Uma análise da violência contra as mulheres universitárias na região metropolitana de São Paulo

Abstract

A violência é um assunto amplamente discutido na sociedade, visto que se trata de um fenômeno presente no mundo todo e que traz consequências para todos os envolvidos. Levando em conta especificamente a problemática da violência contra as mulheres enquanto problema de saúde pública, o presente estudo busca conhecer o fenômeno da violência contra mulheres universitárias na região metropolitana de São Paulo, bem como identificar os impactos na saúde decorrentes da situação de violência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho documental, seguindo, mais especificamente, o método da Análise Temática (AT). Para tal, foram utilizadas quatro entrevistas, extraídas do banco de dados do grupo de pesquisa NEPAG-Saúde. Essas consistem em relatos de quatro universitárias que sofreram abusos de seus parceiros. O material foi analisado e dividido, seguindo a AT, em três grupos de significado principais: Violência, Ação e Consequência. A partir dessa análise, as categorias evidenciadas apontaram os seguintes indicativos: as violências experienciadas são de diversas ordens, mediante ações ativas e passivas por parte da vítima, do agressor, dos filhos (quando presentes) e da família de ambas as partes, além de consequências negativas em diversos âmbitos da vida das mulheres vítimas dessa violência, enquanto, para o agressor, estão ausentes. Da correlação entre as categorias de análises e o referencial teórico proposto na investigação, os resultados mostraram que há: I) uma objetificação da mulher, a fim de manter a dinâmica de poder; II) irresponsabilização do agressor e culpabilização da vítima; III) consequências na saúde que não se restringem à mulher, além da necessidade de pensar e repensar as possibilidades de enfrentamento e cuidados diante da situação de violência. Portanto, embora a problemática da violência contra as mulheres tenha ganhado notoriedade nas últimas décadas, ainda é preciso refletir e agir, a fim de garantir direitos básicos, pois, mesmo em se tratando de mulheres universitárias, que têm acesso a informações e críticas sobre relações não satisfatórias em relacionamentos íntimos, também experimentam situações de violência na vida íntima, e isso traz consequências diretas à saúde física e mental.Violence is a widely discussed issue in society as it is a phenomenon present in all societies and has consequences for everyone involved. Taking specific account of the problem of violence against women as a public health issue, this study seeks to understand the phenomenon of violence against university women in the metropolitan region of São Paulo as well as to identify the health impacts resulting from the situation of violence. It is a qualitative research of documentary nature, following specifically the method of Thematic Analysis by Braun and Clarke (2006). For this purpose, four interviews from the NPAG-Saúde research group database were used. These interviews consist in the reports of four female university students who suffered abuses from their male partners. This data was analyzed and distributed following the Thematic Analysis to three big groups of meanings: Violence, Action and Consequence. From this analysis, the categories indicated: the violence experienced is of various orders, while actions taken are active and passive actions by the victim, the aggressor, the children (when present) and the family from both sides, in addition to negative consequences in various areas of the lives of women victims of violence, while they are absent for the aggressor. From the correlation between the categories of analysis and the theoretical framework proposed in the investigation, the results showed that: I) there is an objectification of women in order to maintain a power dynamic; II) irresponsibility of the aggressor and blaming the victim; III) health consequences that are not restricted to women beyond the need to think and rethink the possibilities of facing and caring in the situation of violence. Therefore, although the issue of violence against women has gained notoriety in recent decades, it is still necessary to reflect and act in order to guarantee basic rights, because even in the case of university women, who have access to information and critics about unsatisfactory intimate relationships also experience situations of violence in their intimate life and this has direct consequences on their physical and mental health.