Navegando por Autor "SOUZA, Daniel Santos"
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Item A “revolta da ineficiência”: os acontecimentos de junho de 2013 no Brasil e suas destituições político-teológicas(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-05-21) SOUZA, Daniel Santos; RIBEIRO, Claudio; RENDERS, Helmut; BARSALINI, GlaucoO interesse dessa tese de doutorado é ensaiar uma leitura teológica atravessada e provocada pelas potências destituintes nos acontecimentos de junho de 2013 no Brasil. Nessa perspectiva, “junho” estaria afastado de um “poder constituinte”, na busca de uma nova ordem institucional e novamente enquadrado em um “paradigma securitário” do estado e em suas relações com o capitalismo neoliberal. Desse modo, entendo que aqueles acontecimentos podem ser interpretados para além da pergunta pela consequência político-estratégica e vistos como uma revolta capaz de expor a anarquia e a anomia capturadas nas tecnologias da “máquina governamental”. Como percurso metodológico, interessei-me em “catar” as imagens deixadas para trás nesses acontecimentos. A partir de mensagens levadas às ruas por meio de pichações, faixas, cartazes e bandeiras, desejei encontrar rastros destituintes e ineficientes, em alianças dos corpos que criam novas habitações da cidade. Com esse olhar, assumi “junho” como uma dobradiça político-teológica. De um lado, desvela a assinatura teológica do estado e possui um potencial profanatório e destituinte do fazer-político moderno. Do outro, ao indicar outros modos de viver a política e (re)imaginar o “sagrado” do estado, “dividindo a divisão” entre sagrado e profano, junho favorece os processos de revisão dos projetos de teologias, como a latino-americana da libertação (TdL). Para o exercício de imaginar rastros teológicos em junho de 2013, tomei como referencial teórico o filósofo italiano Giorgio Agamben (1942-), especialmente o seu projeto Homo sacer. Junto a isso, busquei construir tensões criativas entre uma “teologia inoperosa” e o paradigma teológico do êxodo, central nas TdL, focado na identidade (sujeito oprimido), no soberano (Deus libertador), no povo/nação, na posse da terra e na operatividade da luta. A escolha da TdL se deve à vinculação de uma espiritualidade desde e com as lutas populares e pelos seus interesses de se refletir e construir projetos políticos. Essas interações, desde junho, podem abrir possibilidades para novos usos da política e para se “pensar o impensado” como uma teologia ineficiente, orientada, por exemplo, a partir da concepção hebraica do sábado. A leitura ensaiada nessa tese é diagramática e cria algum sentido para expressões teológicas, com ênfase no espirito e no tempo messiânico, na libertação e imanência de deus e na graça de uma “comunidade que vem”. Por fim, em uma dimensão inoperosa da escrita, a tese se encerra com uma intervenção artística nas ruas da cidade de São Paulo, nomeada como: “rastros de deus nos rastros de junho”.