Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião

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Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião

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    A demonização da mulher: do mito dos vigilantes ao cristianismo primitivo
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-05-13) SOUSA, Jonatas de; NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza
    A pesquisa propõe uma análise da representação das mulheres no cristianismo primitivo a partir de textos da literatura judaica do período do Segundo Templo e sua recepção na tradição paulina. Analisaremos como as mulheres são apresentadas no judaísmo tardio e no cristianismo primitivo a partir de discursos de depreciação que às relacionam com o impuro e o demoníaco. Em busca de uma abordagem que contemple as literaturas do judaísmo tardio e do ponto de vista das várias relações e trocas culturais, a pesquisa se propõe a pensar as identidades cristãs como fruto de um movimento amplo de recepção literária e imaginária. Nessa perspectiva, analisaremos textos que tratam da formação da cultura e do imaginário em torno da mulher no cristianismo primitivo de tradição paulina. Utilizaremos como fontes, textos da tradição judaica como o Mito dos Vigilantes, o Livro dos Jubileus, o Testamento de Rubén e o texto de tradição paulina de I Timóteo.
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    Qual a mensagem profética?: um estudo de Amós 5,1-17
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-27) BRÍTEZ FIGUEREDO, Oscar Javier; CARNEIRO, Marcelo da Silva
    A presente dissertação oferece algumas sínteses sobre alguns aspectos da investigação sobre o livro do profeta Amós na pesquisa mais recente. Partindo de estudos sobre contextos históricos, estudos hermenêuticos realizar-se-á uma exegese de Amós 5,1-17. Amós foi um personagem histórico ou uma figura literária apenas? A resposta a essa pergunta é bastante intrigante e ainda não é definitiva, como se verá. Também, e sobretudo, busca-se oferecer uma resposta à pergunta: qual a mensagem do profeta? Para tal finalidade toma-se como base a já mencionada perícope. Primeiramente tentar-se-á argumentar sobre a possível unidade do texto para depois identificar e entender sua mensagem e reconhecer seu(s) destinatário(s).
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    O projeto ético-político do kuyperianismo: apontamentos históricos, teológicos e seu processo de recepção no Brasil contemporâneo
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-10) ALMEIDA, Vinnícius Pereira de; RENDERS, Helmut
    O presente estudo se ocupou de investigar a trajetória do teólogo e estadista holandês, Abraham Kuyper. Como objeto da pesquisa, os nexos entre sua biografia e propostas para a educação, a questão social, a igreja e o cenário político, apresentam a gênese do neocalvinismo enquanto um movimento que legitima a compreensão da soberania divina sobre todas as esferas da vida, vinculada ao posicionamento de comprometer-se com a arena pública. Como demonstrado no capítulo primeiro, Kuyper liderou a edição de um jornal e um partido político, instituiu a Universidade Livre de Amsterdam, participou de um movimento para a fundação da Igreja Reformada Livre e proferiu as Palestras Stone. A sequência do capítulo segundo demonstra o desenvolvimento da perspectiva kuyperiana e seu pensamento teológico, que sustentou o reconhecimento de um projeto ético-político. Em seguida, é apresentado no capítulo terceiro, por intermédio de pesquisa bibliográfica, o processo de tradução e publicação de obras no campo da filosofia reformacional e das instituições que acolhem e promovem o pensamento neocalvinista no Brasil. Nas considerações finais foram explicitados os elementos que este estudo pôde acessar e destacados os aportes analíticos: dos desafios de se contextualizar uma teologia holandesa do século XIX no Brasil do século XXI, e, das possibilidades de contribuir agregando novos elementos teórico-metodológicos e linhas de ação para a articulação da fé cristã diante dos enfrentamentos sociopolíticos.
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    Ciência e espiritualidade no pensamento de Teilhard de Chardin
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-07-04) LUCARELLI, Vera Lúcia Moreira Alves; WIRTH, Lauri Emilio
    Marie-Joseph Pierre Teilhard de Chardin nasceu em uma família de tradição católica, de origem nobre e extremamente conservadora. De sua família com quem tinha excelentes relações, Teilhard de Chardin herdou dois sublimes sentimentos que marcaram sua trajetória de vida. De seu pai, Alexandre Vítor, ele herdou o amor pela terra e o sentido da observação científica. De sua mãe, Berthe-Adèle, ele herdou o aprendizado de amar a Deus. Tais sentimentos causaram consideráveis problemas tanto para ele como para seus superiores religiosos, pois a ciência e a fé marcaram de forma explícita a dualidade de seus mais íntimos pensamentos. Para esse filho da Terra, Cristo, a Divindade, era sua única e verdadeira paixão, apesar de ele possuir ao mesmo tempo a tendência à pesquisa científica e a busca a Deus, motivado por um forte desejo pelo Absoluto. Isso lhe despertou o desejo de tornar-se religioso quando estava com 17 anos, pois, segundo ele, seu desejo pelo mais perfeito, determinou sua vocação aos Jesuítas e também o conduziu à Geologia. Para Teilhard de Chardin, a ideia de uma super evolução da humanidade tornou-se mais e mais sua perspectiva científica, apesar de perceber-se que ele jamais separaria o intelectual do espiritual. Para esse ser possuidor de grande senso de humor e de uma inteligência criativa que ascendeu sobre os dogmas da Igreja Católica, apesar de professar sua lealdade tanto à Igreja quanto à Companhia de Jesus, o segredo do mundo está em toda parte onde consigamos ver o universo transparente. O objetivo principal deste trabalho é apresentar os cenários que levaram Teilhard de Chardin a tentar unir ciência e fé, mesmo diante de seus embates com a Igreja Católica em um período em que sua hegemonia encontrava-se abalada pela modernidade que assolou o mundo desvendando mistérios do universo, os quais se confrontavam com os seus preceitos. Metodologicamente optou-se pela leitura e análise de suas obras, bem como leituras de muitos outros autores que contribuíram com informações valiosas sobre sua busca pelo mais perfeito que ele atribuía à união entre ciência e espiritualidade, o que o consagra perante seus escritos. E, finalmente, demonstra-se nesta proposta o resultado obtido através de todas essas leituras, sua sensibilidade espiritual em relação à evolução da Criação.
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    “Vai tu e faze o mesmo”: a superação dos conflitos entre judeus e gentios nos escritos lucanos por meio da visão do estrangeiro como modelo de fé: um olhar a partir de Lucas 10.25-37
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-14) MOREIRA, Thiago Souza; GARCIA, Paulo Roberto
    O estrangeiro é uma figura que recebe atenção especial em todo o escrito bíblico. O Antigo Testamento contém diversos trechos nos quais a preocupação com o estrangeiro é revelada, principalmente pelo fato do próprio povo de Israel ter sido estrangeiro no Egito (Êxodo 22.21; 23.9; Deuteronômio 10.19). O Novo Testamento também apresenta trechos que defendem o cuidado com os estrangeiros e o valor destes. Assim, esta pesquisa tem como objeto a figura do estrangeiro nos escritos lucanos, partindo do texto de Lucas 10.25-37, a conhecida parábola do bom samaritano. Entretanto, mesmo diante dos textos acima citados, a literatura bíblica também demonstra os conflitos que existiam entre os judeus e os estrangeiros e a dificuldade de aceitação destes estrangeiros como membros de iguais direitos no cristianismo primitivo. Por essa razão, o objetivo desta pesquisa é analisar como a comunidade lucana foi desafiada a superar o problema da aceitação do estrangeiro. Essa análise considerará a influência dos estrangeiros na formação do cristianismo primitivo, verificará as tensões existentes quanto à aceitação destes estrangeiros e demonstrará como a questão da aceitação do estrangeiro é crucial no entendimento da parábola do bom samaritano e dos escritos lucanos como um todo. Portanto, esta pesquisa tem o intuito de demonstrar que a comunidade lucana apresentava dificuldades na aceitação do estrangeiro e que, por essa razão, o evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos apresentam, por diversas vezes, uma defesa desses estrangeiros ao propor que seguir a Cristo implica em amar e acolher o estrangeiro.
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    Hábitos, virtudes e justiça: religião em São Tomás de Aquino
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-05-22) FERREIRA FILHO, Moacir; SOUZA, Vitor Chaves de
    O presente estudo pretende fazer uma abordagem do conceito de religião enquanto virtude no século XIII a partir de São Tomás de Aquino e seu possível diálogo com as ciências da religião no século XXI. A construção desta pesquisa é feita se utilizando do mesmo percurso epistemológico que o Doutor Angélico: procura-se entender, primeiramente, o que são hábitos e após esses atos que pertencem aos indivíduos por repetição, distinguir uma virtude (bom hábito) de um vício (mau hábito). Com foco nas virtudes e não nos vícios, entre elas será destacado a virtude moral (umas das quatro virtudes cardeais) chamada de justiça, pois todo bom hábito que se refere a outrem está relacionado à justiça. Consequentemente, como através dos atos religiosos busca-se dar a Deus o que lhe convém, São Tomás se utiliza do conceito de religião como sendo uma parte potencial (virtude anexa) da justiça. Verifica-se que o medieval não trata de religião do ponto de vista nem institucional, nem sentimental, mas atrela esse termo às virtudes. Pretende-se também demonstrar, brevemente, como o termo religião foi constatado nos primórdios, e como é usado no século XXI. A partir disso estabelecer diálogos e comparações com o que fora postulado pelo Doutor Angélico também a partir da ética que emana do conceito de religião. Espera-se que esse estudo leve a ampliação da visão acerca dos estudos medievais e sirva de apoio para futuros estudos em São Tomás de Aquino.
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    Símbolo do reino de Deus na teologia da libertação pela leitura da teologia sistemática de Paul Tillich
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-06) SILVA, Daniel Vieira da; SOUZA, Vitor Chaves de; RIBEIRO, Claúdio de Oliveira
    A presente dissertação se propõe a investigar as implicações do símbolo reino de Deus na Teologia Sistemática de Paul Tillich para a reflexão latino-ameri- cano. Busca-se compreender este reino em meio a tensão da expectativa e reali- zação, também, como uma possibilidade de esperança àqueles que anseiam por justiça e libertação nesse mundo. Faz parte desse processo identificar elementos que se reconheçam nesse reino, cuja característica principal é a relação com os aspectos da vida humana. São expressões que nascem de uma relação do divino com o humano e se culminam em respostas para fragilidades da vida, além de atuar na maneira como experienciamos a religião. Se trata da valorização do que é central na mensagem cristã, sem perder de vista questões que são fundamentais na história e no cotidiano humano. Uma maior compreensão da realidade histó- rica, por um lado, e também, da própria existência, por outro. No primeiro mo- mento o objetivo é tentar compreender o que é o reino na teologia de Tillich. Depois, trabalhar com o símbolo e o reino como objetos da reflexão. Por fim, a observação do reino de Deus sob a compreensão de um símbolo político será feita em diálogo com a Teologia da Libertação, acompanhando os riscos de uma interpretação que se distância da sua dimensão simbólica.
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    Memórias e tradições originárias do antigo Israel: um estudo de Juízes 5
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-09) SANTOS, Leide Jane Soares dos; KAEFER, José Ademar
    O foco desta pesquisa concentra-se nas memórias originárias do povo no antigo Israel contidas em Jz 5. Foram abordados os temas mais relevantes da perícope, partindo da ideia que este é um texto proveniente de Israel Norte, e pertence a uma coleção de “Salvadores e Libertadores” (Jz 3,7-12,15) do povo de Israel, que tardiamente foi reeditado pelo autor deuteronomista. As tradições e memórias originárias do povo destacadas pela exegese mostram a pessoa de Débora como representação do culto a divindades femininas. Elencamos também uma possível origem do culto ao Javé das “tempestades” e “tremores de terra”, vinda do sul de Canaã. Outro aspecto relevante está na lista original das tribos, pois sua menção no texto pode indicar topônimos. A memória do clímax do poema está em (Jz 5,19-22), onde percebemos um conflito no Vale de Jezrael causado pela destruição de Cidades-Estado e a queda do Egito, império que até então dominava a região. As memórias orais, consideradas originárias do Antigo Israel, estão localizadas no séc. 10 a.C., período anterior ao desenvolvimento da língua hebraica.
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    A favela como espaço da relação entre religião e violência: uma análise da função da Teologia da Satisfação Penal do universo batista e as ambíguas frestas discursivas que operam para a não-violência
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-14) SILVA, Priscila Alves Gonçalves da; Jung Mo Sung
    O propósito deste trabalho é investigar a relação entre Religião e Violência a partir da favela Coronel Leôncio, localizada na cidade de Niterói – RJ. No primeiro momento, abordaremos como o processo de industrialização das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói contribuiu diretamente para a formação das favelas, que surgiram como espaços de aglomeração dos pobres e daqueles que serviram como mão-de-obra no período de avanço econômico no início do século XX. Essas aglomerações surgiram como um efeito da segregação social já existente, sendo agravada pela oferta de emprego nas indústrias. Esta combinação de industrialização-favelização resultou um aumento e agravamento do fenômeno da violência, que pode ser percebido multifacetado e de acordo ao tempo e espaço em que é analisado. No segundo momento, estudaremos como, com o aumento do quadro geral de violência, a religião emerge como um esteio de indivíduos lançados nos espaços marginais, violentos e de infraestrutura precária para a manutenção de uma vida digna. Por fim, analisaremos esta função protetiva da religião a partir do discurso da Igreja Batista situada na favela Coronel Leôncio, considerando o uso de violência implícita presente neste. Tecnicamente chamada de Teologia de Satisfação Penal, essa teologia fundamenta a vida de fiéis da Igreja Batista na favela Coronel Leôncio e acaba reproduzindo implicitamente a violência do cotidiano que pretende superar. Apesar disto, a Igreja Batista mencionada apresenta algumas ambiguidades em seu discurso que podem ser compreendidas como reformulações e revisões teológicas da base discursiva comum da denominação. Essas ambiguidades, ainda que não-intencionais, podem ser consideradas sementes da utopia de perceber a violência não mais como elemento fundamental do discurso religioso, da formação social e das relações humanas.
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    As mulheres na ótica da Igreja Católica sob o pontificado de João Paulo II e seus desdobramentos nos papados subsequentes
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-02-25) DONEDA, Perla Cabral Duarte; SOUZA, Sandra Duarte de
    No presente trabalho analisamos os documentos pontifícios sobre as mulheres, emitidos no pontificado de João Paulo II (1978-2005). O primeiro e mais importante documento pontifício é a Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, datada de 1988, que identifica as mulheres com Maria, exaltando a maternidade, a família e a educação dos filhos e filhas como atributos femininos que constituem sua vocação e dignidade. Esse modelo quer ser, na visão da Igreja Católica, a definição do papel da mulher em sociedade, sugerindo que seu lugar primeiro estabeleça-se no espaço privado. Foram analisados ainda, outros documentos de João Paulo II que faziam referência às mulheres, como sua Carta Às Mulheres (1995); a Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis (1994); a Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a Colaboração do homem e da mulher à Igreja e no Mundo (2004). Já nos pontificados de Bento XVI e de Francisco, que não se debruçaram na produção de documentos específicos sobre as mulheres, fizemos o levantamento de referências a elas em documentos genéricos e pronunciamentos públicos, visando observar as continuidades ou rupturas com as orientações das cartas de João Paulo II. Tal iniciativa apresenta e analisa a compreensão predominante dos Papas católicos acerca das mulheres. O método para tal fim foi o de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental.
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    A aceitação da homoafetividade na igreja como centro dos tensionamentos entre a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-11) NAHAS FILHO, Michel; SOUZA, Sandra Duarte de
    Esta dissertação aborda as condições históricas, culturais, sociológicas, políticas e religiosas que deram ensejo ao rompimento unilateral do acordo de parceria de missão conjunta entre a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil - IPIB e a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos – PC (USA), por parte da Igreja brasileira. Este rompimento se deu por causa da aceitação, por parte da Igreja americana, da integração de indivíduos LGBTs, de maneira integral na vida da Igreja, aceitando tanto acesso ao ministério ordenado quanto à consagração de oficiais LGBTs leigos, como presbíteros e diáconos, de ambos os sexos, bem como a aceitação da celebração de casamentos de pessoas do mesmo sexo; atitude inaceitável na Igreja brasileira. Embora estas duas Igrejas compartilhassem as mesmas origens históricas na reforma protestante, seguindo a mesma tradição calvinista, tendo a mesma forma de governo, compartilhando transformações teológicas com a adoção da neo-ortodoxia de Karl Barth, elas, entretanto, chegaram a posições opostas nas questões ligadas a homoafetividade. Por quê? A verdade é que a história destas duas denominações protestantes históricas não são tão semelhantes assim como se poderia pensar, pois estão inseridas em sociedades muito diferentes, em diferentes estágios civilizatórios, o que provoca respostas e reações diferentes de seus membros a perguntas similares. Esta dinâmica é a que a dissertação se propõe a analisar.
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    Mulheres e CEBs em Montes Claros-MG: descolonialidade e empoderamento
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-05-02) ROCHA, Letícia Aparecida Ferreira Lopes; WIRTH, Lauri Emilio
    Esta proposta de pesquisa à luz dos aportes teóricos descoloniais com foco no feminismo descolonial e da teoria do empoderamento, propõe refletir e problematizar a participação e as transformações ocorridas na trajetória de vida das mulheres inseridas nas Comunidades Eclesiais de Base-CEBs, da Paróquia São Sebastião, na cidade de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. O recorte histórico selecionado compreende as décadas de 1985 a 1995, período considerado de maior efervescência e disseminação de grupos que se utilizavam dessa prática religiosa na cidade. No desenvolvimento desse estudo utilizamos o recurso metodológico da história oral temática. Essa metodologia revelou-se eficaz na medida em que possibilitou o desvelamento do cotidiano das mulheres com suas lutas, conquistas, aprendizados e desafios que supõe o espaço urbano da periferia e ainda o espaço eclesial sertanejo ainda reticente à participação de mulheres. A pergunta norteadora da pesquisa indaga se essa participação abriu fissuras que podem ser consideradas descoloniais e de empoderamento, causando transformações em suas trajetórias de vida. Em termos mais específicos, esse questionamento foca questões como: Houve a manutenção da colonialidade ainda vigente e que impera no interior dessa prática religiosa? Inicialmente partimos do suposto de que as práticas e as ações desenvolvidas no cerne das CEBs, ora pareciam ter contribuído para novos posicionamentos e posturas das participantes, o que denota descolonialidade e empoderamento, ora corroboraram para que se mantivesse a colonialidade já presente em seu interior.
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    Pela liberdade religiosa e contra a perseguição ao cristianismo: contradições e particularidades do advocacy transnacional de defesa da igreja perseguida
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-11-28) OLIOSI, Juliana de Santana; RIVERA, Dario Paulo Barrera
    O propósito deste trabalho é investigar a militância transnacional contra a perseguição ao Cristianismo no período pós-Guerra Fria. Para isso, adotamos uma abordagem interdisciplinar, utilizando teorias do campo das Relações Internacionais para analisar o fenômeno religioso em questão. Dialogamos também com Estudos da Religião e Ciências Sociais. Nos propomos a problematizar como o fenômeno da perseguição religiosa ao Cristianismo é interpretado na contemporaneidade, e como isso estimula o surgimento de movimentos ativistas. Os resultados da pesquisa são apresentados em três capítulos. No primeiro capítulo, desenvolvemos o aparato teórico utilizado na pesquisa, apresentamos a teoria construtivista pós-positivista, discutimos as relações possíveis entre Relações Internacionais e Ciências da Religião, e exploramos o conceito de redes transnacionais de advocacy. No capítulo seguinte, analisamos o desenvolvimento da luta contemporânea pela liberdade religiosa e contra a perseguição através do desenvolvimento de um breve panorama histórico dessa militância. Objetivamos compreender o impacto das transformações após a Guerra Fria na luta pela liberdade religiosa e discutimos sua ressignificação e crescimento na ordem multipolar. Discutimos a hipótese do imaginário do martírio como fio condutor dessa causa, e analisamos a única organização da militância transnacional contra a perseguição ao Cristianismo que atua no Brasil, a Portas Abertas. No último capítulo, analisamos os impactos do discurso dessa militância no século XXI. Apresentamos seus argumentos teológicos, problematizamos a instrumentalização da linguagem da liberdade religiosa e o suposto status do Cristianismo de religião mais perseguida do mundo na atualidade. Finalizamos discutindo as implicações desse ativismo sobre a política e sobre sujeitos – religiosos ou não.
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    Edelarzil Munhoz Cardoso, a “mulher do algodão”: sua performance religiosa, seu universo simbólico subjacente e a religiosidade popular brasileira
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-10) COSTA, Helena Raquel de França; RENDERS, Helmut
    Esta pesquisa tematiza a performance mediúnica, ritual, simbólica e visual de Edelarzil Munhoz Cardoso, mais conhecida como a “Mulher do Algodão” ou “Médium do Algodão”, sobre a qual se alega ter o dom de realizar curas físicas e espirituais de forças negativas mediante a materialização de objetos no algodão. Especificamente nos atemos à sua performance religiosa e universo simbólico. Partimos da teoria da Matriz Cultural Religiosa e apresentamos sua trajetória de vida. Na perspectiva da Cultura Visual e Material, documentamos imagens que puderam nos dar pistas sobre seu universo simbólico e finalmente analisamos seu imaginário, permeado em seu espaço, seu rito e sua performance a fim de compreender seu papel dentro da religiosidade popular brasileira. Utilizamos como referencial teórico-metodológico as reflexões sobre Matriz Cultural Religiosa Brasileira de Mendonça, Bittencourt Filho, Darcy Ribeiro; as teorias de Hoffmann-Horochovski e Quintana sobre as benzedeiras. Panofsky, Renders e Eliade para os estudos acerca da Cultura Material e Visual e dos espaços. Os estudos de Vilhena, Gennep, Turner para analisarmos os ritos Schechner para as reflexões acerca da performance de Edelarzil Munhoz Cardoso. Além da documentação de imagens, também utilizamos da interpretação de performance por meio de arquivos de mídia. Toda nossa pesquisa levou-nos a uma melhor aproximação do imaginário religioso da “Mulher do Algodão” nos mostrando que essa tem muito mais a revelar por meio de pesquisas quanto a sua originalidade e hibridismo religioso dentro da religiosidade brasileira.
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    Heróis e feras na arena: folclore e imaginário animal no Atos Apócrifos de Paulo
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-19) CAVALHERI, Guilherme de Figueiredo; NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza
    A presente dissertação tem como objetivo analisar as narrativas presentes nos Atos Apócrifos de Paulo, texto cristão do século II EC, a partir do prisma do folclore narrativo. A análise repousa na relação estrutural que as narrativas de martírio contidas nos Atos representam formas literárias oriundas da oralidade, a partir de sua estrutura narrativa e funções de personagens. As narrativas em questão, os martírios de Paulo em Éfeso e de Tecla em Icônio, apresenta seus personagens encarnando o arquétipo heroico, superando dificuldades e sendo auxiliados por animais que apresentam características fantásticas. Tais materiais apresentam similaridade com outros materiais da tradição popular do mundo greco-romano, amparando nossa hipótese de que o cristianismo primitivo integra uma rede de tradições orais ligadas aos gêneros do folclore arcaico do mundo mediterrâneo antigo. Nessa análise serão utilizadas, sobretudo, as teorias de Vladímir I. Propp e Eleazar M. Mieletinski como referências para análise da gênese e transmissão do folclore narrativo, bem como dos modos como narrativas diferentes se apresentam como variações de uma mesma cadeia de contos populares, modificados segundo aspirações dos diferentes grupos sociais onde estes circulam. Ao utilizar a memória de figuras de autoridade como Paulo e Tecla, acessamos por meio dessas narrativas um subtexto de conflitos e disputas de autoridade e papeis sociais dentro das comunidades cristãs mediterrâneas. Além disso, essas narrativas são portas de acesso privilegiadas a um efervescente imaginário animal cristão e franco desenvolvimento a partir do século I EC. Este imaginário se relaciona com representações de animais nos espetáculos nas arenas romanas, além de serem respostas à debates sobre a natureza animal em franco desenvolvimento no período. Natureza animal que funciona também como dispositivo de construção de identidade e posicionamento de grupos subalternos diante de relações sociais assimétricas.
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    Biopolíticas do sacrifício: religião e militarização da vida na pacificação das favelas do Rio de Janeiro
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-01) PEREIRA, Fellipe dos Anjos; Jung Mo Sung
    A presente pesquisa pretende (1) investigar a atividade de dispositivos sacrificiais nas políticas de pacificação das favelas do Rio de Janeiro gerenciadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora. Considerando a militarização da vida nas favelas cariocas como uma experiência de instalação do estado de exceção como paradigma de governo neoliberal das populações marginalizadas da cidade, busca-se, enquanto objetivos específicos, analisar as operações dos paradigmas mítico-teológicos que sustentaram, legitimaram e purificaram as violências do poder soberano ao longo destes procedimentos. No percurso teórico-metodológico, parte-se da análise do papel da violência do Estado no interior da governamentalidade neoliberal, passa-se pelos dispositivos do governo das mortes acionados no âmbito da militarização da vida no Rio de Janeiro e chega-se aos paradigmas teológico-políticos da violência transcendental do poder soberano, para se examinar a possibilidade da exceção carioca ter procedido a biopolítica do sacrifício por três linhas de força ou por três modalidades: a) na elaboração de estereótipos/alteridades monstruosas para a invenção de um bode expiatório marcado pelo dispositivo racial; b) na lógica da pacificação como intervenção restauradora da ordem; c) na inversão dos direitos humanos, ou, mais precisamente, na produção de figuras de humanidades que possam ser legitimamente sacrificadas pela violência do Estado/Direito. Este processo de inversão dos direitos humanos e de remodelagem das humanidades dos direitos funcionará como uma das bases para o engendramento dos critérios de matabilidade das populações indesejáveis à governamentalidade neoliberal. Nesse sentido vale destacar a forma como o neoliberalismo sustenta um forte discurso antropológico de redefinição do humano. Essa é uma das tarefas sacrificiais indispensáveis para o futuro do capitalismo como religião: saber inventar uma nova máquina antropológica que sustente uma nova máquina sacrificial daqueles corpos que serão miticamente eliminados pela violência do Estado neoliberal.
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    Cultura visual pentecostal: presença e uso do quadro “O Plano Divino através dos Séculos” numa igreja Assembleia de Deus
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-09) MARTINS, Eric de Oliveira; RENDERS, Helmut
    O presente trabalho explora o surgimento e a importância do chamado “quadro dispensacionalista”, uma representação visual da escatologia assembleiana, originalmente publicada depois de 1940 no livro “O Plano Divino através dos Séculos”, do missionário e pastor americano Nelson Lawrence Olson e, posteriormente, divulgada como cartaz autônomo em forma de litografia colorida. Desde já, foi amplamente usada na formação doutrinária de ingressos e membros da Assembleia de Deus. Sua existência e o seu amplo uso demonstram o papel significativa da cultura visual na catequese dessas comunidades, num item essencial da sua identidade, a sua escatologia. Até então, esse fenômeno não foi investigado por pesquisas específicas. O objetivo da pesquisa explora e afirma a existência de uma cultura visual assembleiana e contribui para o estudo do surgimento de uma cultura visual evangélica brasileira. Em um primeiro momento, analisa-se se na história do cristianismo houve questões similares a do dispensacionalismo; em um segundo momento, analisa-se o imaginário dispensacionalista na Assembleia de Deus e, por fim, uma análise pré-iconográfica, iconográfica e iconologia do quadro “O Plano Divino através dos Séculos”.
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    Nas fronteiras: o hindu-cristianismo de Bede Griffiths
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-21) THOMAZ, Angelica Tostes; SOUZA, Vitor Chaves de; RIBEIRO, Claudio de Oliveira
    Essa pesquisa tem o objetivo de descrever a experiência inter-religiosa do padre inglês Bede Griffiths (1906-1993) e analisar suas obras sobre o diálogo hindu-cristão, produ- zidas a partir desse encontro. Tal experiência será compreendida a partir de apontamen- tos dos estudos culturais pós-coloniais com conceitos de “fronteiras”, “entrelugares”, "margens", propostos por Homi Bhabha. A vida de Griffiths possibilitou novos cami- nhos para o diálogo inter-religioso. Será analisado o diálogo hindu-cristão construído até aqui e buscará os novos horizontes pós-coloniais para tal diálogo. Espera-se, então, demonstrar o quão essa experiência de vida foi significativa para um diálogo inter-reli- gioso hindu-cristão e aspirar outras possibilidades através da vivência de Griffiths. Neste aspecto, a pesquisa procura, sem desmerecer o legado de Griffiths, levantar per- guntas das práticas e conceitos coloniais que giram em torno do diálogo inter-religioso hindu-cristão e pensar em como é possível subverter e transgredir essa maneira, com res-quívios em certo sentido elitistas, de fazer diálogo inter-religioso
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    Paraíso terrestre em um mundo de miseráveis: análise da proposta teológica da Igreja Messiânica Mundial no Brasil na construção de um paraíso terrestre e na erradicação da pobreza, a partir dos escritos de seu líder-fundador Mokiti Okada
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-29) ANTONIO, Anderson dos Santos; Jung Mo Sung
    Mokiti Okada (1882–1955), líder e fundador da Igreja Messiânica Mundial, após receber uma série de revelações escatológicas (1926), assumiu uma missão estritamente radical. Esta missão consistia em difundir ensinamentos que possibilitem transformar o mundo em um paraíso terrestre, que seria conformado pela verdade, o bem e o belo. Desde então, Mokiti Okada assume o compromisso de transfazer não só a natureza, mas também homens e mulheres em seres paradisíacos. A prática desta missão resultou na construção de três solos sagrados no Japão. Cada um destes protótipos assumiu uma peculiaridade no plano de salvação oferecido pela teologia da Igreja Messiânica Mundial, tornando-se modelos para a construção em outros lugares do mundo, como é o caso do Solo Sagrado do Guarapiranga, em São Paulo. Tais protótipos sugerem um mundo de beleza, arte e felicidade, como um ideal de sociedade. A presente pesquisa se propõe analisar a proposta de construção desse mundo paradisíaco presente no escopo teológico da Igreja Messiânica Mundial nos dias hodiernos, uma vez que o mundo, sobretudo os países subdesenvolvidos, está inserido em uma proposital estratificação social. Ou seja, nos propomos identificar os elementos que influenciaram Mokiti Okada a propor a prática do johrei, da agricultura natural e do belo, entendidos como pilares de salvação para teologia da Igreja Messiânica Mundial e, como essas práticas contribuem com a transformação do mundo atual, em um paraíso terrestre e como eles podem contribuir com a extinção das doenças, da pobreza e dos conflitos.
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    A tradição de Jacó na formação de Israel Norte: a partir da análise exegética de Genêsis 32,23-33
    (Universidade Metodista de São Paulo, 2019-03-19) SYUKUR, Agustinus; KAEFER, José Ademar
    Este estudo apresenta a tradição de Jacó na formação de Israel Norte, a partir da análise exegética de Gn 32,23-33. O resgate da história de Israel a partir de Israel Norte obriga-nos, portanto, a um olhar atento à pesquisa literária exegética, mas também a um olhar sobre as pesquisas arqueológicas nos sítios da Jordânia, especificamente, no nosso caso, sobre Penuel. Portanto, olhar Israel a partir de Galaad. Esse olhar se refere tanto às origens culturais de Israel e dos diferentes povos dessa região, quanto da presença de Israel Norte em determinados períodos nesse território. Precisa-se resgatar um Israel com características heterogêneas e multiculturais, com histórias controversas, como a do personagem Jacó. A tradição de Jacó é considerada o “mito fundante” de Israel Norte, consolidada durante o reinado de Jeroboão II (788-747 a. C.). A narrativa de Jacó é provavelmente uma das mais antigas tradições de origem conservadas na Bíblia hebraica. Existiu independentemente sem relação aos Patriarcas do Sul, Abraão e Isaac, e foi, inicialmente, uma história sobre as origens do Bene Ya’aqob, em Galaad da Transjordânia, que só mais tarde foi identificada com Israel. O material mais antigo, nas primeiras fases da Idade do Ferro, tratava principalmente da construção do templo de El em Penuel e da delimitação da fronteira entre israelitas e arameus na Transjordânia. As narrativas sobre Jacó foram trazidas para Judá pelos israelitas depois da queda do Reino do Norte. Mais tarde, foram reelaboradas e redigidas como textos bíblicos dentro da ideologia e narrativas identitárias de Judá. Em suas formas atuais, elas incluem, portanto, várias camadas que representam realidades e preocupações distintas, mas principalmente os da fase de Judá do pós-exílio. A identidade desse “patriarca” foi mudada pelos séculos de interesses dos poderes de turno, mas que ficou registrada nas entrelinhas da literatura bíblica e nas cerâmicas dos sítios arqueológicos, tanto a oeste como a leste do Jordão. A partir da análise exegética de Gn 32,23-33, combinada com a pesquisa arqueológica e a historiografia de Penuel e Galaad, se percebe que a tradição de Jacó confirma a origem local, autóctone, de Israel – em ambos os lados do Jordão – enquanto reconhece a existência de diferenças sociais, culturais e políticas de grupos semelhantes ao seu redor. Em termos políticos, o Israel de Jacó coexiste pacificamente com diferentes etnias e grupos sociais, compartilha e firma pactos com eles. Em termos religiosos, esse Israel de Jacó convive harmoniosamente com outras divindades, interage com elas e aspira por sua bênção. O Israel da tradição de Jacó em Galaad é um Israel que coexiste pacificamente com diferentes etnias e grupos sociais, pluralistas e inclusivistas, um Israel com características heterogêneas e multiculturais, com histórias controversas, como a do personagem Jacó.