Navegando por Autor "FIUZA, Daniel Claudino"
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Item Narrativas de violência e exclusão social contra primogênitos: análise de Gn 21.1-21 e seus correlatos Gn 4.1-16 e Gn 27.30-41(Universidade Metodista de São Paulo, 2024-04-02) FIUZA, Daniel Claudino; KAEFER, José Ademar; FIGUEIREDO, William BezerraA narrativa do fratricídio cometido por Caim contra Abel pode se tornar um pressuposto para a análise de algumas violências e exclusões sociais narradas no livro do Gênesis. A desconsideração do fator humano nos âmbitos social, político, cultural, e, muitas vezes, no âmbito religioso, tem sido fortemente discutida na contemporaneidade. Entretanto, a análise das narrativas de violência e exclusão social contra os primogênitos Caim (Gn 4.1-16), Ismael (Gn 21.1-21), e Esaú (Gn 27.30-41), contribui para uma melhor reflexão sobre o tema. Durante a elaboração destas narrativas haveria alguma tradição mais antiga, algo conhecido pelos redatores destes textos, ou ainda alguma corrente traditiva nos contextos religioso, social e político? Haveriam motivos implícitos nestes textos para que os redatores insistissem em retratar as violências e as exclusões sociais ao apresentarem as histórias dos primogênitos Caim, Ismael e Esaú com tanta veemência? Talvez o enfoque estivesse em validar os confrontos e embates com os povos vizinhos de Israel. Portanto, suspeita-se que, por detrás das narrativas de violência nestes três textos, encontra-se a discriminação de grupos étnicos no livro do Gênesis. Em contrapartida, no próprio livro do Gênesis há textos que demonstram que a gruta de Makpela, no campo de Efron, filho de Seor, o heteu, que está defronte de Mamre (Gn 23.9,17,19; 25.9-10; 49.30; 50.13), havia se tornado um local de sepultura e de peregrinação amigavelmente compartilhada entre ismaelitas, edomitas e israelitas. Não obstante, parece que em certo momento a vizinhança limítrofe dos descendentes de Ismael tornou-se inaceitável aos redatores do livro do Gênesis, fazendo com que estes redatores se apressassem a introduzir relatos com decretos e motivações para consolidar as narrativas de violência e exclusão social contra Hagar e Ismael (Gn 16 e Gn 21). É possível constatar também que os redatores de Gn 25.9-10 desconsideraram essa exclusão e apresentaram o sepultamento de Abraão feito pelos seus filhos Isaac, o seu segundogênito, e Ismael, o seu primogênito, numa harmoniosa e pacífica interação entre estes irmãos. Nota-se também que há outros textos no livro do Gênesis que carregam em si o tema da violência e da exclusão social, cujos textos estão sobrepostos nas narrativas dos primogênitos Caim (Gn 4), Ismael (Gn 21) e Esaú (Gn 27), uma vez que estes textos fazem eco em outras narrativas de violência durante todo o percurso do livro do Gênesis.
