Jornalismo humanitário inclusivo: da teoria à prática: estudo sobre a inclusão profissional de jornalistas com paralisia cerebral

Abstract

A presente pesquisa, norteada pelos preceitos e propósitos do jornalismo humanitário inclusivo, tem o objetivo de identificar e investigar os espaços que os jornalistas com paralisia cerebral assumem na profissão e como a prática do jornalismo inclusivo, sob o prisma do jornalismo humanitário e de paz, pode apresentar-se como um dos caminhos possíveis para conferir visibilidade social e promover o debate sobre a temática da inclusão profissional no campo do jornalismo. O referencial teórico é fundamentado nos estudos sobre luta por reconhecimento em Axel Honneth (2013), nas investigações sobre a representação da mídia na perspectiva da teoria da luta por reconhecimento, em Rousiley Maia (2019), representação social, em Serge Moscovici (1978) e Murilo Soares (2007), nos estudos sobre mídia e deficiência por Ellcessor e Kirkpatrick (2017) e Ellis (2016) e no campo do jornalismo, Nelson Traquina (2005), jornalismo de paz, em Johan Galtung (2001) e Dov Shinar (2008), e no jornalismo humanitário em Martin Scott, Mel Bunce e Kate Wright (2019). Para alcançar o objetivo central, foram adotados dois procedimentos metodológicos, a revisão sistemática da literatura em alguns campos centrais, com ênfase nos estudos de jornalismo inclusivo, humanitário e de paz, e a entrevista em profundidade, semiestruturada, com dez pessoas com paralisia cerebral, de ambos os gêneros, formadas em jornalismo, atuando ou não no mercado jornalístico. Confirmou-se que os jornalistas com paralisia cerebral experimentam exclusão e discriminação para atuarem na profissão, principalmente, devido à falta de conhecimento sobre a condição e presunção de incapacidade laboral. Observou-se que por meio da prática do jornalismo inclusivo humanitário é possível naturalizar a prática do reconhecimento, respeito e responsabilidade como pilares da produção comunicacional. Logo, o trabalho explora a ideia de que por meio da inclusão de jornalistas com deficiência nas empresas jornalísticas é possível desenvolver estratégias e teorias que apoiem a compreensão da relação entre deficiência e comunicação, incorporando o conhecimento e experiências reais para analisar os desafios e, assim, criar significados, inclusão e protagonismo sobre a deficiência.vThis research, guided by the precepts and purposes of humanitarian inclusive journalism, aims to identify and investigate the spaces that journalists with cerebral palsy assume in the profession and how the practice of inclusive journalism, under the prism of humanitarian and peace journalism, can present itself as one of the possible ways to confer social visibility and promote debate on the issue of professional inclusion in the field of journalism. The theoretical framework is based on the studies on the struggle for recognition by Axel Honneth (2013), on the investigations on media representation from the perspective of the theory of the struggle for recognition by Rousiley Maia (2019), social representation by Serge Moscovici (1978) and Murilo Soares (2007), in media and disability studies by Ellcessor and Kirkpatrick (2017) and Ellis (2016), and in the field of journalism, Nelson Traquina (2005), peace journalism, in Johan Galtung (2001) and Dov Shinar (2008), and humanitarian journalism in Martin Scott, Mel Bunce, and Kate Wright (2019). To achieve the central objective, two methodological procedures were adopted, the systematic literature review in some core fields, with emphasis on inclusive, humanitarian and peace journalism studies, and the in-depth, semi-structured interview with ten people with cerebral palsy, of both genders, graduated in journalism, working or not in the journalism market. It was confirmed that journalists with cerebral palsy experience exclusion and discrimination to work in the profession, mainly due to the lack of knowledge about the condition and presumption of inability to work. It was observed that through the practice of humanitarian inclusive journalism it is possible to naturalize the practice of recognition, respect and responsibility as pillars of communication production. Therefore, the work explores the idea that through the inclusion of journalists with disabilities in journalistic companies it is possible to develop strategies and theories that support the understanding of the relationship between disability and communication, incorporating knowledge and real experiences to analyze the challenges and thus create meanings, inclusion and protagonism about disability.