Navegando por Autor "LIMA, Marla Fernanda Bastos"
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Item Medicalização da vida: um estudo sobre o contexto escolar(Universidade Metodista de São Paulo, 2020-03-04) LIMA, Marla Fernanda Bastos; HASHIZUME, Cristina MiyukiO contexto educacional tem sido um espaço privilegiado para a disseminação do discurso médico, que se expande por meio de inúmeras classificações de supostos transtornos de aprendizagem, diagnósticos e prescrições de fármacos. A vida escolar de crianças e adolescentes passa a ser marcada pela patologização do não- aprender, que escamoteia as mazelas da escola e do sistema educacional e culpabiliza o aluno, a família ou até mesmo professores. A partir de autoras da Psicologia da Educação e das contribuições de Michel Foucault, buscamos referenciar este estudo, que tem como objetivo a problematização dos desdobramentos da medicalização na vida escolar. Especificamente, objetivamos identificar discursos que circulam no ambiente escolar acerca dos comportamentos e aprendizagem dos alunos; discutir as implicações do saber médico no contexto pedagógico e analisar condições de possibilidades para a produção micropolítica de espaços escolares despatologizados. Com inspiração na pesquisa-intervenção, este estudo se desenvolveu em uma escola de Ensino Fundamental I no município de São Bernardo do Campo. A entrevista semiestruturada e observações assistemáticas com registro em diário de campo foram os instrumentos utilizados. Discutimos que processos de medicalização que se descortinam na escola podem esconder as reais dificuldades das relações de ensino- aprendizagem, deslegitimam o saber pedagógico em detrimento da legitimidade do discurso médico e ofuscam as possibilidades de se pensar os desafios deste território e criar possibilidades, estreitar laços, reconhecer e acolher as diferenças. Foi possível identificar que os discursos dos agentes escolares expressam alguns aspectos medicalizantes, mas também fazem movimentos para compreender os processos de escolarização para além desta perspectiva. Em relação ao uso de medicamentos, as participantes, em alguns momentos, apontam como positivo para a aprendizagem e em outros como produtor de apatia. Os laudos, medicamentos e as prescrições de profissionais da área da saúde não atendem às necessidades das professoras, por fim são sempre elas que precisam encontrar as saídas para os desafios da sala de aula. O trabalho da gestão mostrou-se importante para auxiliar os professores com suas angústias e promover espaços de diálogo. Ações criadas pela escola e o trabalho das professoras evidenciam que a escola, como espaço de micropolítica, pode a partir do seu próprio campo de saber construir os caminhos para um espaço educativo que busca despatologizar a vida e mudar trajetórias escolares.