Navegando por Autor "PEREIRA, Fellipe dos Anjos"
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Item Biopolíticas do sacrifício: religião e militarização da vida na pacificação das favelas do Rio de Janeiro(Universidade Metodista de São Paulo, 2019-04-01) PEREIRA, Fellipe dos Anjos; Jung Mo SungA presente pesquisa pretende (1) investigar a atividade de dispositivos sacrificiais nas políticas de pacificação das favelas do Rio de Janeiro gerenciadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora. Considerando a militarização da vida nas favelas cariocas como uma experiência de instalação do estado de exceção como paradigma de governo neoliberal das populações marginalizadas da cidade, busca-se, enquanto objetivos específicos, analisar as operações dos paradigmas mítico-teológicos que sustentaram, legitimaram e purificaram as violências do poder soberano ao longo destes procedimentos. No percurso teórico-metodológico, parte-se da análise do papel da violência do Estado no interior da governamentalidade neoliberal, passa-se pelos dispositivos do governo das mortes acionados no âmbito da militarização da vida no Rio de Janeiro e chega-se aos paradigmas teológico-políticos da violência transcendental do poder soberano, para se examinar a possibilidade da exceção carioca ter procedido a biopolítica do sacrifício por três linhas de força ou por três modalidades: a) na elaboração de estereótipos/alteridades monstruosas para a invenção de um bode expiatório marcado pelo dispositivo racial; b) na lógica da pacificação como intervenção restauradora da ordem; c) na inversão dos direitos humanos, ou, mais precisamente, na produção de figuras de humanidades que possam ser legitimamente sacrificadas pela violência do Estado/Direito. Este processo de inversão dos direitos humanos e de remodelagem das humanidades dos direitos funcionará como uma das bases para o engendramento dos critérios de matabilidade das populações indesejáveis à governamentalidade neoliberal. Nesse sentido vale destacar a forma como o neoliberalismo sustenta um forte discurso antropológico de redefinição do humano. Essa é uma das tarefas sacrificiais indispensáveis para o futuro do capitalismo como religião: saber inventar uma nova máquina antropológica que sustente uma nova máquina sacrificial daqueles corpos que serão miticamente eliminados pela violência do Estado neoliberal.