como o surgimento da Faculdade de Teologia, da Universidade Metodista de São Paulo e do Curso de Teologia/EAD, tendo como aporte metodológico a Pesquisa Narrativa com vias de interpretação em Paul Ricouer. Neste sentido, a pesquisa se vale do recurso da pesquisa narrativa para estudar a tríade relatos-memórias-depoimentos. Esta se refere aos relatos da pesquisadora, à memória de egressos do Curso de Teologia/EAD e aos depoimentos de ex-docentes da Faculdade de Teologia. Tais narrativas constituem-se a base para a resposta da seguinte questão: Quais os marcos do texto Faculdade de Teologia e como esse texto foi lido, relido e como afetou discentes da EAD e docentes ao longo do tempo? Essa pergunta visa responder aos seguintes objetivos: discorrer sobre como o fazer Teologia na modalidade a distância, no Curso de Teologia/EAD, implicou no alcance de uma experiência de si e do outro na construção de um universo simbólico que abarque a vivência do cotidiano, no período de formação e no momento seguinte à ele; descrever como os egressos avaliam e narram suas experiências, assim como expõem o seu olhar durante e após o curso e como essa narrativa permanece na construção do cotidiano de cada um. De igual modo, também visibiliza as narrativas de ex-docentes e da pesquisadora sobre a Faculdade de Teologia, e como esse texto é lido em perspectivas diferentes, em consonância com a pesquisa narrativa e a hermenêutica ricoueriana, a partir da tríplice mimesis.
Vozes eco(antes) e diá(logos) atuais na literatura infanto-juvenil: a empatia histórica em contextos de guerra nos anos iniciais do ensino fundamental
(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-03-25) WOLFSOHN, Andrea Christina; FURLIN, Marcelo
Este estudo busca analisar o Desenvolvimento Moral e Empatia Histórica em um projeto baseado em livros de literatura infanto-juvenil, para anos iniciais do Ensino Fundamental. Consiste na leitura, compreensão e desenvolvimento de uma sequência didática sobre o conteúdo destes livros, para compreender como a restrição dos direitos humanos básicos pode gerar injustiças em todos os contextos, agravadas por contextos de guerra. Tem-se como objetivo geral descrever uma experiência de desenvolvimento de projeto de Educação em Valores e Direitos Humanos e Empatia Histórica nos anos iniciais do Ensino Fundamental a partir de livros da literatura infanto-juvenil de relatos testemunhais, e como objetivos específicos: refletir sobre a educação em valores e a educação em Direitos Humanos e seu papel na formação docente para seu efetivo trabalho em sala de aula; e refletir sobre o desenvolvimento moral da criança e como ele se vincula aos projetos de empatia histórica. Optou-se como método a pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, amparada pela história de vida, por meio da qual se narra a experiência pedagógica vivida em que se transformam vidas e o mundo ao mesmo tempo. Os resultados demonstraram que a sequência didática proposta está descrita desde o processo de escolha dos livros, como cada livro se insere no projeto em forma gradativa, indo do desenvolvimento moral à empatia histórica a fim de compreender o mal causado pelo genocídio pelas guerras.

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