Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião por Assunto "Alteridade"
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Item A besta de sete cabeças: monstruosidade e construção de fronteiras da cultura(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-04-01) DORNELES, Vanderlei; GARCIA, Paulo RobertoEsta tese empreende uma análise da metáfora apocalíptica da besta de sete cabeças em sua intertextualidade e em seu sistema semântico em textos da cultura do antigo Mediterrâneo. O estudo parte do Apocalipse de João e dos textos do mundo bíblico e avança para descobrir a rede textual ampla desta metáfora na cultura antiga. A metáfora da besta de sete cabeças é considerada como um texto da cultura e um sistema de representação da alteridade. O estudo se fundamenta nos conceitos de semiosfera, texto da cultura e intertextualidade, conforme entendidos pelos teóricos da chamada Semiótica da Cultura, de origem russa, dentre os quais se destaca Lotman como seu principal articulador. Também se apoia no conceito de metáfora, na linha de Lakoff e Johnson; e na noção do monstruoso como sistema de representação de alteridade grotesca, segundo Kristeva e Cohen, entre outros teóricos da noção do abjeto e monstruoso. Parte da pressuposição de que elementos semióticos e conceituais comuns, ativos na memória e no imaginário das culturas, evidenciam o entrecruzamento dos textos de diferentes épocas e lugares. A metáfora da besta é analisada em suas conexões semióticas com textos antigos nos quais também se verifica a construção de figuras monstruosas de múltiplas cabeças, como na Paleta de Narmer de cerca de 3100 a.C. e no Cilindro de Tell Asmar de 2200 a.C., entre outros. Essas conexões indicam que o texto profético do Apocalipse de João não é dado de forma isolada das linguagens e da cultura de seu tempo. Elas permitem também enxergar as narrativas proféticas do Apocalipse como um texto da cultura, capaz de diálogo e produção de sentidos com uma rede de outras narrativas e tradições. À luz da Semiótica da Cultura, a metáfora da besta é analisada como um sistema de representação da alteridade opositora, a partir de elementos monstruosos e abjetos. Nessa linha, a metáfora se apresenta como uma ferramenta capaz de construir fronteiras definidoras do próprio e do alheio, caracterizando o cristianismo primitivo como uma cultura emergente distinta das demais à sua volta, embora em constante diálogo e entrecruzamento com as mesmas.