Trajetória de idosos de um centro de convivência durante a pandemia: um estudo exploratório

Abstract

O presente estudo teve como objetivo analisar e descrever aspectos socioemocionais de idosos integrantes de um centro de convivência durante a pandemia de COVID-19. Participaram da pesquisa 43 idosos com idades entre 60 e 82 anos de ambos os sexos. O método utilizado foi do tipo misto e realizado em duas etapas. Na primeira foram aplicados o Questionário Sociodemográfico, o WHOQOL-OLD e o Questionário sobre Experiências Socioemocionais durante a pandemia. Na segunda etapa foram selecionados 6 participantes da amostra convidados para entrevistas, sendo que 3 são os que melhor pontuaram e os outros 3 os que obtiveram pontuações mais baixas, considerando-se os quesitos de qualidade de vida (WHOQOL-OLD) e no enfrentamento socioemocional durante a pandemia (Questionário sobre Experiências Socioemocionais). Os principais resultados obtidos na fase quantitativa dizem respeito aos participantes considerarem sua qualidade de vida durante a pandemia entre boa e regular, relataram alto ou muito alto consumo de notícias a respeito da COVID-19, os índices de ansiedade autorrelatados foram classificados entre médio e alto, e mais da metade dos idosos relatou ter sentido algum nível de solidão. Os resultados para a segunda etapa do estudo revelam que todas as idosas entrevistadas mencionaram suas relações com os filhos durante o período pandêmico, sendo que diferentes foram as maneiras com as quais enfrentaram o isolamento social. De maneira explícita ou tácita, essas mulheres aparentam ter incorporados estereótipos negativos a respeito do envelhecimento, nos quais imperam as ideias de doença, fragilidade e dependência. Com o advento da pandemia de COVID-19, é provável que os estereótipos negativos tenham sido fortalecidos, gerando ainda mais preconceito etário que influencia negativamente o idoso e a sociedade como um todo.

The following study attempted to analyse and describe the socioemotional trajectory of a group of elderly people who frequented a community centre during the COVID-19 pandemic. The study included 43 participants of both sexes aged between 60 and 82 years. The method for this study was mixed. The first phase was composed of a Sociodemographic Questionnaire, WHOQOL-OLD, and a Questionnaire on Socioemotional Experiences during the pandemic. In the second phase, 6 participants were selected and invited for interviews, 3 of whom scored the best and the other 3 scored lowest, considering quality of life (WHOQOL-OLD) and socio-emotional coping during the pandemic (Questionnaire on Socioemotional Experiences). The main results of the quantitative portion of this study were: participants considered their quality of life during the pandemic to have been ‘good’ or ‘regular,’ related having consumed a ’high’ or ‘very high’ volume of COVID-19 related news, self-reported anxiety levels were between ‘medium’ and ‘high,’ and over half the participants claimed to have experienced some level of loneliness. The results of the second phase of the study showed that all the elderly women interviewed mentioned their relationships to their children during the pandemic, and related different ways of dealing with social isolation. Explicitly or implicitly, these women seem to have incorporated negative stereotypes towards ageing, defined by the concepts of illness, fragility, and dependency. It is likely that the COVID-19 pandemic has strengthened such stereotypes, generating further ageist prejudice which will, in turn, negatively affect the elderly, and society as a whole.