Violência psicológica em relacionamentos íntimos: estudo com casais jovens

Abstract

Este estudo objetivou descrever, analisar e investigar as manifestações de violência psicológica entre parceiros íntimos. O assunto é relevante para a ciência porque esse tema ainda é muito recente e pouco explorado no mundo todo, o que se confirma com a localização de apenas 71 artigos, publicados em 34 países, por diferentes áreas, entre os anos de 2005 até 2018. Destaca-se ainda que, desse total, nenhum artigo específico com o descritor “violência psicológica” foi localizado. Todavia, para a realização deste trabalho, optou-se pela realização de uma pesquisa quantitativa, descritiva de corte transversal e por conveniência, com 651 sujeitos, de ambos os sexos, com idade entre 14 a 23 anos, de uma instituição de educação profissional, em oito diferentes cidades, agrupadas em três macrorregiões: Grande São Paulo, Litoral e Interior do Estado de São Paulo, que afirmaram ter algum tipo de relacionamento com parceiro(a) íntimo(a), por meio do Questionário de Maus-tratos Psicológicos (QMP), através de uma escala LikeRt, com cinco pontos, com variação dos critérios: “discordo muito” a “concordo muito”. O QMP é composto de sete fatores (desvalorização, humilhação, indiferença, intimidação, imposição de condutas, culpabilização e bondade aparente) e 23 subfatores. Para cada subfator foram criados quatro itens, totalizando 92, que foram submetidos para a análise de 15 juízes. Desses, 7 responderam e, com 80% de concordância deles, deu-se a origem ao questionário da pesquisa. As hipóteses levantadas foram: se as expressões de violência psicológica classificadas pelo QMP estão presentes desde os primeiros relacionamentos íntimos e se os homens são mais propensos à prática desse tipo de violência do que o público feminino. Como resultados, pode-se destacar que a agressividade é inerente ao ser humano, mas a violência é um comportamento aprendido, que se prolifera no silêncio, é reproduzida entre gerações e atinge todas as camadas sociais, apesar de apresentar maior presença em ambientes hostis, com baixa escolaridade e vulnerabilidade social. Apesar de a revisão bibliográfica localizar trabalhos que evidenciaram a violência psicológica entre parceiros íntimos, entre jovens, idosos, pessoas do mesmo sexo e homens, as mulheres foram as vítimas mais citadas, em especial nos relacionamentos conjugais; no entanto, de acordo com a aplicação do QMP, não houve diferença significativa entre os sexos. A violência psicológica ocorre desde os primeiros relacionamentos e mostrou-se presente em todos os fatores e subfatores do QMP. Suas consequências vão desde insônia, ansiedade, medo, angústia, estresse, depressão, até casos de comportamentos suicidas. A maior preocupação, que é o tema central deste trabalho, concentra-se no relacionamento entre jovens, que geralmente se encontram imaturos, cercados de dúvidas, e em formação da sua identidade e personalidade. Portanto, o assunto deve ser levado ao debate social, tratado no núcleo familiar e em equipes multidisciplinares, além de se alertar para a emergência de novas produções sobre violência psicológica e violência entre parceiros íntimos, em especial, na área da Psicologia.This study aimed to describe, analyze and investigate manifestations of psychological violence between intimate partners. The subject is relevant to science because this topic is still very recent and little explored worldwide, it is confirmed with a location of only 71 articles, published in 34 countries, by different areas, between 2005 and 2018. It is also noteworthy that no specific article with the descriptor “psychological violence” was found. However, to carry out this work, choose to carry out a quantitative, descriptive cross-sectional and convenience survey, with 651 questions, of both genders, aged between 14 and 23 years old, from a professional education institution, in eight different cities, grouped into three macro-regions: Downtown São Paulo, on the Cost and Country side of the State of São Paulo, which report some type of relationship with an intimate partner, through the Psychological Maltreatment Questionnaire (PMQ), through a LikeRt scale, with five points, with variation of the criteria: “strongly disagree” and “strongly agree”. The PMQ is composed of seven factors (devaluation, humiliation, indifference, intimidation, imposition of conduct, blame and apparent connection) and 23 sub-factors. For each sub-factor, four items were created, totaling 92, which were submitted to an analysis of 15 judgments. Of these, 7 responded and, with 80% agreement, which stablished the survey questionnaire. The hypotheses raised were: if the expressions of psychological violence classified by the PMQ are present since the first intimate relationship and if men are more likely to practice this type of violence than the female audience. As a result, it can be highlighted that aggressiveness is inherent to human beings, but violence is a learned behavior, which proliferates in silence, is reproduced between generations and affects all social strata, despite having a greater presence in hostile environments, with low education and social vulnerability. Although the literature review found Works that showed psychological violence among intimate partners, among young people, the elderly, people of the same sex and men, women were the most mentioned victims, especially in marital relationships; however, according to the application of the PMQ, there was no significant difference between genders. Psychological violence occurs since the first relationships and was shown to be present in all factors and subfactors of the PMQ. Its consequences range from insomnia, anxiety, fear, anguish, stress, depression, to cases of suicidal behavior. The main concern, which is the central theme of this work, focuses on the relationship between young people, who are generally immature, surrounded by doubts, and in the formation of their identity and personality. Therefore, the subject must be brought up to the social debate, treated in the family nucleus and in multidisciplinary teams, in addition to alerting to the emergence of new productions on psychological violence and violence between intimate partners, especially in the area of Psychology.