A inversão da justiça social no pensamento neoliberal de Hayek: uma crítica de teólogos da libertação

Abstract

A partir da teoria de Friedrich Hayek, dispomo-nos a demonstrar onde a noção de justiça social cunhada na sociedade humanista perdeu-se até chegarmos à sociedade de ordem de mercado. No capítulo I procuramos apresentar muito sinteticamente a formação pessoal e a ascensão profissional de Hayek, bem como expor de forma linear sua sistematização filosófica de civilização neoliberal. O capítulo II foi dedicado ao aprofundamento da luta contra a justiça social e seus desdobramentos na sua teoria. No capítulo III tentamos demonstrar que, a partir da teoria de Girard, a única forma de contentar a violência na sociedade neoliberal é através do sacrifício de bodes expiatórios. A partir exploração do desejo de consumo, o mecanismo de funcionamento do mercado exclui pessoas que não tenham condições de participar do jogo, as quais passam de vítimas a culpadas pela incompetência. O resultado é que sua miséria (e morte) são vistas como sacrifício necessário e justo. Entretanto, a Teologia da Libertação denuncia: não se trata de sacrifício, mas de assassinato! Entendemos que compreender o processo que culmina na perda dessa lógica e, consequentemente, na passividade social diante das mortes, pode ser um passo importante no restabelecimento da comunicação entre os diferentes grupos responsáveis pela elaboração de políticas públicas.

From Friedrich Hayek's theory, we set out to demonstrate where the notion of social justice coined in humanistic society has been lost until we arrive at a society of market order. In Chapter I, we try to present Hayek's personal formation and professional ascension very synthetically, as well as to present in a linear way his philosophical systematization of neoliberal civilization. Chapter II was dedicated to deepening the struggle against social justice and its ramifications in its theory. In Chapter III we try to demonstrate that, based on Girard's theory, the only way to satisfy violence in neoliberal society is through the sacrifice of scapegoats. From exploration of the desire for consumption, the market's operating mechanism excludes people who are unable to participate in the game, who pass from victims to culprits for incompetence. The result is that their misery (and death) is seen as a necessary and just sacrifice. However, Liberation Theology denounces: it is not a question of sacrifice, but of murder! We understand that understanding the process that culminates in the loss of this logic and, consequently, in social passivity in the face of death, can be an important step in the reestablishment of communication between the different groups responsible for the elaboration of public policies.