Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
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Navegando Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social por Autor "ESCUDERO, Camila"
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Item Funk resistência na construção de identidades contra-hegemônicas : novas formas de representação da mulher negra a partir do discurso de MC Tha(Universidade Metodista de São Paulo, 2025-02-13) DONATO, Rita; ESCUDERO, CamilaA presença da mulher negra na cena musical colocou em pauta questões relacionadas ao racismo, à violência de gênero e à representação estereotipada dessas personagens que, minimizadas historicamente, passaram a apostar na música popular brasileira – desde a década 1920 – como instrumento para romper estruturas clássicas de poder, lutar por reconhecimento e propor narrativas de emancipação. Para ilustrar esse movimento em um contexto mais recente, este estudo analisa a obra de Thais Dayane da Silva, a MC Tha, mulher negra, da periferia de São Paulo, que inova ao aproximar o funk das batidas de tambores da umbanda e criar textos com fortes referências ancestrais. O debate é guiado pelos Estudos Culturais e pelo pensamento feminista negro, que revelam os significados culturais, os conflitos e as negociações na construção de identidades de feministas negras na última década. Reforça-se, ainda, a perspectiva da memória como base para novos enquadramentos e leituras sob a ótica de uma cultura marginalizada. A partir da Análise do Discurso (AD) de filiação francesa, a crítica proposta nesta tese reforça a relação entre lingua gem, poder e ideologia nos contextos sociais onde MC Tha está inserida e prevê um estudo de abordagem qualitativa e exploratória do trabalho da cantora na sua primeira década de atuação, entre 2014 e 2024. O corpus é composto pelas letras das músicas criadas por ela, os elementos musicais que se relacionam com as canções (canto, instrumentação, ritmo etc.), as imagens de capas de singles, álbum e EP, além da performance da artista nos vídeos de divulgação e videoclipes oficias. Os dados foram coletados no Spotify, no canal do Youtube da cantora e na plataforma colaborativa Letras.com. Embasada em oito temas que partem das provocações do referencial teórico e da própria obra artística observada neste diálogo, esta tese sugere seis formações discursivas: (1) Refutar as imagens de controle, (2) Libertar a mulher negra, (3) Desmistificar a democracia racial, (4) Respeitar a ancestralidade, (5) Respeitar a espiritualidade, (6) Exercer o empoderamento. A análise temática, portanto, responde os possíveis significados culturais no trabalho da cantora e como ela rompe as imagens de controle sobre corpos e comportamentos da mulher negra, representada na perspectiva de um novo enquadramento: de pessoa livre, emancipada, não mais submissa, oprimida e/ou objetificada como nos discursos hegemônicos. Além de traduzir aproximações entre ativismo, memória e empoderamento da mulher negra por meio da música, o objeto deste estudo dialoga, recria representações e permite a produção de novos textos e sentidos respaldados em uma linguagem popular.Item Nossa Senhora Integradora dos Mundos: o mito mariano e a potência imagético-comunicativa do arquétipo do Grande Feminino(Universidade Metodista de São Paulo, 2021-10-04) MACHADO, Patricia Santos; ESCUDERO, CamilaA proposta que permeia esta tese é a de adentrar no mundo da devoção popular em torno da imagem de Nossa Senhora, visando à compreensão dos processos comunicacionais nas produções audiovisuais e as influências das construções simbólico-imaginárias na cultura e nas identidades coletivas. Esta pesquisa tem como parte do corpus a narrativa do documentário fílmico Marias: a fé no feminino (Brasil, 2016), no qual são retratadas as nuances híbridas da fé mariana em cinco países ibero-americanos. O objetivo é investigar a complexidade comunicativa das narrativas da Nossa Senhora presentes nas manifestações da religiosidade popular. Tal religiosidade, caracterizada pelo influxo do catolicismo ibérico e embrenhada de conteúdos de tradições ancestrais europeus, ameríndios e africanos, revela-se relacionada aos processos de superação das dicotomias e das fronteiras entre as culturas e as identidades coletivas. A pesquisa tem como hipótese que os processos comunicacionais que envolvem a imagem de Nossa Senhora manifestam o potencial mediador e agregador do Grande Feminino e que tal potência imagético-comunicativa do arquétipo é capaz de unir os mundos separados pela lógica dualista, por ideologias fragmentadoras e por dogmas religiosos. Tais mundos – ou dimensões – podem ser exemplificados aqui, tais como: o espiritual e o material; o sagrado e o profano; o feminino e o masculino; vida e morte; corpo e alma e, também, mulheres e homens, pobres e ricos, tradicionalistas e progressistas etc. A pesquisa tem como base interdisciplinar teórica os estudos do imaginário social e da mitologia comparada; os estudos junguianos; a cultura visual; os estudos culturais; e, também, as pesquisas sobre comunicação e religião. O percurso metodológico foi desenvolvido a partir de elementos componentes da HP (Hermenêutica de Profundidade), de J.B. Thompson, em conjunção com a base teórico- metodológica estabelecida, em especial, os estudos de Aby Warburg sobre as imagens e a cultura visual. Essa conjunção metodológica atende às nuances complexas do tema aqui estudado. Foi incluída no processo a experimentação metodológica, aqui denominada Atlas imagético-comunicativo. O Atlas é composto pela pesquisa e categorização de produtos culturais e de mídia correlacionados com a figura de Maria; pela elaboração de painéis imagéticos e, nesta fase do método, pela análise descritiva iconográfica dos fenômenos selecionados. Os resultados alcançados neste trabalho mostram que a construção da multifacetada imagem mariana e de suas narrativas mítico-religiosas compreende processos complexos de encontros, diálogos, hibridizações e de fusões simbólicas, religiosas, culturais e identitárias que, por vezes, são conflituosas e contraditórias, mas também se mostram conciliadoras. Observamos, ainda, que a figura de Nossa Senhora transita através da história, das religiosidades e das culturas e está, igualmente, presente nas mais variadas mídias e processos comunicacionais, superando as divisões entre o sagrado e o profano e as demais dicotomias já mencionadas. A partir de uma perspectiva mais profunda e para além das limitações da visão materialista, a conclusão é que os elementos imagéticos e narrativos presentes nos fenômenos que envolvem as faces de Nossa Senhora são, principalmente, provenientes dos conteúdos transpessoais presentes no inconsciente coletivo e no imaginário social. Tais conteúdos são relativos ao que chamamos de potência imagético-comunicativa do arquétipo do Grande Feminino.