A loucura como forma-de-vida: ressonâncias profanas em Giorgio Agamben e Gilles Deleuze

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2020-03-27

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Metodista de São Paulo

Resumo

Este texto visa apresentar a plausibilidade da seguinte tese: É possível concebermos a esquizofrenia, tal como a definiu Gilles Deleuze, em ressonância com a ideia de forma-de- vida postulada por Giorgio Agamben. Conceitualmente, tais afirmações remontam ao fato da secularização inserir no mundo insuspeitos ares de sacralidade e violência, o que a nosso ver torna pertinente o esforço aproximativo das teses destes dois autores; que apesar de suas divergências teóricas, parecem dialogar como veremos, em relação aos diagnósticos e, saídas para os problemas do contemporâneo. Nossa hipótese pode ser traduzida como uma tentativa de pensar o “que vem” messiânico de Agamben, em ressonância com a obra filosófica deleuzeana. Metodologicamente, partimos do texto A imanência absoluta, no qual Agamben faz um comentário à Imanência: uma vida... que por sinal, é o último texto escrito por Deleuze, mas em sintonia com os volumes de Homo Sacer e outros escritos de Agamben, para traçar uma zona de vizinhança entre os dois autores, por intermédio da qual daremos seguimento a nossa análise. Temos por objetivo demonstrar que a loucura em Deleuze, pode ser lida pela perspectiva de Agamben, como forma-de-vida, e não como doença, mas como resistência criativa e produtiva capaz por sua vez de curto-circuitar os dispositivos de governo e axiomatização, em voga nas sociedades de controle hodiernas. É a vida que se encontra como critério último em ambos os pensamentos; liberá-la é o que lhes importa. Não a vida como inclinação natural para verdade, tampouco como projeção consciencial, tal como poderíamos pensar fenomenologicamente, mas, como processo produtivo de singularização, como movimento da própria potência imanente ao vivente, como forma-de-vida. A loucura pode ser vista como uma vida que na medida em que é vivida na imanência de sua forma é capaz de profanar, ou seja, tornar inoperosos os dispositivos religiosos da sociedade de controle, liberando com isso, a potência vital que se encontra aprisionada biopoliticamente pelo Estado de Exceção permanente em que vivemos.
This text aims to present the plausibility of the following thesis: It is possible to conceive schizophrenia, as defined by Gilles Deleuze, in resonance with the idea of life form postulated by Giorgio Agamben. Conceptually, such statements go back to the fact of secularization, inserting into the world unsuspected airs of sacredness and violence, which in our view makes pertinent the approximate effort of the theses of these two authors; that despite their theoretical divergences, seem to dialogue as we will see, in relation to the diagnoses and exits to the problems of the contemporary. From the text Absolute Immanence, in which Agamben makes a comment to Immanence: a life... which, by the way, is the last text written by Deleuze, we will seek to draw a neighborhood zone between them, through which we will continue our analysis. Finally, we aim to demonstrate that the madness in Deleuze can be read from Agamben's perspective as a life-form, that is, as a life which, as it is lived in the immanence of its form, is capable of profaning, that is, render the religious devices of the control society inoperable, thereby liberating the vital power that is biopolitically imprisoned by the permanent State of Exception in which we live.

Descrição

Palavras-chave

Esquizofrenia, Profanação, Imanência, Forma-de-vida, Potência, Estado de exceção, Schizophrenia, Desecration, Immanence, Life form, Potency, State of exception

Citação

CATENACI, Giovanni Felipe. A loucura como forma-de-vida: ressonâncias profanas em Giorgio Agamben e Gilles Deleuze. 2020. 250 folhas. Tese (Ciências da Religião) - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.