Percepções de docentes sobre gênero, relações raciais e saúde

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo compreender as percepções de docentes da Educação Infantil sobre gênero, relações raciais e analisar como essas perspectivas se relacionam com a saúde. O estudo justifica-se pela consideração de que a escola é um dos espaços que interferem no complexo processo de construção das identidades e formação dos sujeitos. A pesquisa de delineamento qualitativo foi desenvolvida por meio de questionário sociodemográfico e realização de entrevista semiestruturada com docentes da Educação Infantil do setor público, sendo duas escolas com participação de seis docentes; e do setor privado, também duas escolas com nove professores participando da pesquisa. Os dados foram sistematizados por meio da Análise de Conteúdo de Bardin (2011), abordando as categorias: 1) fazendo gênero; 2) o lugar do corpo; 3) o lócus da mídia e da televisão; 4) religião, Estado e educação infantil; 5) racismo na escola; 6) a invisibilidade da Lei nº10.639/2003; e 7) interseccionalidade entre relações de gênero, relações raciais e saúde, as quais foram relacionadas às bases teóricas utilizadas na estrutura da pesquisa. Os resultados demonstraram que, embora os/as docentes reconheçam as situações de opressão e violência suscitadas no cotidiano escolar, não correlacionam essas perspectivas com uma visão de gênero, na qual os papéis sociais são flexíveis e não naturais. O papel da mídia foi percebido como determinador de gênero e não foi identificada a presença de discurso laico, mas se constatou a presença de referências religiosas como norteadoras do conhecimento formal e de relações interpessoais no âmbito escolar. Os conteúdos de diversidade racial são pontuais e mínimos no processo de aprendizagem, bem como a invisibilidade do racismo no campo dos dispositivos escolares da educação infantil, o que interfere diretamente no processo de produção de subjetividades e da saúde psicológica das crianças.This research aims to understand the perceptions of Early Childhood Education teachers about gender, race relations and to analyze how these perspectives are related to health. The study is justified by the consideration that the school is one of the spaces that interfere in the complex process of construction of the identities and formation of the subjects. The qualitative research was developed through a sociodemographic questionnaire and a semi-structured interview with teachers of early childhood education in the public sector, with two schools with the participation of six teachers; and the private sector, also two schools with nine teachers participating in the research. Data analysis was performed using Bardin's Content Analysis (2011), addressing the categories: 1) doing gender; 2) the place of the body; 3) the locus of media and television; 4) religion, state and early childhood education; 5) racism at school; 6) the invisibility of Law nº 10.639 / 2003; and 7) intersectionality between gender relations, race relations and health, which were related to the theoretical bases used in the research structure. The analyzes showed that, although the teachers recognize the situations of oppression and violence that arise in the school routine, they do not correlate these perspectives with a gender perspective, in which social roles are flexible and unnatural. The role of the media was perceived as a gender determinant and the presence of secular discourse was not identified, but the presence of religious references was found to guide formal knowledge and interpersonal relationships in the school environment. The contents of racial diversity are punctual and minimal in the learning process, as well as the invisibility of racism in the field of school devices in early childhood education, which directly interferes in the process of producing subjectivities and the psychological health of children.