Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião por Autor "FREDERICO, Danielle Lucy Bósio"
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Item A refeição eucarística como marca identitária e pertença religiosa na comunidade cristã de Corinto(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-10-16) FREDERICO, Danielle Lucy Bósio; NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza“Comida é boa para se pensar”, assim afirma Claude Lévi-Strauss que, por meio da comida, procura discernir as sociedades e grupos ao redor do prato. As variações desse tema podem indicar desde hierarquias sociais, acesso ao alimento até aquilo que se encontra além. Tendo como instrumento a antropologia da comida e a “hermenêutica dos espaços”, buscamos uma melhor compreensão do bloco presente em 1Coríntios 8 a 11, o qual tem como tema central alguns tipos de refeição que se faziam presentes nas mesas greco-romanas e também na comu-nidade cristã em formação na cidade de Corinto. Essa comunidade do primeiro século, majori-tariamente constituída por pessoas do baixo estrato, busca, no ato de comer juntos, estabelecer proximidade, coesão e a criação de uma identidade própria frente aos inúmeros grupos religio-sos existentes no período. Para tanto, a refeição comunitária e o ritual eucarístico, estruturado como uma refeição funerária, buscam, dentre outras coisas, a preservação da memória e a par-ticipação do Cristo ressurreto, nova divindade estabelecida e celebrada pelos integrantes dessa comunidade de fé liderada pelo apóstolo Paulo. Como comida ritual, a sua performance preci-sa ocorrer de forma precisa, a fim de que alcance o objetivo esperado. Essa questão não estava sendo observada pelos integrantes desse grupo cristão, fazendo com que o apóstolo trouxesse a memória as tradições bem como a instituição do ritual eucarístico, a fim de, o mesmo fosse realizado apropriadamente. Essas reuniões, de caráter comunitário, poderiam acontecer em vários espaços, tais como lojas, domus e insulae, não havendo necessariamente um local fixo pré-estabelecido para elas. Entendemos que essas reuniões majoritariamente aconteciam nas insulae, dada a característica popular da comunidade cristã, e que essas reuniões deveriam ser itinerantes. Nelas a frugalidade alimentar era evidente e o ritual, estabelecido com os elemen-tos de pão e vinho, se fazia presente e possível. A presença viva da nova divindade, partici-pante de honra da refeição, teria sua vida e ensinamentos partilhados à mesa, a fim de que novas pessoas tivessem acesso a essa nova religião em formação. Comida, portanto, é boa para se pensar e também para se criar identidade, pois era reconhecida como elemento estruturante no mundo mediterrâneo tanto para vivos como para mortos.