Influência da ansiedade, depressão, neuroticismo e estratégias de enfrentamento na evolução clínica de pacientes cirúrgicos

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Data

2011-08-03

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Universidade Metodista de São Paulo

Resumo

Fatores emocionais são cada vez mais estudados como determinantes da evolução clínica de pacientes cirúrgicos. O estado emocional do paciente, no período pré e pós-operatório está associado às alterações físicas e emocionais que facilitam a ocorrência de sintomas afetivos, tais como: ansiedade e sintomas depressivos, além das outras características psicodinâmicas que influenciam na recuperação do paciente cirúrgico. O indivíduo, frente a uma situação diferenciada e estressante, procura utilizar estratégias de enfrentamento que possam controlar as demandas internas e externas e atingir o melhor resultado no manejo da situação. Este estudo levantou a hipótese de que a presença de sintomas depressivos e ansiosos e a adoção de estratégias inadequadas para lidar com a situação do processo cirúrgico-hospitalar poderiam aumentar o tempo de recuperação no período pós-operatório imediato, favorecendo uma maior ocorrência de complicações e maior sofrimento do paciente e da família, bem como aumento das despesas hospitalares. Cogitou-se a possibilidade de o neuroticismo influenciar nas escolhas das estratégias de enfrentamento. Objetivo: avaliar a influência destas escolhas no período agudo de internação para um tratamento cirúrgico e no período pós-operatório imediato, e correlacionar os resultados das medidas objetivas entre si e com a evolução do quadro cirúrgico. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 31 pacientes do Centro de Cirurgia Geral do Conjunto Hospitalar do Mandaqui na cidade de São Paulo. A avaliação das variáveis foi executada através dos seguintes instrumentos: Inventário Traço- Estado de ansiedade (IDATE I-II de Spielberger et al.); Inventário de Depressão de Beck e Steer; Subescalas N1 e N2 de Neuroticismo de Hutz e Nunes e o Inventário de Enfrentamento de Folkman e Lazarus. A intensidade de dor foi avaliada pela escala visual analógica (VAS) descrita por Downie, et al. Resultados: Os sintomas depressivos se mantiveram inalterados na maioria da amostra, não sugerindo influência na fase trans-cirúrgica. Quanto à vulnerabilidade, os resultados se mantiveram em nível médio, sugerindo uma influência equivalente do mesmo nível de ansiedade para escolha da estratégia de enfrentamento. As estratégias predominantes foram: reavaliação positiva e suporte social, as quais poderiam influenciar positivamente ou não os sintomas pós-cirúrgicos e o menor tempo de internação. Quanto ao desajustamento psicossocial, a grande maioria apresentou índices muito baixos, o que poderia ter influenciado na escolha das estratégias e para os quais não há análise específica na literatura. Conclusão: concluiu-se que há uma influência positiva entre a escolha da estratégia de enfrentamento e menores reações sintomáticas pós-cirúrgica, o rebaixamento do estado de ansiedade e o não aumento dos sintomas depressivos. Neste estudo, apesar do nível de dor manter-se num patamar equivalente de nível médio para toda amostra, os homens apresentaram níveis mais altos de dor do que as mulheres. Observou- se, também, que a vulnerabilidade e o desajustamento psicossocial tiveram uma pequena influência sobre a maioria da amostra e mantiveram-se os índices até o momento de alta.
Emotional factors are being increasingly studied as determinants in clinical outcomes of surgical patients. The patient's emotional state in pre- and postoperative period is determined by expectations and general tendencies to anxiety and depression. The coping strategies during hospital stay are closely associated to these emotional states in determining the clinical outcomes in different surgical pathologies. The understanding how anxiety, depression, and other psychodynamic characteristics influence the recovery of surgical patients, can contribute to the improvement of the treatment, and the long-term prognosis. This study hypothesized that the presence of depressive and anxiety symptoms, and the adoption of inappropriate coping strategies facing surgical procedures determine the recovery time of the immediate postoperative period. Objectives: this study evaluates the influence of anxiety, depression, psychosocial disturbance, and coping strategies in determining hospitalization duration of surgical and postoperative period. Methods: 31 patients of the Clinical Unit of the General Surgery Center of the Conjunto Hospitalar do Mandaqui in São Paulo were studied. The assessment of variables was performed through the following instruments: State-Trait Anxiety Inventory (STAI I-II, Spielberger, et al. 1979); Beck Depression Inventory (BDI-II, Beck and Steer, 1993); Subscales N1 and N2 of Neuroticism (Hutz and Nunes, 2001); and Coping Strategies Inventory (Folkman and Lazarus, 1980). For evaluating pain intensity we used the Visual Analogue Scale (VAS) as described by Downie, et al., 1986. Results: Depressive symptoms were unchanged in most of the sample, suggesting no influence on the trans- operative phase. The vulnerability results remained at a medium level throughout the hospitalization period, suggesting an influence of the same level of anxiety for the coping strategy choice. The predominant strategies were: positive reappraisal and social support, which positively influenced the postoperative symptoms and a shorter hospital stay. The majority of patients had low rates for psychosocial disturbance, which may have influenced the choice of strategies, and for which there is no specific analysis in the methodology. Conclusion: There was a positive influence between the choice of a coping strategy and the absence of symptomatology after surgery, the lowering of the anxiety state, and no increase of depressive symptoms. We also noted that state and trait anxiety had a small influence on the majority of the sample and the rates remained high until discharge.

Descrição

Palavras-chave

Ansiedade, Depressão, Enfrentamento, Neuroticismo, Paciente cirúrgico, Coping, Anxiety, Depression, Neuroticism, Surgical patients

Citação

ANDRIOLO, Neusa Ribeiro. Influência da Ansiedade, Depressão, Neuroticismo e Estratégias de Enfrentamento na Evolução Clínica de Pacientes Cirúrgicos. 2011. 77 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2011.