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O jogo de areia (Sandplay) no tratamento do trauma em adolescente
(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-01) SERI, Leonardo de Freitas; AVOGLIA, Hilda Rosa Capelão
O crescente número de notificações a respeito de crianças e adolescentes em situação de violência indica a necessidade de se pensar acerca de como é possível acolher e intervir junto a esse público. O presente estudo parte da ideia de trauma para apontar as manifestações psicossomáticas decorrentes da vivência do indivíduo que passou por situação de violência. A revisão da literatura aponta a utilização da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) como a forma com mais evidências científicas para intervir no caso de adolescentes traumatizados, considerando ainda a escassez de pesquisas nessa área com as abordagens psicodinâmicas. Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi investigar a eficácia do Sandplay no tratamento do trauma por abuso sexual em adolescentes. A partir da investigação da eficácia do instrumento, buscou-se discutir as vivencias traumáticas considerando-se os conceitos teóricos e técnicos do Sandplay, assim como, verificar os parâmetros diagnósticos e prognóstico do cenário inicial. Os instrumentos utilizados foram: Instrumento de Rastreio de Sintomas de Estresse Pós-Traumático (IRSEPT) e materiais específicos para realização do Sandplay, duas caixas de areia e um kit com miniaturas que reproduzissem o cotidiano de uma pessoa. Tratou-se de um estudo de caso único realizado em doze sessões, partindo de uma medida pré-experimental para verificar a eficácia do Sandplay, definido como um método expressivo com origem na Psicologia Analítica para tratamento do trauma por abuso sexual em uma adolescente. Os resultados sugeriram diminuição da sintomatologia traumática e, a partir da utilização do método clínico junguiano, ou seja, da amplificação simbólica dos cenários produzidos durante o Sandplay, foi possível verificar a psicodinâmica da adolescente traumatizada, assim como observar a flexibilização das defesas e as elaborações do trauma no decorrer das sessões. Desta maneira, configurou-se a necessidade de aumentar o estudo com um número maior de participantes, ampliar os enquadres para a aplicação do Sandplay com o intuito de redimensionar a técnica considerando sua aplicabilidade em contextos sócio institucionais e públicos.
Trajetórias e memórias de mulheres evangélicas: a legitimação religiosa do abuso sexual em discursos pastorais
(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-26) FREITAS, Janaína Brito de Assis; FRANCO, Clarissa de
A legitimação religiosa do abuso sexual é um fenômeno complexo e de profundas implicações sociológicas, especialmente no contexto das igrejas evangélicas brasileiras. Este estudo investiga como pastores utilizam discursos religiosos para justificar e perpetuar o abuso sexual contra meninas e mulheres, analisando as dinâmicas de poder e os desdobramentos simbólicos dessa prática sobre as que sofreram violências. O argumento central é compreender a relação entre a legitimação religiosa e o abuso sexual, a partir das trajetórias de mulheres evangélicas adultas que foram abusadas sexualmente na infância ou juventude por pastores. Como objetivos específicos, propõe-se a: a) apresentar o percurso teórico e metodológico da pesquisa, delineando a delimitação do tema, a problemática, os objetivos e a justificativa, além de expor as hipóteses e o referencial teórico; b) analisar como a religião tem sido utilizada para autorizar a violência sexual e subsidiar normas de gênero opressoras e um panorama das violências contra as mulheres no Brasil, com ênfase nas interseções entre religião, raça e poder; c) categorizar as interferências do abuso sexual no cenário religioso, identificando suas particularidades e evidenciando a influência do patriarcado; d) descrever as vivências e memórias de mulheres, com foco na instrumentalização da religião para justificar os abusos sofridos. Adotando-se uma abordagem qualitativa, foram utilizados a análise de conteúdo para identificar categorias temáticas e padrões discursivos, e a análise temática para aprofundar a interpretação dos significados e nuances das narrativas. Os dados obtidos fundamentam-se no estudo aprofundado da história de vida de uma mulher evangélica, que aos 14 anos foi abusada sexualmente por um pastor nas dependências da igreja. A dificuldade em encontrar participantes dispostas a compartilhar suas experiências ressalta a influência do silenciamento religioso e a complexidade do fato. Os resultados indicam que discursos religiosos, associados a hierarquias patriarcais, criam condições para a legitimação do abuso sexual e dificultam sua denúncia. Além disso, revelam as repercussões emocionais, espirituais e sociais sobre a que sofreu a violência, bem como as estratégias de resistência e ressignificação da fé adotadas por ela. A pesquisa contribui para o aprofundamento do entendimento sobre as interseções entre religião, patriarcado e abuso sexual, destacando a necessidade de desconstruir práticas e discursos que silenciam essas violências. Conclui-se que a superação do patriarcado religioso e a promoção de uma espiritualidade inclusiva são essenciais para a criação de espaços seguros dentro das comunidades de fé, onde o abuso sexual não encontre validação nem refúgio.

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